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Festival do Clube 2024

José Padilha, publicidade e impacto social

24.10.24

Impacto social, violência urbana e responsabilidade das marcas foram temas discutidos no painel “Bastidores de um case publicitário premiado e projetos futuros: José Padilha (cineasta / roteirista / produtor – ‘Tropa de Elite’ 1 e 2 / ‘Robocop’ / ‘Rio, Eu te amo’ / ‘Ônibus 174’ / ‘7 dias em Entebbe’)”, no Festival do Clube de Criação 2024. Além da presença do diretor, a mesa contou com Bernardo Romero, maker da Klick Health; Douglas Costa, sócio e produtor executivo da Taking Over; e Natali Nepomuceno, gerente jurídica da Gerando Falcões.

O painel teve início com a exibição de uma versão do curta “American Cancer Story”, feito para a entidade Change The Ref com criação da Klick Health e dirigida por Padilha (veja o vídeo mais abaixo). Lançada em abril, a campanha aborda as principais causas de morte entre crianças nos Estados Unidos: o câncer e a violência armada, que lidera as estatísticas.

O filme mostra a luta de uma menina contra o câncer. Para seguir seu tratamento, ela terá de fazer uma pausa na escola. Mãe e filha seguem juntas, enfrentando os efeitos colaterais, as dores e os sentimentos. Até que as duas recebem uma notícia positiva em relação ao tratamento e a jovem se prepara para retomar as aulas. No dia da sua volta, porém, acontece uma tragédia. A menina é vítima de um ataque com armas de fogo na escola (leia mais sobre a campanha aqui).

O curta, que foi veiculado na TV e no meio digital nos EUA, chamou a atenção por sua abordagem direta e emocionante, tendo sido reconhecido no Cannes Lions (Ouro em Entertainment) e no Clio Health Awards (com 4 Ouros, entre outros prêmios). "Este filme é forte, mas necessário. Precisamos falar sobre essas duas grandes ameaças que afetam nossas crianças", afirmou Romero, líder do projeto na Klick Health.

Padilha trouxe ao debate sua perspectiva sobre as semelhanças e diferenças entre cinema e publicidade. “No cinema, você constrói uma narrativa com cenas, sequências e atos. Mas, no fundo, tudo é contar história, seja em um filme ou em um comercial”, disse. Ele completou com um exemplo: “Pode ser o Messi jogando futebol na praia com uma lata de cerveja. Você pode achar que o personagem principal é o Messi, mas não é. O personagem principal tem de ser a lata de cerveja. O Messi é apenas um coadjuvante bem caro.”

Douglas Costa reforçou o compromisso de sua produtora com projetos de impacto social, destacando o poder de reunir grandes nomes da indústria em campanhas que têm a proposta de gerar mudanças. “Nosso lema é impacto social feito por artistas consagrados. Isso amplia a mensagem e dá mais visibilidade às causas urgentes. Trabalhar com nomes como José Padilha ajuda a atingir um público maior e criar uma conexão mais profunda”, declarou.

Natali trouxe para o debate um importante paralelo entre a realidade dos Estados Unidos e a nossa. “Infelizmente, vemos um cenário semelhante aqui. No Brasil, a violência armada atinge principalmente as periferias, onde as vítimas têm cor e endereço. Mais de 85% dos adolescentes mortos por violência armada são meninos negros”, ressaltou.

Ela destacou o papel essencial das ONGs no apoio às comunidades vulneráveis e ressaltou que, para erradicar a pobreza e a violência, são necessárias ações estruturais contínuas e de longo prazo. “As marcas costumam buscar resultados rápidos, algo que demonstre impacto imediato, mas mudanças sociais profundas não acontecem nesse ritmo. Elas levam tempo, e o investimento precisa ser consistente e duradouro”, salientou.

Com sua experiência em abordar nas telas temas como violência e desigualdade, Padilha demonstrou uma visão crítica sobre a efetividade dessas iniciativas. “O problema da violência no Brasil é estrutural. Não vamos resolvê-la só com campanhas de impacto social ou marketing. A mudança verdadeira passa pela política, pelo voto consciente e por políticas públicas eficazes”.

O cineasta relembrou seu trabalho em “Ônibus 174” e “Tropa de Elite”, enfatizando que o cinema e a publicidade podem ajudar a mitigar problemas, mas a solução precisa de um esforço maior do Estado.

O painel não apenas destacou o valor de campanhas publicitárias de impacto, como também debateu o papel das marcas no cenário atual. Em uma época em que os consumidores estão cada vez mais atentos ao posicionamento das empresas, a responsabilidade social se torna uma necessidade, não um diferencial.

No final, Padilha tratou de um de seus projetos futuros. Ele comentou a parceria que tem com o ator Wagner Moura, que irá participar de um filme baseado no livro “O Homem que amava os cachorros”, do cubano Leonardo Padura. A obra fala de Leon Trótski, que buscou refúgio no México e viveu por um tempo com os pintores Frida Kahlo e Diego Rivera. Trótski, que se tornou amante de Frida, será interpretado por Moura.

Maíra Carvalho

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Apoio (ordem alfabética): Artmont, Antfood, Audioink, Bici Desagência, Canal markket, Canja Audio Culture, Carbono Sound Lab, Chucky Jason, Ellah Filmes, Estúdio Origem, Fuzzr, Grupo Dale!, Mercuria, Monkey-land, Pachamama, Pródigo Filmes, Punch Audio, Sailor Studio, Soko (Droga5 São Paulo), Sondery, Tribbo, UOL, Vox Haus, Warriors VFX.

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