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A direção dos ventos da inovação
A 12ª edição do Festival do Clube de Criação levou para o palco cinco visões sobre o futuro em gestação. O painel “No Brasil, para onde estão girando as hélices da inovação?”, que teve a mediação de Helton Simões Gomes, editor da seção Tilt, do portal UOL, contou com as presenças de Fabio Gandour, especialista em ciências da computação e criador do Laboratório de Pesquisa da IBM Brasil; Laura Kroeff, vice-presidente de estratégia e impacto da Box1824; Marcia Ferrarezi, gerente técnica de pesquisa & desenvolvimento da 3M Brasil; e Paulo Aguiar, creator e cofundador da CR_IA, plataforma de ensino para IA generativa.
O painel começou com uma apresentação de Gandour, que tem formação em medicina, mas que se tornou conhecido na computação. Ele trabalhou 28 anos na IBM e nos últimos anos vem se dedicando a aplicar métodos de inovação científica à resolução de problemas complexos do mundo corporativo.
Em sua breve palestra, Gandour recordou a elaboração do conceito de hélice do DNA, pelo norte-americano James Dewey Watson e pelo britânico Francis Harry Compton Crick. O anúncio ocorreu em 1953, em um artigo de 900 palavras publicado na revista Nature. A ideia de representação duplamente helicoidal formataria a base do pensamento científico no campo da biologia.
Segundo o cientista, outro passo na construção dessa referência foi o trabalho de Ruth Ann Hattori, do Vale do Silício. No início da década de 2000, ela estudou os processos de inovação no âmbito das organizações, criando experiências de aprendizado nesse campo. No ecossistema que produziu, em forma de célula, o núcleo carrega o DNA da inovação. No cerne de sua propositura, destaca-se a importância dos círculos de colaboração e o intercâmbio de conhecimentos.
Anos depois, Henry Etskowitz e Loet Leydesdorff configuraram o padrão da “tripla hélice” no campo da inovação. A base dessa abordagem é a construção de uma cadeia tríplice de relações transformadoras. A universidade é a fonte de conhecimento. O setor privado é a mola propulsora. O governo, por fim, é o catalisador do esforço criativo.
De acordo com Gandour, pela tese dos opostos válidos, somente se inova aquilo que pode ficar velho. Seguindo-se esse raciocínio, a dimensão reversa da inteligência artificial é a “burrice natural”. Entender essas oposições, segundo ele, é fundamental para se obter o movimento desejado das hélices da inovação.
Como ex-chefe de um laboratório de pesquisa, ele ofereceu uma receita com três ingredientes para se fomentar a inovação: foco, disciplina e estímulo. “A liderança mantém o foco, o que era minha missão na IBM”, explicou. “Exigia-se disciplina, mas sem inibir a criatividade”. Por fim, lembrou que o estímulo se dava por meio de compensação financeira. Submetia-se uma patente e, de início, o responsável era premiado com US$ 300.
Ao fim de suas intervenções, Gandour fez um alerta, especialmente aos mais jovens, sugerindo rigor na pesquisa e na aquisição de conhecimentos. “Não acreditem em tudo que está na tela dos computadores”, pontuou. “E também não acreditem em tudo que está escrito em inglês, pois nem tudo é verdade”.
Helton indagou a Paulo Aguiar sobre o papel das novas tecnologias como ferramentas de potencialização do trabalho criativo. De acordo com ele, a Inteligência Artificial está alterando os padrões de produção e desenvolvendo capacidades. “Hoje, uma pessoa pode fazer o que, antes, exigia o esforço de 30 indivíduos”, afirmou. Segundo Paulo, atualmente, uma pessoa sozinha, se investir numa boa ideia, pode desenvolver rapidamente um aplicativo ou produzir um longa-metragem.
O elemento de qualificação da Inteligência Artificial é a composição de seus bancos de dados. Paulo citou a organização de um acervo de pesquisa com 100 cases especiais, que guiaram com sucesso um ciclo de produção. “Treino a IA para um processo que, humanamente, faça mais sentido”, contou.
De acordo com ele, essas novas ferramentas são moldáveis e podem ser aprimoradas pelos usuários, de acordo com suas necessidades. Também destacou a importância da velocidade na produção. “Vencemos uma disputa concorrencial com apenas dois dias de trabalho”, disse. “Precisamos ter humildade, curiosidade e coragem para testar as inovações”, definiu. “É assim que vamos prosperar neste mundo novo”.
Para Laura Kroeff, o processo de criação se dava tradicionalmente a partir de longo estudo sobre um tema, de lançamento e espera por resultados. Segundo ela, isso valia para um produto ou campanha. Hoje, em sua avaliação, as novas tecnologias abreviam essa jornada, permitindo que as ideias sejam rapidamente testadas em microuniversos de consulta. “Aí, podemos potencializar as ideias que já tiverem colhido algum resultado positivo”, declarou. “Para mim, inovação somente é inovação se render resultado”.
Na visão de Laura, as novas tecnologias generativas democratizam a busca por inovação, de modo que cada um possa contribuir no processo. “Vivemos a era de maior poder criativo da história”, disse. No entanto, ela fez o contraponto e admitiu que a IA já está gerando desemprego. Por isso, defendeu o desenvolvimento dessas ações dentro de um projeto amplo de sustentabilidade.
Laura também fez referências às limitações da Inteligência Artificial generativa, capaz de replicar ideias preconceituosas, machistas e LGTBfóbicas, resultado dos vieses presentes nos acervos internos de pesquisa. Para isso, em sua opinião, ainda se faz necessária a curadoria humana e o refinamento dos bancos de dados. Ela salientou a importância do conceito de product equity, adotado por marcas como Uber e Adobe, no qual a jornada corporativa contempla a inclusão, a diversidade e a preocupação com o impacto da inovação nas partes interessadas.
Marcia Ferrarezi disse que nunca se julgou uma pessoa criativa, mas que mudou o conceito sobre suas competências depois que recorreu às novas tecnologias. Segundo ela, os ventos da mudança apontam para o binômio transformação digital e sustentabilidade. Tratando de cultura de inovação, ela destacou o recurso à ciência na busca contínua por eficiência energética, descarbonização e relações contributivas com a sociedade. “É preciso ter um pilar educacional nesse desenvolvimento, pensando-se na economia circular, treinando os indivíduos, os CPFs, para operar na logística reversa”, afirmou.
Para Marcia, as hélices da inovação giram no sentido de criar os chamados green jobs, ou seja, aqueles que colaboram decisivamente para preservar ou recuperar os ambientes e ecossistemas. “É o caso dos cientistas que desenvolvem um meio de capturar CO2 diretamente da atmosfera”, exemplificou. Ela ressaltou a importância do trabalho com as novas gerações, com equipes multifuncionais, marcadas pela diversidade, com diferentes histórias e experiências. “É assim que poderemos redefinir o futuro do mundo”, concluiu.
Walter Falceta
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