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Curta da Patagonia critica hiperconsumo e moda descartável
Uma exploração antropológica com um olhar satírico. É desse modo que a Patagonia descreve o curta que lançou nesta segunda-feira, 29. Com 45 minutos de duração, “The Shitthropocene” faz uma crítica “brutalmente honesta” sobre como “tudo está virando uma merda e por que o impulso de comprar mais porcaria pode destruir a todos nós”, afirmou a companhia, em comunicado.
O título faz referência às eras geológicas. Vivemos hoje no antropoceno, época marcada pelo impacto dos humanos sobre a Terra. Mas, na visão da Patagonia, estamos mais para “merdatropoceno”, tradução livre do neologismo (shit + thropocene) proposto pela marca, famosa por seu ativismo em defesa do meio ambiente.
Para quem não lembra, o fundador da companhia, Yvon Chouinard, doou em 2022 a empresa para a proteção ambiental. Ele adotou um modelo de negócios que dedica os lucros para proteger o planeta contra a crise climática. Segundo essa decisão, o único acionista é a Terra.
A marca é famosa também por dizer para o consumidor adquirir apenas o que precisa. Isso desde o princípio, quando os fundadores decidiram investir em produtos de alta qualidade para aumentar a durabilidade de suas roupas. Esse posicionamento se transformou em compromisso da marca, mostrando como uma empresa pode obter lucro enquanto opera de forma responsável.
Em “The Shitthropocene”, produzido pela Patagonia Films e disponível no YouTube, a empresa pede à comunidade que exija da indústria produtos de qualidade - o que funciona como propaganda da marca. A companhia recomenda que as pessoas mantenham as peças de vestuário em condições de uso por mais tempo, ampliando sua vida útil por meio da revenda e da reparação.
O filme aborda, com humor, a evolução humana pela ótica da criação de roupas, que passou de peças mais duráveis para a de produtos descartáveis, feitos com baixo custo, principalmente envolvendo unidades fabris em países em desenvolvimento, com mão de obra barata e em um ambiente em que frequentemente direitos humanos e sociais não são respeitados.
O subtítulo do curta, por sinal, é “Bem-vindo à era da porcaria barata”. É bom salientar que a produção de itens com matéria-prima de qualidade inferior - que rapidamente se deteriora - não é exclusividade da indústria da moda.
Dirigido por David Byars, o curta aponta que, por uma série de razões, “praticamente todo mundo está comprando coisas demais, coisas que somos evolutivamente programados para desejar”. Se antes isso chegou a ser visto como vantagem (mais = melhor), hoje essa postura contribui para a destruição do planeta, defende a marca.
A companhia apresenta o filme como uma jornada desde nossas origens celulares, remetendo à falta de controle que podemos ter sobre nossos impulsos, até formas como nosso sistema nervoso central “foi hackeado em nome do capital”. Mas “The Shitthropocene” procura também discutir como podemos começar a salvar a humanidade a partir de nós mesmos.
Para a Fast Company, o vice-presidente de criação da Patagonia, Alex Weller, contou que a aceleração do conceito de fast fashion foi, em parte, o motivo da empresa criar o curta. Além disso, segundo ele, neste ano, nota-se uma normalização do hiperconsumo nas redes sociais. “Agora existe uma versão turbinada do fast fashion”, disse.