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Estamos falando sozinhos? (Rui Piranda)
Juro que eu ia deixar passar. Venho a Cannes há 10 anos. Já vi os seminários decretarem a morte dos filmes de 30, dos prints, da TV, do papel.
Mas este ano.... Nossa! Vi mais de 20 fóruns. Em pelo menos 10 disseram que não sabemos falar com a nova geração, a Millenium. Que precisamos ser conteúdo, arte, porque eles não querem falar com a gente. Até aí, tudo bem. É uma evolução.
Mas também vi uns dois seminários e três fóruns que afirmam que não sabemos falar com mulheres. Eu concordo. Até escrevi sobre isso. Tento no meu dia a dia fazer diferente. Por elas e pelo resultado dos meus clientes (seja pela marca ou pelas vendas).
Vi duas que falavam sobre a questão de gênero. Que somos sexistas. Eu concordo. Às vezes é difícil ter coragem para tirar marcas do armário.
Vi também um seminário que contundentemente afirmou que não sabemos falar com pessoas com mais de 50 anos.
Fiquei tão preocupado. Senti que perdemos a mão.
Vieram os seminários de Innovation. E eles afirmaram que não sabemos usar o que já está ao alcance das nossas mãos.
O dia de hoje (sexta, 26) terminou com o "polêmico" Amir Kassaei, Chief Creative Officer da DDB. Meu Deus! O que foi aqullo? Uma catarse? Um dos mais poderosos criativos do mundo vagava pelo palco dizendo que o que fazemos NÃO É RELEVANTE PARA NINGUÉM.
Estou saindo triste de Cannes.
Sem fazer autopromoção, tenho mais de 20 anos de carreira. Coleciono cartas de consumidores que afirmam como determinada comunicação fez diferença na vida deles. A questão é: ganhou prêmio? Não, porque nosso mercado não considera isso tão relevante. Relevante é ser diferente. Eu não quero ser diferente. Tenho um objetivo na vida: ser ordinariamente transformador. E basta que isso aconteça com poucas pessoas que se manifestem (elas representam muitas outras).
Termino este texto com uma frase que costumo dizer para estudantes:
"Existem 3 grandes carreiras no mundo.
Primeira: a Medicina - o homem curando o homem.
Segunda: a Comunicação - o homem fazendo o homem se entender com o homem.
Terceira: a Advocacia - o homem colocando ordem no homem.
E aí eu completo: se as duas primeiras fizerem o seu trabalho direito, a gente não precisa da terceira."
Bóra voltar pra casa e fazer um trabalho que nos encha de orgulho não apenas em Cannes, mas na vida.
Rui Piranda - diretor de criação da FCB, colaborando mais uma vez com o Clubeonline.
Leia seu texto anterior aqui.
O Clubeonline esteve no Cannes Lions e Cannes Health 2015. A cobertura é um oferecimento de A Voz do Brasil; Barry Company; Conspiração Filmes; DPZ&T; Estúdio Angels; FCB Brasil; Getty Images do Brasil; Hungryman; JWT; LBTM; Lucha Libre Audio; Miami ad School/ESPM; Movie&Art; Mullen Lowe Brasil; Paranoid; Piloto TV; Popcorn Filmes e Y&R Brasil, com apoio da Publicis.