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Romeu e Julieta

Bic e VML reescrevem livro de Shakespeare com uma única caneta

30.01.25

Caneta esferográfica mais vendida globalmente, a Bic Cristal fará 75 anos em setembro. E desde já a marca comemora o aniversário. No Brasil, para aproveitar a temporada de volta às aulas, a empresa lançou um projeto, junto com a VML, que celebra a marca, homenageia um dos autores mais famosos do mundo e presta tributo à escrita.

Em uma ação que une tecnologia e trabalho manual, cliente e agência reescreveram a obra “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare, com uma única Bic Cristal – e ainda sobrou tinta ainda, como contou Marcelo Felício, diretor de criação da agência. Mas como esse livro foi escrito com uma caneta?

A ideia de reescrever um livro com uma Bic já existe há algum tempo, mas estava na gaveta porque materializá-la seria algo muito complicado e oneroso. Mas isso antes de a Inteligência Artificial ter invadido o cotidiano das empresas. Com a evolução da tecnologia, o projeto “Uma Bic, um livro, dois clássicos” poderia, enfim, “sair do papel”.

Isso não quer dizer, porém, que não haveria complexidade. Foi preciso ir atrás do único manuscrito que contém a escrita de Shakespeare. A versão digital desse documento foi baixada e, a partir daí, foi usada IA para análise da caligrafia e do estilo de escrever do autor inglês. A VML contou com a parceria da produtora Bolha para desenvolver essa parte.

Reproduzindo a maneira de Shakespeare escrever

A proposta da iniciativa era mostrar como seria “Romeu e Julieta” se a obra tivesse sido escrita à mão por Shakespeare usando uma Bic Cristal. Três modelos de IA foram adotados para captar todas as características possíveis da caligrafia e da maneira como o bardo inglês escrevia: um open source (Stable Diffusion) para “expandir” o manuscrito e capturar as letras; o Illustrator e um software específico para produzir a fonte.

Foram feitas diversas atualizações para se chegar a um “alfabeto” de Shakespeare. Tudo isso para que a escrita fosse a mais orgânica possível. Isso porque, quando escrevemos à mão, não seguimos um estilo padronizado, nem um espaçamento super alinhado. Então, era preciso que as letras não fossem como as de um computador em que foi feito um download de fonte.

Quando se achava que está tudo ok, um perito grafotécnico analisou a escrita resultante e ele pediu ajustes. O “alfabeto” passou por 23 versões. Um dos detalhes que chamou atenção é que a escrita de Shakespeare “puxa” as letras um pouco para cima. O resultado final traz uma caligrafia mais “floreada”, pouco vista nos tempos atuais – o que pode dificultar a leitura das gerações mais jovens, menos habituadas à escrita cursiva.

Também foi desenvolvido um robô que pudesse escrever como se fosse o próprio Shakespeare. A máquina foi construída com uma base comum, mas as garras que seguram a caneta, por exemplo, foram elaboradas especialmente para o projeto. Foi estudada, a partir de pinturas, a maneira como Shakespeare segurava a pena para escrever. Essa “pega” foi transposta para o robô.

Para a escrita completa das páginas de “Romeu e Julieta” – feita a partir da tradução de José Francisco Botelho, em edição de 2018 da Companhia das Letras – foram necessários 20 dias.

Já a diagramação do livro envolveu um processo manual. Para o projeto foram utilizadas artes assinadas por Antônio Luvs, artista gráfico do Distrito Federal. O resultado final, uma obra de 212 páginas, é um livro que foi doado ao Gabinete Real Português, no Rio de Janeiro. A edição leva ainda a caneta que foi usada pela mão robótica.

Há mais uma cópia desse livro, mas que fica com a Bic. Quem quiser conhecer mais detalhes do projeto, pode acessar um site, o bicmaiorexpressao.com.br. A marca trabalha, neste momento, com o mote “Sua maior expressão está numa Bic”, para a temporada de volta às aulas, que responde por aproximadamente 60% das vendas da divisão de papelaria da Bic. No digital, a empresa amplia essa mensagem para “A maior expressão de Shakespeare está numa Bic”. Um vídeo para a internet (veja abaixo) completa a campanha, que conta ainda com influenciadores para apresentar o projeto.

Temos três pontos muito importantes nesse projeto. Um deles é a comprovação do atributo da Bic Cristal. Outro é a combinação de tecnologia com algo analógico, que é a caneta. E o terceiro é o legado, com essa doação para o Real Gabinete”, contou Daniel Frazzatto, head da categoria human expression da Bic Brasil.

Marcelo Felício ressaltou que a iniciativa, além a celebrar o aniversário de Bic, é uma homenagem a Shakespeare e à própria escrita. “Muita coisa ainda é criada no mundo a partir de um papel e uma caneta. A gente não vive só na tela”, completou.

Do Brasil para fora

A iniciativa pode ter mais desdobramentos no futuro – talvez um escritor brasileiro como Machado de Assis. Para dar essa largada na comemoração do aniversário, foi escolhido Shakespeare por ser um autor universal. Desse modo, o trabalho criado no Brasil poderá ser replicado mundialmente pela Bic.

Quanto à escolha da obra, Rodrigo Iasi, diretor de marketing de Bic Brasil e Argentina, explicou que até se pensou em “Hamlet”. No entanto, a decisão final ficou com “Romeu e Julieta” por ser um clássico lido também pelo público infanto-juvenil e porque Bic é “uma marca democrática e popular”.

Romeu e Julieta

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