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Papo com os Jurados: Flavio Waiteman / Direct
Papo com os Jurados – Cannes Lions 2020/ 2021
Flavio Waiteman, sócio e CCO da Tech and Soul. Nosso jurado em Direct Lions.
Clubeonline: Este ano o festival acumula os trabalhos de duas edições. Isso poderá interferir na qualidade do julgamento?
Flavio Waiteman: O bom trabalho se destaca de qualquer forma. Tenho visto grandes trabalhos de 2020 e 2021. Mas o que mais interfere mesmo é o valor da inscrição, o câmbio e as limitações de produção que impactaram também algumas ideias. No mais, é divertidíssimo ver, estudar, ler a defesa de 600 peças aproximadamente, contando a parte de peças que vi no longlist e todas as peças do shortlist. É o trabalho que pedi a Deus.
Clubeonline: Quais expectativas para sua categoria, tanto em termos globais quanto em termos de Brasil?
Flavio: Fiz uma camiseta que diz: Everything is Direct. Direct is Everything. A expectativa que está se concretizando é ter uma quantidade gigantesca de trabalhos que são Direct, mais os que se parecem com Direct e ainda os que podem se parecer com Direct se fizer uma forcinha. E todos eles merecem ser avaliados com seriedade e foco. Afinal uma inscrição em Cannes representa investimento significativo para a agência, além de altas expectativas para os times envolvidos na ideia.
Clubeonline: Você acredita que o resultado de Cannes irá refletir as mudanças que a pandemia causou no mundo e, consequentemente, na comunicação? E quanto a pautas como racismo e a inclusão, que também ganharam maior destaque nos últimos tempos, elas devem ser percebidas com maior ênfase?
Flavio: Cannes é a polaroid que capta o Zeitgeist do mundo. O que o mundo sente, a publicidade acaba abordando e, consequentemente, a gente acaba percebendo. Natural que impacte sim. As marcas viraram pessoas. Tudo começou com a Nike na ocasião do (ex-jogador de futebol americano Colin) Kaepernick. Ela colocou seu lucro em risco para se posicionar. Depois desse dia, em que as ações afundaram e as pessoas queimaram produtos, a Nike não recuou. E recuperou tudo e muito mais. A partir desse dia foi criada a marca/pessoa. O que vemos hoje é uma acomodação dessa narrativa. As marcas estão assumindo suas posições sociais, culturais, políticas, ecossociais e existenciais. A marca/pessoa, esse lado mais sério e de personalidade, demora um pouco para ser construído. E depois de construído, as marcas vão abordar outros temas. É que quando a marca se torna uma pessoa, ela precisa mudar de assunto de vez em quando. Mostrar outras facetas interessantes depois que todos entenderem a sua seriedade e propósito. Essa pessoa vai precisar mostrar sua intimidade, o quanto é sexy, esperta, bem humorada. O mundo é um salão repleto de rodinhas de pessoas que falam sobre os mais diversos interesses. Por isso, em breve, o humor e outros temas voltarão a ser tema das grandes ideias. Vale a pena viver esse tempo pelo qual estamos passando, que é importante, e pegar a próxima onda. De maneira prática, o próprio festival já coloca em cada categoria uma subcategoria Charity, em que divide o trabalho por propósito daquele que vende.
Clubeonline: Do que você vai sentir mais falta, este ano, por não estar na Riviera: do aeroporto de Paris; do Rosé no Martinez; do macaron na LaDurée; do jantar no “Pelourin”; das filas no tapete vermelho pra, quem sabe, subir ao palco; ou das festas?
Flavio: Rolou uma lágrima aqui. Vou sentir mais falta da Riviera, do aeroporto de Nice onde perdemos as malas todos os anos, do aeroporto de Lisboa (vou sempre por lá); do Rosé no Martinez e não só: da cerveja quente do Martinez, do Macaron a venda em todo lugar; sim, o pelourin também. Dois anos sem experimentar aquele papardelle com trufas. Falta sentirei também do sol, da praia e do clima bacana que é ver e rever amigos. Quem chega lá e vive isso, já ganhou tudo.
Leia anterior com Luciana Haguiara, diretora executiva de criação da Circus/MediaMonk, nossa jurada em Digital Craft Lions, aqui.