Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Especial – Como o mercado se prepara para a temporada
A Black Friday nasceu nos EUA como um dia isolado: a última sexta-feira de novembro. Hoje as promoções e vendas ligadas à data se ampliaram e não se restringem mais a 24h. As ações já começam no início do mês, ganham atenção redobrada na semana e no dia exato, 27 de novembro neste ano, e frequentemente se estendem até a chamada Cyber Monday (30). O que parecia antes distante dos brasileiros agora tem o peso de uma temporada e movimenta mais do que o varejo físico e o e-commerce – sobretudo neste período de pandemia. Por tudo isso, a data neste desafiador 2020 tem ainda mais relevância para consumidores, marcas, veículos e plataformas digitais.
Que o diga o Google, que se dedica à Black Friday do ano seguinte assim que a atual se encerra, em um processo praticamente contínuo. “Trabalhamos todos os dias para ajudar empresas de todos os tamanhos a ter sucesso nos negócios. Na Black Friday não é diferente. Nós nos preparamos muito ao longo do ano para estar ao lado de anunciantes e agências, ajudando-os a se preparar para esta que é a principal data do varejo”, afirma Rodrigo Chamorro, líder de insights para varejo da companhia.
O Google trabalha a Black Friday de maneira estruturada há sete anos, o que lhe dá uma penetração cada vez maior no mercado e serve de base de comparação para clientes – e para a concorrência. No ano passado, a empresa lançou o Show da Black Friday, no YouTube, um modelo que uniu live commerce e entretenimento. Em 2019, Felipe Neto capitaneou a jornada de cinco horas e meia que atraiu mais de cinco milhões de usuários únicos. Mais de 75% da audiência realizou alguma ação, mostrando que a plataforma é também geradora de negócios (leia mais sobre o projeto aqui, sobre como foi o evento aqui e sobre a apresentação desta ano ao mercado aqui ).
Em 2020, Felipe Neto volta a comandar a atração, que está com formato adaptado à pandemia e que vem gerando, há algumas semanas, reuniões de briefing com ele e mais o time de youtubers e influenciadores que fazem parte do projeto. O Show da Black Friday envolve outro time, o de marcas, que impulsionam seus negócios na live. Por enquanto, o Google só revela o patrocinador máster: a Americanas, que esteve na primeira edição (leia mais na apresentação de algumas estratégias das empresas ouvidas pelo Clubeonline, abaixo).
A verdade é que, em 2020, de um modo geral, os pacotes oferecidos ao mercado para a temporada estão mais sofisticados. “Os projetos estão mais elaborados, com entregas e formatos diferenciados em relação aos anos anteriores”, conta Vanessa Giannotti, head of media da Ogilvy.
Isso vale para diversos meios, entre eles, o Out Of Home, tão impactado nos primeiros meses da pandemia. “Eles tiveram um ano difícil. Para a data, desenvolveram pacotes muito interessantes para as marcas. OOH é um formato mais curto de oferta, mas é muito premium”, diz Heloísa Lima, diretora geral de mídia da Africa.
A maior da história
Os investimentos dos veículos em projetos foram ainda mais reforçados porque esta Black Friday está sendo tratada como a maior de sua história no país. Em agosto, quando lançou seu projeto comercial para a data, a Rede Globo anunciou que esta seria a mais competitiva dentre todas as edições organizadas por aqui. E apresentou um robusto pacote multiplataforma, mostrando que o sarrafo estará bem alto neste ano (leia aqui).
Depois de todos estes meses de pandemia, esta é a hora em que os consumidores pretendem ir às compras com afinco. Essa é a sensação generalizada do mercado. “Esta vai ser a Black das Blacks. Todo mundo vai buscar o resultado que não conseguiu no ano”, pontua Heloísa. Como vários setores da economia ficaram retraídos na pandemia, novembro deverá registrar um movimento grande não apenas do varejo, o grande anunciante do período, mas também de outros setores, como o de serviços. E principalmente no digital.
O fato é que a quarentena exerceu um efeito extraordinário sobre o e-commerce. Estimativas da WARC apontam que as plataformas de comércio eletrônico devem receber investimentos publicitários da ordem de US$ 58,5 bilhões, um aumento significativo, apesar do quadro de recessão global. As compras online foram o modo de contornar os problemas do confinamento.
Pelas contas da WARC, os investimentos em sites como Amazon e nos canais de varejistas como Carrefour devem crescer 18,3% no mundo, um contraste grande em relação ao total das verbas para publicidade (queda de 8,1%). Esses valores não especificam a Black Friday, mas dão a dimensão do avanço do digital neste ano.
Ainda que o e-commerce esteja cada vez mais amadurecido no país, parte da população não havia experimentado recorrer à internet para abastecer sua casa até que se viu obrigada a navegar pela web em função da quarentena. Com isso, é esperado que as vendas online sejam protagonistas. “E isso se reflete tanto na preparação dos clientes quanto nas propostas de pacotes de mídia”, observa Vanessa.
