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Cannes Lions 2023

Curiosidades da história do Festival, que chega à sua 70ª edição

13.06.23

O Festival Internacional de Criatividade de Cannes está para começar: acontecerá entre os dias 19 e 23 de junho. Esta será a 70ª edição do que se chama também Cannes Lions, evento que, apesar de inspirado no festival de cinema realizado na mesma cidade, estreou em outro lugar: Veneza, como International Advertising Film Festival. Naquele ano (1954), foram feitas ao todo 187 inscrições, nas duas únicas categorias existentes: TV e Cinema. Em 2016, que detém o recorde de peças inscritas, foram 43.101 inscrições em diversas categorias. Hoje, são nada menos do que 30 categorias diferentes.

Instalado de maneira permanente em Cannes desde 1984 – ao menos, até que se decida por outra cidade (como chegou a ser sugerido por líderes da indústria, anos atrás) –, o Festival reúne as maiores redes e agências do mundo, anunciantes, produtoras, big techs, veículos e diversas outras empresas ligadas ao mercado de comunicação. Esse encontro só não foi realizado uma vez: em 2020, quando surgiu a pandemia da covid-19. No ano seguinte, ele ocorreu 100% online.

Confira a seguir parte da história e algumas curiosidades sobre este Festival:

- O cinema está na origem do Cannes Lions. Mais precisamente, o Festival de Cinema de Cannes. Inspirados no evento – realizado desde 1946 –, representantes da Screen Advertising World Association (SAWA), entidade baseada em Londres, pensaram que os produtores ligados à publicidade também mereciam atenção e reconhecimento. E, assim, surgiu, como já dissemos, o International Advertising Film Festival, em setembro de 1954, com as categorias TV e Cinema. Um dos objetivos era promover a segunda, já que, fora dos EUA, era a única mídia audiovisual disponível para propaganda. Foram feitas 187 inscrições por 14 países. Uma campanha italiana para uma pasta de dente, Chlorodont, foi a grande vencedora do ano de estreia.

- Também como já dissemos, apesar da inspiração, a primeira edição do evento não ocorreu em Cannes, e sim em Veneza. No ano seguinte, o Festival mudou para Monte Carlo. Em seguida, foi a vez de Cannes, em 1956. Depois disso, o evento aconteceu alternadamente entre Veneza e Cannes. A cidade francesa virou a sede em definitivo em 1984.

- O leão alado da Piazza San Marco, em Veneza, deu a ideia para o troféu, que foi criado por uma joalheria de Milão (Argentieri Miracuolli) em 1969. Quando Cannes virou a cidade-sede do evento, gerou-se um incômodo com os italianos. A tal ponto que o Festival teve de mudar seu troféu, feito à semelhança da famosa estátua de Veneza. Com isso, cortaram” as asas do leão. Mas ele foi mantido como símbolo da premiação.

- Em Cannes, o evento já teve outro endereço. A sede era o Palais des Festivals, mas ele era outro prédio, instalado no promenade da Croisette, no local onde hoje existe o JW Marriott. O edifício foi inaugurado em 1949 e abrigou edições do Festival de Cinema e do Cannes Lions, entre outros eventos. Mas ele ficou pequeno para receber tanta gente. Tiveram a ideia de ampliá-lo com o uso do telhado. Mas os planos não foram para a frente. Houve muita discussão a respeito do que fazer até que se concluiu que era preciso construir outro prédio. Outro Palais. Em 1979, as obras começaram e o novo Palais des Festivals foi aberto em dezembro de 1982. No ano seguinte, ele abrigou os eventos que antes aconteciam no velho edifício, que foi renomeado como Palais Croisette. No início, a nova estrutura não agradou, mesmo sendo à beira-mar. Jornalistas e delegados o apelidaram de bunker. Ele não tinha o charme do antigo endereço. O destino do Palais Croisette rendeu mais uma novela porque não sabiam o que fazer com ele. Aventou-se que fosse um museu do cinema ou um cassino, porém o custo de manutenção acabou sendo mais forte do que os desejos. E, assim, determinou-se a demolição do antigo Palais, o que foi feito em 1988. Quanto à nova sede, ela foi ampliada em 1999.

- O evento passou por dois rebatismos em sua nomenclatura oficial. Em 1992, deixou de ser International Advertising Film Festival para ser International Advertising Festival. Deste modo, passou a incluir outros meios. Em 2011, nova mudança: passou a ser International Festival of Creativity. Segundo a organização, o objetivo foi transformá-lo de um festival que reconhece a excelência criativa em todas as formas de comunicação.

- Foi em 1990 que a organização adotou um programa de seminários para conferir mais valor ao evento. Não seria mais apenas uma premiação.

- Antigo integrante da SAWA, o empresário Roger Hatchuel assumiu em 1987 o controle do Festival. Em 2004, a inglesa Ascential adquiriu o Cannes Lions por um valor estimado em £52 milhões.

- Na primeira edição, o Festival recebeu 130 profissionais. Atualmente, a organização não revela o total de delegados, mas o Cannes Lions já chegou a receber mais de 15 mil participantes. Hoje, o que se fala oficialmente é que o público gira entre 10 mil e 15 mil pessoas. Na edição de 2009, afetada brutalmente pela crise internacional de 2008, o Palais esteve quase vazio. Foi algo impressionante. Foi também o início do fim das grandes festas anuais das redes de agências.

