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Cannes Lions 2016

Seja egoísta: coloque mulheres como estrelas de campanhas

19.06.16

As mulheres foram cerca de 80% do público do painel Men vs. Women: Exploring Marketing’s Impact on Gender Bias, apresentado por Kim Getty, presidente da Deutsch Los Angeles, neste domingo, 19. O conteúdo surpreendeu por levar mensagem importante de forma leve e inspiradora. Logo no início, Kim mostrou o filme #redrawthebalance, da MuellenLowe, já destacado aqui no Clubeonline, para exemplificar como as crianças são afetadas desde cedo pelos estereótipos de gênero.

Trata-se de experimento realizado em uma escola norte-americana, em que professores pedem para os estudantes desenharem como imaginam um piloto de caça, um cirurgião médico e um bombeiro. Todas as crianças desenharam os profissionais como se eles fossem homens. Ao final, os estudantes puderam conhecer três mulheres que atuam nessas três profissões. Meninas e meninos ficaram chocados ao saberem que mulheres poderiam estar nesses postos. Segundo Kim, os estereótipos são definidos nas crianças quando elas têm de cinco a sete anos. “Não queremos um mundo no qual os trabalhos mais legais sejam dados para os homens”, destacou.

Em seguida, Kim apresentou pesquisa que ressalta o quanto o cinema exclui a imagem das mulheres. Desde 1946, a proporção de homens para mulheres como chefes de família em longas-metragens é de três para um. Cerca de 23% das protagonistas são mulheres e os papéis em que as mulheres possuem voz ativa são apenas 31% do total. Na publicidade não é muito diferente, de acordo com os números relacionados à última edição do Super Bowl: os papéis onde as vozes femininas são principais foram de apenas 34%.

Para convencer de vez a plateia sobre a importância de inserir mais mulheres nas mensagens, ela citou marcas como Under Armour e Nike, que multiplicaram seus números de vendas ao colocarem Gisele Bundchen e atletas femininas (caso da Nike) como protagonistas. Kim desafiou os criativos a empregar mais mulheres nas campanhas que desenvolvem. “Da próxima vez que for escrever um roteiro, mude o nome do seu personagem para um feminino. Pergunte se isso afetaria muito a história”.

Ela convidou todos a fazerem esse movimento, ainda que seja para o benefício de suas carreiras, uma vez que a valorização das mulheres nas mensagens das campanhas melhora o resultado para os clientes. “Vamos fazer esse movimento, mesmo que seja egoísmo de nossa parte, pois, criativamente falando, vamos nos destacar”, disse Kim.

Por Beatriz Lorente

Cannes Lions 2016

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