Transformação digital
Ilca Sierra, diretora de marketing e comunicação multicanal da Via Varejo, ressalta que a pandemia criou novos comportamentos de consumo. “Neste ano, muitos brasileiros que nunca tinham feito uma compra online experimentaram o e-commerce pela primeira vez devido ao fechamento das lojas físicas por todo o país. Por isso, consequentemente, muitos varejistas tiveram de efetivamente acelerar sua transformação digital. Aqueles que conseguiram executar essa virada vão estar mais preparados para fazer uma boa Black Friday em 2020”, comenta.
No ano passado, lembra Ilca, a Via Varejo obteve um desempenho excelente: em apenas um dia eles contabilizaram mais de R$ 1 bilhão de vendas. “Todo o setor prevê uma Black Friday de muitas vendas e ainda mais digital”, afirma Ilca, que deu largada à campanha da data 40 dias antes da esperada sexta-feira (leia aqui e mais abaixo).
O que veremos nesta edição
Antes, como o período voltado à data era mais concentrado, no varejo muitas ofertas eram definidas em cima da hora. Era mais difícil desenhar projetos e operações diferenciadas, explica Vanessa. “Por isso, eles acabavam se concentrando em entregas de mídia com foco em volume: alta cobertura e frequência em curto espaço de tempo”. Neste ano, os varejistas que possuem lojas físicas terão de garantir o distanciamento social e evitar aglomerações. Em virtude disso, o mercado já vem adotando medidas para criar promoções e mecânicas que tenham maior tempo de compra. No caso de vendas que envolvam a retirada de produtos em locais físicos – com todas as medidas de segurança sanitárias -, isso ajuda a evitar concentração de pessoas.
Nos EUA, o Walmart vai separar ofertas por categorias e períodos de compra. Até 14 de novembro, por exemplo, o foco dos descontos estará nos brinquedos, eletrônicos e produtos para casa, que terão os maiores descontos. Na semana seguinte, serão tablets, computadores e celulares.
Certos setores devem investir mais fortemente no formato live shopping. De acordo com Heloísa, marcas de fashion começaram a flertar mais com esse modelo neste ano. Quer dizer, 2020 será recordado como o ano das lives. Embora para alguns o “ao vivo” possa parecer saturado, ainda há espaço para estratégias do gênero. Na Black Friday, o live shopping pode invadir o Instagram das empresas que vendem moda.
Outro ponto que chama atenção nas propostas de veículos é que o entretenimento será um asset muito forte neste ano. Em 2019, isso já foi visto. Para 2020, a expectativa é que venham mais shows. No ano passado, o Magazine Luiza apresentou a "Black das Blacks", live idealizada pela Ogilvy que teve participação de Ludmilla, Pabllo Vittar, Leo Santana, Simone & Simaria, Whindersson Nunes, Rodrigo Sant’Anna e Marcelo Adnet, nas plataformas do Grupo Globo, integrando Multishow, VIU Hub, TV Globo, Globo.com e outros canais Globosat (reveja aqui). O que se sabe é que a varejista estaria planejando nova versão do show, com mais atrações.
Como já foi dito, o digital será força motriz e, nesse campo, um formato que parecia menos valorizado voltou a se destacar neste ano por causa da pandemia e deverá chamar atenção na temporada: o QR Code. Para o OOH, ele é um recurso importante. Heitor Pontes, diretor comercial e de marketing da JCDecaux, esclarece que o uso do QR Code para a interação da audiência com as marcas tem sido uma grande tendência nos países asiáticos nos últimos anos. “Praticamente todas as campanhas veiculadas nas maiores estações do metrô da China, operadas pela JCDecaux, incluem a mecânica em suas criações, para oferecer um conteúdo extra ou até mesmo aumentar o fluxo de acesso para seus sites e redes sociais”.
No Brasil, a utilização no OOH ainda não era tão disseminada pelas marcas, que tinham receio da audiência não entender bem o recurso. No entanto, nos últimos meses, a tendência se fortaleceu no país com a utilização do QR Code por outros meios. “Vemos um incremento no número de anunciantes que estão apostando nisso para suas campanhas do segundo semestre”, revela Pontes. A JCDecaux transformou relógios e abrigos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília em pontos de experiência para as pessoas terem acesso a mais conteúdo via QR Code.
Os war rooms, que conquistaram muita importância em outras Black Fridays, estariam ameaçados pela necessidade do distanciamento? “Eles estão virtuais e estão funcionando muito bem. Com algumas plataformas, como o Teams, as equipes conseguem trocar muitos arquivos”, detalha Heloísa. No Google, o tradicional War Room da Black Friday, momento em que a empresa trabalha lado a lado com a equipe de marketing de anunciantes, acontecerá apenas por meio de soluções digitais.
