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Cannes Lions 2016

O que pensam os jurados (Ricardo John)

13.05.16

O Clubeonline apresenta um bate-bola sucinto e objetivo com todos os jurados que irão representar o Brasil no Cannes Lions, este ano.

Acompanhe abaixo o que tem a dizer Ricardo John, CCO da J. Walter Thompson Brasil e presidente do júri de Outdoor.

1. Nome, cargo e há quantos anos comparece ao Cannes Lions.
Ricardo John, CCO da J. Walter Thompson Brasil. A primeira vez que fui ao festival foi em 2004, como Young Creative. Desde então vou quase todos os anos.

2. É sua primeira vez como jurado neste Festival? Qual a importância deste convite?
Já fui jurado duas outras vezes. No ano passado, julguei Health & Wellness e em 2013, edição de 60 anos do festival, participei do júri de Press. O convite deste ano é importante por sinalizar que devo estar fazendo algo certo na carreira, ou não teria sido convidado para ser presidente de júri. E mostra que meus critérios são respeitados também. O que é bom para a agência, para os nossos clientes e para minha carreira.

3. Como você está se preparando para o julgamento?
Estou correndo uns 30 km por dia, fazendo apneia no Guarujá às 5 da manhã e vendo muita propaganda o tempo todo. As duas primeiras são mentira, claro. Só estou vendo muita propaganda, absorvendo todo o conhecimento que consigo, atento ao que está aparecendo em outros festivais. Até porque a categoria Outdoor é muito abrangente. Cabem todas as outras categorias nela.
Sobre o julgamento em si, devemos dar mais atenção para peças e ideias que, de fato, resolvam problemas de negócio do cliente de forma criativa. Não adianta apenas serem bonitas. Tem que ter criatividade a serviço dos problemas do anunciante. Entreter, informar e orientar da melhor maneira possível.


4. Já viu trabalhos, nacionais ou internacionais, na sua categoria ou em outras, nos quais aposta?
A timeline do Facebook virou um ambiente de autopromoção dos trabalhos. Tenho visto muita coisa por ali. Mas prefiro não falar sobre preferências para não dar pistas dos meus critérios pessoais.

5. De modo geral, quais suas expectativas em relação ao desempenho do Brasil, este ano, no Festival?
Sinceramente, não deveríamos nos preocupar com o desempenho. O Brasil é um país que sabe jogar esse jogo, que leva isso mais a sério do que qualquer outro país do mundo, que tem um número absurdo de inscrições, de profissionais dedicados e que que sabem fazer bons cases. Essa mistura de criatividade e vontade do brasileiro de ganhar Leão faz com que ele sempre se dê bem no final das contas.
Mas acho que deveríamos buscar mais relevância dos Leões do que quantidade. E Leão relevante, normalmente leva anos. Chega às custas de um ótimo relacionamento com o cliente, da criatividade voltada para o negócio. É mais difícil.


6. O Cannes Lions virou um grande Festival, com mais categorias a cada ano e no qual as agências brasileiras investem um grande montante de dinheiro, não só em inscrições, mas também no envio de suas equipes. Você mudaria alguma coisa no Festival, se pudesse?
Gostaria que resgatassem o glamour da exibição dos Filmes, com as "pompas e circunstâncias" que a categoria merece. Ela é a mais interessante do festival, sensorialmente falando, mas sua exibição não ocupa mais as grandes salas que foram cedidas para as palestras. Com isso, o festival que começou para exibir e premiar filmes, perde seu legado. Vira um TED da publicidade. É até compreensível. O Cannes Lions é uma máquina extremamente bem sucedida em atrair todo o ecossistema da comunicação. O único festival que reúne mídia, criação, atendimento, cliente, consultoria, design, diferentemente dos outros, que são mais feudos de cada área. Mas eu resgataria esse glamour dos Filmes, se pudesse.

7. Como avalia a qualidade das palestras e a infraestrutura do evento?
O lineup do festival é sempre muito bom. A curadoria de palestrantes é excelente, com uma mistura de assuntos e temas. O problema, que depende mais da boa vontade dos palestrantes do que da organização, é o conteúdo que eles preparam. Muitas vezes são o repeteco do que já foi falado no TED, no SXSW ou em outros eventos. Geralmente as palestras de música são as mais originais. As que recomendo sempre.

8. O fato de agora haver um grande número de ‘celebridades’ anunciadas dentre os palestrantes te parece um diferencial atraente?
Infelizmente temos que admitir que as pessoas querem ouvir a opinião das celebridades, mesmo quando elas não têm nada a dizer. E essa curiosidade que elas geram faz o festival ganhar público, audiência e notoriedade até mesmo fora do mercado publicitário. Diria quase que é um "mal necessário". E acaba ajudando também a não deixar o evento muito técnico. Além disso, você está em Cannes, na Riviera, sentindo o eco do festival de cinema. A presença de celebridades ajuda na composição deste cenário.

9. Recomenda alguma palestra nesta edição do Festival?
Confesso que ainda não sentei para montar minha agenda de palestras. E esse ano terei menos tempo para aproveitar a programação. Meu festival de palestras vai começar depois da quarta-feira, quando termina o julgamento.

Leia anterior, com entrevista com Luis Padilha, jurado de Media, aqui.

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