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Além do home office

Dicas do que ver, ler, curtir e fazer

19.03.20

Fazer home office pode ser desafiador para algumas pessoas. Neste cenário de pandemia, o trabalho em casa se torna ainda mais complexo. Isso porque não se trata apenas de replicar a rotina do escritório. Com as incertezas provocadas pelo impacto do novo coronavírus, o mercado de comunicação está sendo obrigado a rever estratégias, discutir planos, administrar e antecipar crises, entre outras medidas.

Por isso, e por incrível que pareça, há quem esteja trabalhando muito mais do que nos dias normais de escritório. É tanto assunto na frente da tela para resolver – e envolvendo tanta gente – que alguns profissionais não estão conseguindo ter momentos para relaxar. Há também quem esteja prolongando os horários do home office para períodos muito maiores do que imaginou ter de fazer. E, em meio a tudo isso, está a preocupação com a evolução da covid-19 pelo Brasil e pelo mundo. É muito desgaste.

No entanto, para garantir a saúde psicológica, é importante criar brechas nos horários e fazer atividades diferentes para desestressar ou para abrir a mente para outras ideias.

Em razão disso, o Clubeonline procurou profissionais do mercado para pedir dicas inspiradoras que ajudem a enfrentar os dias de confinamento: “Passou o horário do home office. Para descansar, o que você está lendo, vendo, curtindo, fazendo?”

Veja as respostas:

- “Esta foi uma semana de aprendizados. Por mais que você tente seguir uma rotina, tudo é novo. Em casa, desfilar pelo corredor exibindo o seu personagem corporativo não resolve muita coisa. Decidi viver cada dia sem sofrer demais. Quer dizer: não decidi sozinho isso. Foi uma conversa em família que me acalmou. Você pode ter feito home office a vida inteira, mas o contexto exterior era muito diferente do que esse que se apresenta. Todos nós somos bombardeados por áudios de médicos, contagem de mortos, gráficos com prognósticos para o mercado de varejo, o último remédio em teste. No primeiro dia, me alimentei exclusivamente desses conteúdos e o resultado foi ansiedade, medo. Aos poucos, fui equilibrando. Fui buscando o que de bom tem acontecido no mundo. E o que eu posso aprender nessa conexão intensa com a minha família. A terapia por Skype foi fundamental, mas o jogo de tabuleiro que voltou para mesa cumpriu o seu papel de risadas. O Facetime nos conecta todos os dias com a minha sogra que está isolada porque tem hipertensão e diabetes. E tem de medo do que está por vir. Ontem, jantamos com ela por vídeo. E rimos. Minhas filhas estão aprendendo em ritmo intensivo como funciona a casa. Divisão de tarefas para todos. Quem cozinha, quem lava, quem passa pano. Hoje, foi dia de lavar os banheiros. Não, eu não tenho uma grande dica. Afastei livros que eu estava pronto para ler, mas que tendem a deixar os meus dias mais tristes. Desculpa Svetlana Aleksiévitch. Eu amo tudo o que você escreve, mas não é o momento. O livro que eu mais gostei no ano passado, seria terrível agora: 'Serotonina', do Michel Houellebecq. Prefiro voltar às crônicas do João do Rio, ao Rio de Janeiro do Rubem Braga, ao 'O Corpo Encantado das Ruas' do Luiz Antonio Simas. Em tempos sombrios, prefiro a escrita mais terna. Nas séries, abro espaço para assuntos duros, porém quis o tempo que eu terminasse 'Succession', a série mais brilhante que eu vi recentemente, antes de tudo isso. Ontem, vimos 'Brooklyn Nine-nine' para descontrair. Hoje, deve ser 'Modern Family'. Marielle está presente porque é fundamental para entender os descaminhos do país. Há muitos cursos online com conteúdos em aberto, mas a primeira coisa que eu decidi foi voltar às aulas de gaita com o meu amigo Jefferson Gonçalves, um dos melhores gaitistas do Brasil e que está sem previsão de agenda de shows para o próximo mês. Se você tem um instrumento deixado de canto, volte a tocar. A música tem um poder incrível nessas horas. Eu disse que não tinha uma grande dica. Eu devo abrir o armário amanhã e ver se não tem nada em excesso. É uma hora de fazer a limpa do que não precisamos. Já fiz treino com o personal por Facetime, morro de saudades da piscina, mas estamos em casa. Inteiros, presentes e esse tem sido o maior aprendizado. Portanto, faço das palavras a Monja Coen, as minhas: ‘Você pode fazer da sua casa uma prisão ou um caminho de libertação. Até os pássaros estão presos pelos espaços nos quais podem voar’. A nossa pequena grande família decidiu voar em casa.”
André Kassu, sócio da Crispin, Porter + Bogusky

