Cannes Lions 2022

Papo com os Jurados - Cannes Lions 2022

Rafael Pitanguy, CCO da VMLY&R. Nosso jurado em Glass Lions. 

Clubeonline - O Cannes Lions volta a ter uma configuração mais parecida com a que conhecíamos antes da pandemia. Você espera encontrar mudanças nesta edição presencial?

Rafael Pitanguy - Com certeza. O festival deste ano não é simplesmente uma sequência da edição de 2019, mas sim um evento que ocorre depois de uma pandemia que impactou todas as relações sociais e de trabalho do planeta. Então, de alguma forma, esta edição é uma novidade. Estamos voltando fisicamente para Cannes. Mas Cannes está diferente. O evento, como todos nós, se transformou para corresponder a esse novo mundo em que vivemos e isso repercute tanto no conteúdo do festival quanto nas premiações. Além disso, claro, há expectativa do reencontro de pessoas que foram privadas desse convívio por dois anos e que estão ávidas por absorver o máximo possível de conhecimento, trocar ideias e celebrar.

Clubeonline - Quais expectativas para sua categoria, tanto em termos globais quanto em termos de Brasil?

RP - Durante a pandemia houve um agravamento de questões de gênero como a empregabilidade, a violência doméstica e a autonomia financeira, no Brasil e no mundo, e isso certamente vai pautar a categoria. Afinal, Glass, “The Lion For Change”, como o próprio nome diz, tem a missão de reconhecer ações de marcas com potencial de transformar positivamente a sociedade. Falando sobre o desempenho deste ou daquele país, é muito difícil fazer qualquer tipo de prognóstico já que essa é uma categoria nova, que premia muito pouco, e faltam dados de análise. Em relação ao Brasil, especificamente, já sabemos que temos um finalista, o belíssimo “O Uniforme que Nunca Existiu”, e estou na torcida para que o país possa repetir o resultado do ano passado.

Clubeonline - Você acredita que o resultado de Cannes irá de alguma forma refletir mudanças que a pandemia causou no mundo e, consequentemente, na comunicação?

RP - Precisamos levar em consideração que a pandemia não acaba quando acabam os casos de Covid. A crise de saúde pública desencadeou uma série de outros problemas, como a crise econômica, o desemprego, medo, ansiedade, fome. Nossa sociedade não é e nunca mais será a mesma. Talvez ela tenha se tornado mais humana e menos consumista e a comunicação das marcas deve refletir isso.

Clubeonline - Diversidade e inclusão, balizas na construção de uma sociedade melhor e, consequentemente, de um novo mercado de comunicação, devem ser percebidas com ainda maior ênfase nas campanhas de 2022?

RP - A resposta é sim, mas acredito que essas pautas estarão para sempre na comunicação das marcas. As pessoas se tornaram mais exigentes e querem entender qual é o nível de comprometimento das marcas com ações sociais que beneficiem a sociedade como um todo. Não é só sobre fazer o bem. É sobre ética, valores, transparência. Essa tendência já existia, mas foi absurdamente acelerada pela pandemia. Para que uma marca seja longeva, ela precisa estar alinhada com os novos anseios da sociedade.

Clubeonline: Da programação de palestras, reduzida este ano, algo chamou sua atenção?

RP - O júri de Glass acontece durante o festival, e isso, infelizmente, não permitirá que eu acompanhe as palestras. Mas, se pudesse, a minha programação certamente incluiria o encontro da atriz Regina Hall com a CMO da Amazon, Ukonwa Ojo, para falar sobre narrativas femininas (When Women Tell Stories – Shifiting The Culture of Incluse Storytelling), a palestra da também atriz Lupita Nyong´o (Breaking Barriers and Building Community) e, claro, o papo do CMO global da Coca-Cola, Manolo Arroyo, com o CEO do WPP, Mark Read (The Creative Transformation of a Marketing Icon).

 

Leia anterior, com Glaucia Montanha, Head de Digital Business da Artplan e Convert e nossa jurada em Creative Data aqui.

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