arrow_backVoltar

Festival do Clube 2024

Para tirarmos o máximo da IA, precisaremos de um imaginário evoluído

21.10.24

A IA generativa não é mais hype, no sentido da hipérbole, da coisa disruptiva, da moda, sobre a qual todos falam dramaticamente. A frase do jornalista Luiz Pacete, especializado em marketing e tecnologia, mediador do painel “Qual é a Inteligência Artificial que a gente quer? Que habilidade humana é insubstituível?”, foi a primeira reflexão do debate que aconteceu na 12ª edição do Festival do Clube de Criação, realizado no Memorial da América Latina, em São Paulo.

LinkedIn Top Voice, Pacete afirmou que a IA já está assentada numa sólida posição de coparticipante dos processos criativos. “Na verdade, ela não é nova; o ChatGPT empacota o que até então estava intangível”, avaliou.

Um dos participantes do painel, Yuri Quisbert, data strategist do Instituto Cappra e coordenador do Fórum do Marco Regulatório de Inteligência Artificial, concordou com a análise. Ele destacou que a IA é um termo cunhado na década de 1950, mas o tema somente veio à baila em 2022, justamente em razão da exposição pública do ChatGPT.

Para Quisbert, a IA generativa é muito mais meio do que fim. Como meio, argumentou, serve como ferramenta e eleva poderes e perspectivas humanas. Ele chamou atenção para a chamada barreira de entrada: é muito baixa, em comparação ao que ocorreu com outras tecnologias. Antes, os usuários tinham de saber programação. Hoje, conseguem interagir em três toques, a partir do smartphone.

A barreira hoje é a capacidade de se comunicar bem, pois a IA exige que nos comuniquemos de forma cada vez melhor”, pontuou. Ele também descartou que a tecnologia possa descartar o fator humano no futuro. Quisbert ressaltou que a IA é construída a partir de nossos próprios comportamentos. “Se é estereotipada ou enviesada, a responsabilidade é da base de dados que nós criamos”, afirmou.

Em sua visão, as máquinas vão emular, cada vez mais, as condutas humanas. “Para isso, precisamos ser mais sociais, exercitar mais a empatia e ter menos vieses na interpretação da realidade”, resumiu o coordenador do Fórum do Marco Regulatório de IA, grupo que está discutindo a tecnologia sob variados ângulos em diferentes cidades do Brasil (leia aqui).

A gestora de inovação Giselle Santos, uma das apresentadoras do programa “Assunto na Mesa”, reforçou a tese. Ela pontuou que a IA é feita por pessoas, de modo que não é imparcial. Portanto, seu impacto deriva dessa construção humana. Giselle alertou para uma crise imaginária severa nos tempos atuais, em que “tudo é dado” sem esforço. “Para conseguirmos tirar o máximo da IA generativa multimodal precisaremos ter um imaginário evoluído”, completou.

Como professora, ela sublinhou a importância da educação para guiar o bom uso das máquinas. Ressaltou também as falhas representadas pelas "ausências", o que pode ser reparado a partir do aprimoramento das bases de dados. É o caso das figuras e dos símbolos ligados à diversidade e aos pensamentos ancestrais. Ela recomendou empenho para que a IA não reforce vieses e preconceitos.

Mauro Ramalho, CCO da Publicis, brincou com a ideia de se apresentar como um “mensageiro do Apocalipse”, por anunciar com ênfase os benefícios da Inteligência Artificial. Segundo ele, quem não acompanhar essa tendência irá colocar um freio na carreira. Ramalho vê a IA como um instrumento que gera eficiência e velocidade. “Destrava o bloqueio criativo e aumenta o repertório”, afirmou.

Ele admitiu que a máquina intensifica alguns vieses, pois depende da base de dados hoje acumulada. Em sua opinião, sempre haverá espaço para o trabalho subjetivo dos criativos humanos. “Algumas coisas são nossas, como a intuição criativa e a percepção do belo”, assinalou. Utilizando uma analogia, disse que a IA pode ser comparada a um exoesqueleto, que vai potencializar as capacidades humanas.

Já para Cleber Paradela, vice-presidente de conteúdo e inovação da DM9, o assunto é mais sobre psicologia do que sobre tecnologia. Ele frisou a aversão humana à possibilidade de perda. “Assusta porque a IA começa a ocupar espaços que eram considerados nossos”, avaliou. “Então, entramos na zona de pânico”. Paradela, porém, definiu a IA como um ferramental de grande utilidade. “Juntando nossa capacidade humana com as funcionalidades da máquina, podemos fazer coisas notáveis”, disse.

Em seu entender, a IA facilita a realização de processos rotinizados que dispensam a subjetividade humana. Dessa forma, as pessoas estariam ganhando mais tempo para fazer coisas mais importantes, inclusive no aprimoramento dos produtos e serviços oferecidos pelas agências. Paradela ressaltou que sempre haverá espaço para a singularidade humana. Para ele, a modelagem futura da IA representa uma valiosa oportunidade para as mentes nacionais.O brasileiro é criativo e, hoje, as cartas foram reembaralhadas na mesa”.

Walter Falceta

Este ano, temos os seguintes patrocinadores e apoiadores:

Patrocínio Premium (ordem alfabética): GloboGrupo PapakiRecôncavo Company.

Patrocínio Master: Santeria.

Patrocínio (ordem alfabética): Barry Company, Boiler Filmes, Café Royal, Halley Sound, Heineken, Jamute, Landscape, Lew’Lara\TBWA, Love Pictures Company, Modernista, Mr. Pink Music, MugShot, MyMama Entertainment, Nós – Inteligência e inovação social, O2, Paranoid, Piloto, Purpple, União Brasileira de Compositores, TikTok, Unblock Coffee e We.

Apoio (ordem alfabética): Artmont, Antfood, Audioink, Bici Desagência, Canal markket, Canja Audio Culture, Carbono Sound Lab, Chucky Jason, Ellah Filmes, Estúdio Origem, Fuzzr, Grupo Dale!, Mercuria, Monkey-land, Pachamama, Pródigo Filmes, Punch Audio, Sailor Studio, Soko (Droga5 São Paulo), Sondery, Tribbo, UOL, Vox Haus, Warriors VFX.

Sem estas empresas, NÃO haveria Festival.

Festival do Clube 2024

/