- As inscrições de campanhas em 1954, como já frisamos, chegaram a 187. No ano passado, foram inscritos 25.464 cases. O número está bem longe do auge: em 2016, o evento contabilizou 43.101 inscrições. A partir de 2017, a quantidade foi caindo, passando para 41.170, 32.372 (em 2018), 30.953 (em 2019) e 29.071 em 2021, que reuniu trabalhos inscritos naquele ano e em 2020 (quando o Festival foi cancelado). Para comparação, um total de inscritos inferior ao de 2022 é o do Cannes Lions 2010. Na época, foram 24.242 peças.

- Ao longo de sua história, o Cannes Lions criou diversas categorias ou modificou as competições que já existiam. Em 1983, as categorias TV e Cinema foram agrupadas e surgiu Film. Os prêmios eram divididos pelas subcategorias. Em 1992, na edição que teve o nome do Festival alterado para abarcar outras competições, foi acrescida a categoria Press & Outdoor. Em 1998, mais uma disputa foi lançada: Cyber. Em 2003, surgiu o Titanium. Nesta 70ª edição, como já contamos, são 30 categorias.

- Falecido em 30 de setembro de 2022, Dan Wieden, cofundador da W+K, é um ícone na publicidade. Ele tem uma conexão importante com o Festival. Em 2012, sua contribuição para a propaganda e criatividade foi reconhecida com o Lion of St. Mark, prêmio especial dado a quem fez história na indústria da comunicação. Wieden - que também entrou para o One Club Hall of Fame, o Art Directors Club Hall of Fame e o American Advertising Federation Hall of Fame - este ano será mais uma vez homenageado. O Titanium foi renomeado como The Dan Wieden Titanium Lions. Para quem não sabe, foi por causa dele que nasceu o prêmio designado para as grandes ideias. Em 2003, a campanha “The Hire”, criada pela Fallon Worldwide para BMW, causou barulho nos corredores do Palais des Festivals. Lançada em 2002 na web e composta por oito filmes de cerca de oito minutos cada – dirigidos por nomes como Ridley Scott, Guy Ritchie e David Fincher e tendo o ator Clive Owen como protagonista –, ela já vinha sendo considerada extraordinária pelo mercado. Em Cannes, o case tinha conquistado apenas um GP, o de Cyber. Ela não “cabia” nos Leões em disputa em 2003. Diante disso, Wieden, que presidia os júris de Film e da então categoria Press & Outdoor, encorajou a organização a criar um prêmio que reconheceria uma nova geração de trabalhos revolucionários, daqueles que quebram paradigmas. O Titanium nasceu assim e o primeiro Leão foi entregue a “The Hire”. Por essa contribuição, o Cannes Lions decidiu dar novo nome a seu cobiçado prêmio, que completa 20 anos.

- Desde que foi criado, o Titanium não atribuiu GPs em quatro edições: 2004, 2005, 2006 e 2011. O Brasil tem um Grand Prix de Titanium: em 2013 levou o troféu por “Real Beauty Sketches”, da Ogilvy para Dove (Unilever).

- Entre os prêmios honorários, está o Lion of St. Mark, lançado em 2011. O primeiro foi atribuído a John Hegarty, cofundador da BBH. O segundo foi para Dan Wieden, cofundador da W+K. Em 2013, foi a vez de Lee Clow, chairman da TBWA\Media Arts Lab. No ano seguinte, o diretor Joe Pytka, da Pytka, foi homenageado. Bob Greenberg, fundador e chairman da R/GA, recebeu o Leão honorário em 2015. Um brasileiro conquistou o Lion of St. Mark em 2016: Marcello Serpa. Na sequência, foram reconhecidos: David Droga (fundador da Droga5, hoje na Accenture Song); Piyush Pandey (chairman executivo da Ogilvy South Asia) e Prasoon Pandey (diretor da Corcoise Films); Jeff Goodby e Rich Silverstein (fundadores da Goodby Silverstein & Partners) e Mary Wells Lawrence (cofundadora da Wells Rich Greene). Em 2021, a organização não definiu quem iria homenagear. No ano passado, o prêmio foi atribuído a Colleen DeCourcy, CCO da Snap Inc. Em 2023, o Lion of St. Mark vai para mais uma mulher: Susan Hoffman, CCO da W+K.

- O Festival de Cannes foi palco no passado de festas grandiosas. Durante um período, o festival era mais extenso: durava oito dias. Havia espaço na agenda - e budgets - para encontros festivos das redes, como DDB e Leo Burnett, com shows e rosés à vontade. E não apenas delas. Outros players do mercado também promoviam convescotes para deleite dos delegados. Porém, isso foi mudando, a partir de 2009. E as festas lendárias minguaram até sumirem. Em 2018, a organização diminuiu a duração do evento. Desde então são cinco dias. Ainda há pequenas festas, com direito a atrações musicais e encontros das redes. No entanto, as big parties não acontecem mais como antes.

A cobertura do Cannes Lions 2023 pelo Clubeonline tem o patrocínio de Africa Creative, Circo FilmesKlick Health, ModernistaUnblock CoffeeVMLY&R e Wunderman Thompson.

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