- “Faço minha terapia pessoal para distrair e exercer a criatividade: cozinhar e ler um livro. Ambas são offline e felizes como contraponto da realidade. Hoje fiz coisas que nunca tenho tempo pra fazer: legumes em conserva, azeites saborizados e azeitonas temperadas. E aproveitei pra seguir um livro denso e perfeito pra esta época: ‘A Queda Do Céu’ (leia trecho).” André Lopes, empreendedor e ex-diretor de marketing da Ben & Jerry’s

- “Estou aproveitando este tempo dentro de casa para me atualizar dos documentários exibidos no International Documentary Film Festival Amsterdam (IDFA) na última década. O site do festival liberou mais de 200 filmes que são muito difíceis de encontrar em outros serviços de streaming. Quase todos eles são documentários premiados. O link para acesso está aqui."
Belisario Franca, cineasta e diretor da Giros Filmes

- “Nos primeiros dias, fiquei muito na paranoia de querer ver todas as notícias, ler todos os grupos de WhatsApp que só falam da pandemia e até parei pra assistir um filme sobre contágio. No terceiro dia de confinamento resolvi desligar um pouco do assunto no almoço e à noite. Fiz um happy hour virtual via hangouts com amigos em diversas partes do mundo, me exercitei, retomei minhas séries paradas e agora estou planejando usar o fim de semana pra fazer faxina, cozinhar coisas novas, me exercitar e ler um pouco. Sei que o confinamento sem grandes danos é um privilégio para uma camada da sociedade. Então, tenho tentado mais me adaptar ao novo modelo do que sofrer muito ou dramatizar a condição remota.”
Cleber Paradela, head of Brand Experience da 99

- “Em tempos de quarentena estou maratonando ‘Marielle - O Documentário’, na Globoplay, uma série linda sobre grandes escritoras femininas na HBO intitulada 'Elas no singular', e prestigiando amigos queridos num reality super divertido da Netflix, 'The Circle'. É hora pra refletir, estudar e repensar em como agirmos diferente para um novo mundo!”
Gustavo Baldoni, produtor executivo da Delicatessen

- “Quanto finalmente ‘fechei’ meu home office, devorei o livro ‘O Duplo’, de Dostoievski. Talvez seu melhor livro.”
João Daniel Tikhomiroff, sócio-diretor da Mixer Films

- “O que tem me ajudado muito está sendo começar o dia com uma meditação via aplicativo Headspace. Essa nova dinâmica de trabalho está exigindo de todos muita calma e controle da ansiedade. Cuidar da saúde mental é muito importante agora, precisamos estar preparados para ser o suporte emocional das nossas equipes e dos nossos familiares. “
Keka Morelle, CCO da Wunderman Thompson

- “Confesso que eu mesmo estou precisando de inspiração. Tenho dois filhos pequenos e está bem difícil conciliar o home office. No meu caso, tenho duas coisas pra dar uma descontraída: tirei o meu sax da prateleira e fico fazendo umas lives com uns amigos pra dar risada (eu toco muito mal). E troquei minhas camisas floridas de escritório pela minha coleção de regatas. Assim a gente dá umas risadas com o time. Tá rindo? É o ponto. Tem que rir pra gente passar tudo isso.”
Rafael Donato, vice-presidente de criação da David

- “Este é um momento de muita tensão para todo mundo. É importante manter a mente ativa e achar coisas que te dão prazer. No meio de toda essa loucura, acredito que este vai ser um tempo de muito aprendizado. Um momento pra se reconectar. Nesta quarentena, voltei a cozinhar bem mais, seja na hora do break do almoço, ou no fim do dia. Um prazer que na correria do dia-a-dia a gente deixa de lado. Esta semana fiz macarrão com camarão e molho curry, o tradicional arroz, saladinha e linguiça e hoje foi peixe com legumes. Porque a dieta do carboidrato tá foda (risos). Estou muito mais presente na vida do meu filho, fazendo parte da rotina dele, dos estudos em casa e óbvio das bagunças também. Após o expediente de trabalho, voltei a estudar música e design, algo que sinto falta no dia-a-dia. É difícil ser otimista olhando pro cenário atual, mas eu realmente acredito que situações como essa nos fazem refletir e espero que possamos sair melhores do que entramos.”
Saulo Rodrigues, vice-presidente da R/GA

- “Meu desafio tem sido criar uma disciplina alimentar e de exercícios para me manter saudável. Tenho organizado a parte de meu tempo livre da seguinte maneira: meu novo trabalho autoral e outros projetos que podem ser construídos durante esse período, usando a criatividade e a vontade de meus parceiros em realizá-los remotamente.”
Wilson Simoninha, diretor artístico e sócio da S de Samba

Leia matéria anterior com mais dicas aqui.

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