O Clubeonline procurou diversas empresas para saber de seus preparativos para a temporada. Elas fizeram análises do que esperam desta edição e abordaram suas estratégias, sem entregar o ouro. Afinal, como está muito claro, todo mundo está afiado para uma grande e disputadíssima Black Friday.
YOUTUBE
Antonio Abibe, head e projetos de conteúdo do Google, lembra como surgiu o Show da Black Friday, um formato que não existia dentre os projetos do Google para a data no mundo. A empresa é uma das grandes impulsionadoras da Black Friday no Brasil e vem estabelecendo uma cultura para a temporada. Com o crescimento do interesse pela data por outros players, começou a surgir muito “ruído”. Isso porque o período consistia basicamente em ocupação de inventário. Havia tanta “gritaria”, diz Abibe, que um dos insights da empresa foi criar um endereço, um evento digital para gerar diferenciação. Desse modo, nasceu o Show, construído em parceria com a Play9, estúdio de conteúdo que tem na sociedade Felipe Neto, João Pedro Paes Leme e Marcus Vinícius Freire. O projeto deu tão certo que, além de eles voltarem para a Black Friday 2020, a Play9 estará com o YouTube em outra data: o Dia do Solteiro, em 11 de novembro, em ação desenvolvida com Americanas, a patrocinadora máster da Black, e com a WMcCann. Vale dizer que, no Show da Black Friday, entra também na parceria o Dia Estúdio.
Expectativa – “A gente tem um YouTube maior este ano. São milhões de pessoas a mais”, pondera. Felipe Neto soma mais de 40 milhões de inscritos em seu canal e se tornou uma personalidade maior do que era no ano passado. Além disso, a cultura da live se estabeleceu no país por causa da pandemia. Por tudo isso, esperava-se que o Google e o YouTube se preparassem para fazer um Show ainda melhor. Abibe diz que a versão deste ano será grandiosa, com um salto na qualidade da produção. Ele avisa que todas as medidas sanitárias serão respeitadas. João Pedro Paes Leme, sócio e gestor criativo da Play9, reforça as expectativas. “O Show da Black Friday, no ano passado, foi um marco para o live commerce no ambiente digital brasileiro. Vamos evoluir em 2020 em termos de cenário e produção. Além disso, temos feito reuniões com os criadores e conseguido apoio deles na construção do evento. Vamos em busca de um novo recorde de público e vendas, com muita diversão”, ressalta.
Diferenciais - No ano passado, havia uma plateia com 100 pessoas. Desta vez, nada de público no local, no entanto, os criadores que vão participar do projeto vão se reunir no endereço onde será feito o evento. O Show da Black Friday não será feito no YouTube Space, como na primeira edição. Será igualmente no Rio, mas em uma arena bastante espaçosa, com cenários que vão sofisticar a live e com recursos de tecnologia que vão aproximar o público do projeto. No início das discussões da edição deste ano, planejava-se fazer algo maior. No ano passado, cerca de 300 pessoas estiveram envolvidas na organização do evento no YouTube Space. Com a pandemia, foi preciso redefinir planos. Então, passou-se a discutir como ser grandioso sem ser maior. Dez canais estavam ligados ao projeto no ano passado. Agora, há um número também significativo de influenciadores e youtubers (por enquanto não revelados), que estão ajudando a definir os rumos do Show. Bem como as marcas participantes. “A oferta é também protagonista. Elas geravam picos de audiência. Geramos resultados. As ofertas eram bem recebidas pela audiência. Abrimos uma caixa de iPhone e isso causou um pico de buscas no ano passado. Vendemos carro”, salienta Abibe.
Curiosidades – A inspiração do Show da Black Friday veio dos shows de entretenimento realizados pelo Alibaba na China para o Dia do Solteiro. São eventos extremamente comerciais, mas que aliam diversão e vendas. Outro dado é que o programa do YouTube de 2019 já superou dez milhões de views, com usuários vendo como foi a transmissão muito tempo depois da data. “É mesmo um produto de audiovisual”, comenta Abibe. O projeto do YouTube contempla também os insights e os dados coletados pelo Google. No ano passado, a Etna, uma das marcas presentes, recebeu a informação do crescimento do interesse por produtos do universo dos games. A empresa levou para o cenário uma cadeira gamer, modelo que foi ofertado durante a live. Em cinco minutos, o estoque se esgotou. Além de Americanas e Etna, participaram do projeto as marcas Adidas, Carrefour, Chevrolet e PicPay. Outro ponto que ilustra a extensão do evento se refere à hashtag #ShowdaBlackFriday: ela foi citada mais de 100 mil vezes no Twitter e “Felipe Neto” e “Live no YouTube” alcançaram mais de 300 mil menções na rede, posicionando o assunto em primeiro lugar nos Trending Topics do Brasil e em terceiro no mundo.