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Comédia, drama, sobrenatural: Globoplay apresenta suas séries
Em um espaço de quase 1000 m², Globo, Globoplay, Globosat e Som Livre apresentaram ao público da CCXP as novidades para 2020. Mas no palco principal do festival o brilho coube às séries da plataforma de streaming do grupo. Em dois painéis, na abertura do evento, na quinta-feira (05), e em um concorrido horário da grade desta sexta-feira (06), os participantes puderam ver clipes exclusivos e ouvir o que vem por aí dos elencos, dos roteiristas e dos diretores.
Ao todo, para 2020, o Globoplay terá 16 novas produções originais. Entre elas estão as séries “Desalma”, “Onde Está Meu Coração” e “As Five”. A empresa anunciou ainda a segunda temporada de “Aruanas”. Todas foram desenvolvidas pelos Estúdios Globo - já “Arcanjo” e “A Divisão” (que entra na segunda temporada), também apresentadas para o próximo ano, são produzidas em parceria com produtoras independentes.
De adolescentes a jovens adultas
No painel da quinta-feira, na sessão dedicada ao homenageado do ano pela CCXP, o diretor Cao Hamburger contou histórias do "Castelo Rá-Tim-Bum", que fez 25 anos, e também antecipou um pouco do que os assinantes poderão ver na série “As Five”, spin-off de “Malhação - Viva a Diferença”. Hamburger é autor da série e discutiu os rumos da trama com as atrizes do elenco e mais o ator André Marques, da primeira geração de “Malhação”.
Sobre o "Castelo Rá-Tim-Bum", o diretor revelou que foram produzidos dois programas antes de chegar ao formato que ficou. Hamburger disse que o público deve cobrar programas infantis de qualidade. “O bom programa infantil não precisa ser educativo. E existem programas educativos chatos. Quando se junta a educação com o entretenimento, pode-se ter um resultado muito bom”, defendeu.
Da experiência com crianças para a vida de adolescentes. É o que demonstra o currículo do diretor. Em 2017, Hamburger dirigiu “Malhação”. O sucesso das garotas levou à criação da série, que se passa quando elas teriam chegado à vida adulta, com idades girando em torno dos 25 anos. “A gente fez a série por uma demanda do público. Como havíamos falado muito da escola, tivemos a ideia de fazer outro momento e mostrá-las como jovens adultas”, explicou o diretor.
A série tem 12 episódios e vai ao ar em janeiro. A transição da adolescência para a vida adulta das personagens Tina (Ana Hikari), Benê (Daphne Bozaski), Keyla (Gabriela Medvedovski), Ellen (Heslaine Vieira) e Lica (Manoela Aliperti) parece ter decolado tanto que a produção já trabalha para a segunda temporada.
Comédia dramática que nasceu de um thread
Na sexta-feira, o painel do Grupo Globo, que teve moderação de Fernando Caruso, começou com uma série que já está no ar na plataforma de streaming: “Eu, a vó e a boi”. Disponível desde novembro, a história nasceu a partir de uma narrativa real publicada no Twitter. O roteiro, que tem a assinatura de Miguel Falabella, está centrado na relação de ódio nutrida entre duas mulheres que vivem uma em frente a outra: a "vó" (Arlete Salles) e a “boi” (Vera Holtz), apelido dado dado pela vizinha depois de anos chamando sua antagonista de “vaca”, que considerou, tardiamente, ser muito machista. “É uma comédia dramática”, resumiu Arlette.
As cenas exibidas durante o painel demonstraram que as duas mulheres não medem forças em sua inimizade. Além de Arlette, estiveram no palco o diretor Paulo Silvestrini, e os atores Dani Winits, Daniel Rangel, Marco Luque e Alessandra Maestrini, que cantou ópera ao final da apresentação da série.
Drama focado em um problema da sociedade
Na sequência, foi a vez de o elenco de “Onde Está Meu Coração” contar os rumos da série, que estreia em março e tem dez episódios. O criador George Moura, a diretora Luisa Lima e os atores Fábio Assunção e Mariana Lima revelaram alguns dos desafios de se produzir a trama, centrada em uma jovem médica, filha do personagem de Fábio Assunção, que se entrega ao vício do crack.
Luisa disse que a narrativa não se concentra no consumo da droga. “Colocamos um olhar humanizado. Queríamos mostrar pela dramaturgia como cada um lida com isso”, afirmou. A proposta foi também apontar que o problema acomete diferentes perfis da sociedade. “Este é um tema que faz parte da minha vida. Conheci vários lados dessa história”, comentou Fábio, que também interpreta um médico. Ele acrescentou: "a droga não pode ser instrumento de segregação racial e social. Hoje ela é tratada assim, como um problema dos negros pobres e da periferia".
O público respondeu com muitos aplausos à declaração do ator, que revelou que tudo na série foi emocionante para ele. “Cada coisa que eu falava era como se eu estivesse me ouvindo. Quanto mais se fala sobre isso, menos se mitifica o assunto e mais a gente busca solucionar nossos problemas”.
O escritor George Moura pediu que o público veja a série com “olhos livres”. Em seguida, disse: “Não acreditamos que a solução do país seja botar armas na mão das pessoas, e sim livros”, sendo aplaudido com efusão.
Subgênero do terror e experiência de hiperrealidade
A última série apresentada no painel do palco principal da CCXP foi “Desalma” (leia aqui), uma produção que envolve bruxaria e o desaparecimento de uma jovem. O diretor Carlos Manga Jr. (Manguinha) esclareceu que a série é, na verdade, um subgênero do terror: o drama sobrenatural. Escrito por Ana Paula Maia, o roteiro está focado em três mulheres marcadas por transformações e perdas que são interpretadas por Cassia Kis, Claudia Abreu e Maria Ribeiro. “Há mitologia eslava, há bruxaria”, contou Ana Paula.
Maria Ribeiro alertou o público que a história, sim, dá medo. Ela destacou que a trama fala de mães e que Cassia Kis, com a cabeleira toda branca, atemoriza. E disse que a série vai bombar no Globoplay. Claudia, por sua vez, ressaltou que a produção é destinada ao público da CCXP. Ou seja, jovem, conectado e fã de streaming. “A história é envolvente e tem uma excelente estética”. Manguinha explicou que foi preciso pensar nos códigos de uma produção do gênero. “As portas estão se abrindo para fazermos coisas próximas do que a gente via lá fora”, emendou. Entre as referências que podem ser lembradas a partir da série estão os filmes “O Iluminado” e “A Bruxa de Blair”, além de toques de Ingmar Bergman.
No estande do Grupo Globo, o público da CCXP pode participar de uma experiência de hiperrealidade que promete ser a melhor do festival e que teve criação do Media Tech Lab da Globo. Quem entrasse na casa cenográfica que recria o clima da cidade onde acontece “Desalma” poderia passar por sustos ligados à história, embora não façam parte da trama. Bastava usar óculos de realidade virtual e percorrer a sala da casa e interagir com objetos, seguindo a orientação dada por fones. A voz que transmitia os passos a serem dados pelo visitante é de Cassia Kiss. A fila para a ativação da série é imensa, mas vale a espera.
Lena Castellón