Birds on the Wires

O músico e diretor de cena Jarbas Agnelli, que fundou o AD Studio em 2002, apresenta ao mercado sua nova produtora, a Birds on the Wires.

A operação tem como proposta ampliar seu escopo de trabalho, de modo que, além dos projetos relacionados à publicidade, possa realizar iniciativas artísticas, na área do entretenimento.

Além de Agnelli, fazem parte da equipe de diretores de cena da Birds Daniel “Frstko” Ferreira e Doug Belo (fundador do estúdio de animação Unsaid, de Nova York).

A produtora também contará com os diretores artísticos Ruriá Duprat e Jodele Larcher, que dirigem de programas de TV a concertos. A área de criação/redação estará a cargo de Fernando Rodrigues.

Por conta do lançamento da Birds on the Wires, em breve a operação do ADStudio será descontinuada.

Confira abaixo o bate-papo do Clubeonline com Agnelli, que revela alguns dos primeiros projetos da Birds on the Wires.

Clubeonline: Qual a diferença de proposta de trabalho e posicionamento da Birds on the Wires em relação ao AD Studio?

Jarbas Agnelli: O AD Studio tinha uma estrutura de produtora convencional e concentrava 99% de seu foco na publicidade. Apesar do meu perfil não ser exatamente de um diretor de cena tradicional - levei para o AD uma bagagem de criador, músico e designer - mesmo assim, a produtora tinha um formato antigo. A Birds começa se posicionando de uma maneira mais aberta, mais flexível, mirando não apenas a publicidade, que continua sendo nossa especialidade e algo que adoro fazer, mas também projetos artísticos no campo do entretenimento, que é algo que eu sempre sonhei em fazer um dia.

Clubeonline: Quem são os sócios da nova operação?

Agnelli: Sou o único sócio, com um grupo de colaboradores/associados. Ruriá Duprat na área musical e de entretenimento ao vivo. Fernando Rodrigues na criação e redação. Jodele Larcher na produção e direção artística. Temos uma parceria de produção de animação com dois estúdio novos e super talentosos: A Criatura, de Belo Horizonte, e Unsaid, de Nova York.

Clubeonline: Você assinou com a Universal Music como artista solo. Pode nos revelar os detalhes sobre o escopo dessa parceria?

Agnelli: O AD era originalmente uma banda, antes de ser uma produtora. Lançamos um disco pela Trama em 2000. E fizemos muitos clipes. Depois que a banda acabou, não coloquei mais nada no mercado, mas continuei compondo e tocando. Agora finalmente estou formatando tudo em um projeto: Furio. O nome é uma homenagem ao meu bisavô, que foi um grande maestro e compositor romano naturalizado brasileiro. O projeto será lançado em dezembro. O primeiro single será com um poema da Fernanda Young, narrado por ela mesma. Uma referência ao disco do AD, que também tinha duas músicas com a Fernanda.

Clubeonline: Entre os trabalhos que já estão sendo desenvolvidos, há um álbum com o cantor e compositor Fausto Fawcett. Qual o nome do projeto e qual a data de estreia?

Agnelli: Sim, Jodele Larcher, que é amigo em comum, nos apresentou. Fausto ouviu minhas músicas, gostou e a parceria começou. No início desse ano, nos fechamos em meu estúdio, e lá nasceu Favelost, o álbum de nove músicas que estou finalizando nesse instante. No site da Birds coloquei uma das músicas para quem tiver curiosidade. É um álbum de música eletrônica, com a poesia urbana/futurista de Fausto, e com diversas participações. Vamos lançar em janeiro de 21. No mês que vem começo a produção dos clipes.

Clubeonline: E sobre um longa-metragem em parceria com a Polônia, você pode nos revelar os detalhes?

Agnelli: Essa é uma história bacana. Fui convidado pela Platige, produtora de ponta da Polônia, para criar e dirigir um espetáculo multimídia intitulado "Save the Planet", montado sobre as "Quatro Estações", de Vivaldi. O show teria uma orquestra de 90 músicos no palco, tocando sincronizados com vários telões, e um vídeo contando a história do planeta em quatro atos, do seu início até os dias de hoje. Ano passado comecei a produção, rearranjando a famosa música de Vivaldi de uma forma mais dramática, para grande orquestra e instrumentos eletrônicos. Simultaneamente, produzindo o conteúdo do vídeo. É claro que o show não aconteceu, devido à pandemia. Foi adiado para o ano que vem. Mas como eu tinha tudo pronto, sugeri a eles que fizéssemos um longa-metragem (ideia que veio de meu amigo Heitor Dahlia depois de ver o material). Com roteiro do Fernando Rodrigues, o longa tem uma narração feminina em off, do planeta Terra em primeira pessoa, contando sua história, desde os tempos em que não haviam homens, até hoje, quando fizemos essa bagunça toda que aí está. Uma narração sarcástica e, às vezes, crítica, se contrapondo aos apartes de uma voz masculina, representando os humanos. É bem dramático, mas termina de forma positiva, com um decálogo sobre o que ainda podemos fazer para não virarmos a 25ª extinção em massa do planeta.

Clubeonline: Na área da publicidade, já há projetos sendo desenvolvidos pela nova produtora?

Agnelli: Temos feito trabalhos bacanas para os EUA, como os para a ONG Techo, que ajuda famílias extremamente pobres. São campanhas que crio junto com o Fernando Rodrigues e produzo na Birds. Também acabamos de lançar uma campanha de ferramentas SATA, para a agência VML, com um comercial de 45” e uma minissérie com três filmes de quatro minutos. E um filme divertido para a DPZ&T, anunciando a máquina Dolce Gusto, da Nestlé, que deve ir ao ar em breve. Muitas outras coisas no forno.

2020 foi um ano complicado, estranho, triste. Mas para mim este também é um número marcante por outros motivos. Faz exatamente 20 anos que lancei o disco do AD. 20 anos que produzi meu filme mais premiado, 'A Semana', para a Época (assista aqui à versão em full HD). E 10 anos que apresentei o vídeo 'Birds on the Wires' (aqui) no Guggenheim em Nova York, quando ganhei o festival YouTube Play. Uma data redonda em relação a alguns dos principais momentos de minha carreira. Achei que é uma boa hora para lançar essa nova empreitada. Está sendo um começo e tanto. Acho que os Birds pousaram nos fios com o pé direito.