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Disney discute futuro em assembleia de acionistas
Nesta quarta-feira, 03, acontece a assembleia anual de acionistas da The Walt Disney Company que, além de avaliar o desempenho financeiro da gigante do entretenimento e discutir os rumos da corporação em áreas estratégicas, poderá ter novos integrantes no board, que é formado por 12 pessoas. Há outro ponto importante que vem promovendo intensas discussões internas e dividindo grupos: a sucessão do atual CEO, Bob Iger. Nos bastidores, comenta-se que ele pode indicar uma executiva para assumir o comando. Esse é um dos assuntos que tem mobilizado a mídia nos EUA nos últimos dias.
De um lado está Iger, que conta com aliados como o cineasta George Lucas (o maior acionista individual da companhia) e herdeiros da família Disney. Do outro, está o investidor Nelson Peltz, fundador e CEO da Trian Partners, que controla o equivalente a US$ 3,5 bilhões em ações da corporação. Peltz almeja um lugar no conselho de administração e deseja conquistar um assento para um nome de sua confiança, Jay Rasulo, ex-Chief Financial Officer da Disney.
Pelas movimentações das últimas horas antes da assembleia - que deve se iniciar às 14h, no horário de Brasília -, Iger estaria perto de derrotar Peltz, mantendo-o longe do board. O investidor tem sido um crítico ferrenho da gestão do CEO. Em uma entrevista que causou barulho, dada ao Financial Times, ele questionou até mesmo a escolha de elenco para os filmes da Marvel. Peltz, que reconheceu não ser um expert em cinema, perguntou por que ter um filme só com mulheres ou só com atores negros. Na visão do investidor, o público quer se divertir e não receber mensagens políticas. Seu comentário tinha como alvo “As Marvels”, que arrecadou US$ 206 milhões, um valor muito distante de “Capitã Marvel”, que amealhou US$ 1,1 bilhão. “Pantera Negra”, que virou um fenômeno da cultura pop, faturou US$ 1,3 bilhão nas bilheterias.
Nessa entrevista, Peltz disse ainda que não planejava demitir Iger, e sim ajudá-lo. O investidor, que tem seu nome ligado a outras companhias poderosas, como Procter & Gamble, Sysco, Wendy’s e Mondelez, afirmou que não se incomoda de ver os principais executivos da corporação recebendo o montante de US$ 1 bilhão na última década, período em que as ações da Disney tiveram desempenho inferior. “Adoro que meus CEOs sejam os mais bem pagos, mas os acionistas têm de participar disso”, disse.
Para Peltz e os investidores da Trian, o rumo da corporação nos últimos anos não tem garantido retornos financeiros suficientes para a companhia. Os negócios na área de streaming de vídeo, um dos focos das críticas, não estão conseguindo aumentar a receita. Pelo contrário, Disney+, Hulu e ESPN+ tiveram um prejuízo operacional de US$ 216 milhões, como mostrou o relatório sobre o trimestre encerrado em dezembro. Peltz alegou que a companhia tem uma estratégia "mal planejada" para superar sua principal concorrente, a Netflix.
Na visão do grupo e seus aliados, o processo de sucessão de Iger também não está satisfatório. Ele retomou o posto no final de 2022, substituindo Bob Chapek, que escolheu e cuja gestão foi considerada um fracasso a ponto de ser demitido pelo conselho.
Para comandar a corporação, Iger teria em mente Dana Walden, co-chairman da Disney Entertainment. Se o movimento for concretizado, então, a centenária Walt Disney Co teria, pela primeira vez, uma mulher como CEO. Nessa corrida, estão ainda Josh D'Amaro, chairman da Disney Experiences, Jimmy Pitaro, chairman da ESPN, e Alan Bergman, co-chairman da mesma divisão de Dana.
A escolha do futuro CEO está atrelada às definições estratégicas da companhia. Se os parques e resorts forem mais importante para a Disney, por exemplo, seria natural a nomeação de D’Amaro como o próximo líder. Embora seja o conselho a dar a palavra final nesse quesito, Iger pretende exercer forte influência nessa decisão. Já Peltz desqualificou a atual composição do conselho para definição do processo de sucessão, argumentando que Iger precisou retornar de sua aposentadoria após a passagem de Chapek.
“A importância do processo de sucessão não pode ser exagerada e, à medida que o conselho continua a avaliar uma lista altamente qualificada de candidatos internos e externos, continuo intensamente focado numa transição bem-sucedida”, declarou Iger em um comunicado no ano passado, quando seu contrato como CEO foi renovado até o final de 2026.