Bundamolismo

O vice-presidente da Fischer América, Jáder Rossetto, está trabalhando na segunda fase do "Bundamolismo", movimento que busca discutir com o mercado publicitário a estagnação criativa vivida não somente nas agências, mas também nas empresas anunciantes e nos veículos.

"Falta ousadia, criatividade, está tudo na mesmice, estamos todos acomodados", reclama Rossetto. "A segunda fase do 'Bundamolismo' quer continuar a discussão que quase ninguém quer ter: o que devemos fazer para resgatar a força criativa no País?".

Rossetto pondera que o contexto econômico brasileiro, com sucessivas crises, ajuda a implementar uma cultura do medo, em que os profissionais - das agências, anunciantes e veículos - não têm mais coragem de ousar. "Nem é por conta do desempenho do Brasil em Cannes. A questão não são os prêmios, são os conceitos, as idéias", defende o publicitário.

Para o vp da Fischer, existem talentos no Brasil, mas o País acabou se afastando muito da criatividade mundial. "A Argentina está ocupando um espaço criativo na América Latina. O Brasil precisa se aproximar do mundo de novo", afirma.

Rossetto já criou dois anúncios para a segunda fase do "Bundamolismo" e afirma que irá desenvolver outras peças. O publicitário pretende ainda organizar fóruns e debates, incluindo anunciantes e veículos na discussão.

Daqui a duas semanas, será lançado um site sobre o movimento: www.bundamolismo.com.br .

Clique aqui e leia sobre a primeira fase do movimento.

Comentários

Maurício Fonseca - Essa mesmice tem a ver com a falta de identidade desse século em que vivemos. Essas ondas de revival, anos 80 por exemplo. Também a preocupação exagerada com novas tendências da mídia, por exemplo, esses novos mecanismos, os tais marketing de guerrilha, internet, interatividade. A criatividade se transformou num "monte" de brincadeirinhas visuais pra chamar atenção, um pé no saco. Enquanto isso a Argentina aposta em conceitos mais fortes...eles chutam o balde nos filmes, as vezes são anti-éticos, apelando e quebrando regras comportamentais da sociedade. Também erram, contudo, estão acertando muito mais. Talvez seja necessário levar pra dentro das agências, gente de street art e de artes plásticas....quem sabe. primau@uol.com.br

 Jacques Meir - Acho ótima a iniciativa. Mas em um país onde deputado mensaleiro, sanguessuga e severino (que achaca restaurantes) fica lindo, leve e solto não dá pra esperar muita coisa. O bundamolismo está em toda parte, a começar no Palácio da Alvorada, com o Presidente que nada sabe e nada faz a não ser viajar e inaugurar obras inexistentes. Como exigir criatividade de um país que não inova em produto, em pesquisa, em serviço, onde todo mundo parte de soluções velhas e onde até o sagrado honorário da atividade publicitária é regido por lei? Em nome do resultado, estamos opacos, sem brilho, enfastiados, entediados, ensimesmados. Canso de escrever sobre isso no meu blog (www.mrbrands.com.br/blog) mas e daí? Somos uma sociedade bunda-mole mesmo, que aceita tudo como papel. Coniventes, complacentes, mediocrizados. De todo modo, vamos dar todo apoio à campanha, vamos aderir, vamos tentar sair dessa pasmaceira que atordoa nossos cérebros. Chega de jecaria, pobreza, conformismo. jacques.meir@mrbrands.com.br

Israel Alves - Concordo plenamente com a posição do Rossetto, tal fato não se dá apenas por questões políticas e sim pelo fato de novas e maravilhosas cabeças estarem escondidas atrás de um carrinho de cachorro-quente, de um balcão de loja ou até mesmo atrás de um volante de ônibus ou taxi. Falta de oportunidades e exigências das agências ao contratarem um estagiário fazem com que uma boa campanha e bons resultados não apareçam no mercado, dando vida a publicidade e resgatando o valor de que o brasileiro é mais que bunda na tela, samba no pé e dinheiro no bolso de políticos corruptos. Se querem que isso mude, aproveitem a criatividade daqueles que estão nascendo no mercado publicitário. Israel Alves - estudante de Propaganda e Marketing - SP. israel1911@gmail.com