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Recado do cinema nacional: veja os filmes na 1ª semana de exibição
Em um evento marcado pela badalação em torno de estrelas internacionais – entre elas, protagonistas de blockbusters ao redor do planeta –, um dos mais importantes recados dados nos palcos da CCXP 23, em seu primeiro dia, foi: vá ao cinema e prestigie os filmes brasileiros. E vá na primeira semana de exibição da produção.
O maior festival de cultura pop do mundo, em número de participantes, abriu suas portas nesta quinta-feira, 30, na São Paulo Expo, com painéis dedicados à produção do cinema brasileiro tanto em seu principal palco, o Thunder, quanto no segundo maior, o Ultra.
Por que na primeira semana? A explicação veio de Caio Ciocler, que interpreta Overman, super-herói criado pela cartunista Laerte que saiu dos quadrinhos para virar filme. Como toda produção de cinema, o público é fundamental para garantir que um título fique mais tempo em cartaz.
No caso dos filmes nacionais, há um “detalhe” que faz diferença. Há muitos títulos internacionais e o mercado faz rodízio de longas no circuito de cinema. As obras brasileiras precisam brigar por espaço diante da “invasão dos estrangeiros”, disse Ciocler. Uma boa performance na primeira semana da estreia permite que a produção aumente sua permanência nas salas.
As mensagens de valorização do cinema brasileiro se multiplicaram pelos painéis. Ou seja, além do público conhecer bastidores e novidades da produção cinematográfica atual, os artistas e diretores convocaram as pessoas a prestigiar as obras nas salas.
Em apenas uma sessão, a da Paris Filmes, se fez uma ode à produção brasileira. As comédias “Minha irmã e eu”, estrelado por Ingrid Guimarães, e “CIC – Central de Inteligência Cearense”, com Edmilson Filho; o drama “Bandida: a número um da Rocinha”, baseado em uma história real; a cinebiografia “Homem com H”, sobre o cantor Ney Matogrosso; e o juvenil “Chama a Bebel” foram as estrelas do painel.
“Minha irmã e eu” é dirigido por Susana Garcia, que também assina “Minha vida em Marte”, com Ingrid, e “Minha mãe é uma peça – 3”, com Paulo Gustavo. A diretora, que é irmã de Mônica Martelli, compartilhou com o público bastidores do filme, que estreia no dia 28 de dezembro (com pré-estreia no dia 25, em sessões especiais). Na comédia, Ingrid é a irmã da personagem interpretada por Tata Werneck. As duas cresceram em Goiás. Mas a caçula mudou para o Rio. É na cidade maravilhosa que elas voltam a se unir para encontrar a mãe (Arlete Salles), que desapareceu.
Participam também do filme Iza, Chitãozinho & Xororó, Lázaro Ramos e Taís Araújo, que entram como são. Na história, Tatá acaba se fazendo passar por amante de Lázaro. Uma cena com o casal real foi mostrada em primeira mão no painel (veja abaixo). Ao final da apresentação, Ingrid conclamou o público a ir ao cinema. “Vamos prestigiar o cinema brasileiro”, disse.
Na vez de “Bandida: a número um da Rocinha”, o ator Milhem Cortaz, famoso pelos filmes “Tropa de elite” e “Tropa de elite 2”, também convocou as pessoas a tomar as salas e fazer a defesa da cultura brasileira. “Precisamos ir ao cinema”. O filme tem direção de João Wainer e é baseado no livro da ex-traficante Raquel de Oliveira, que “A Número Um", em 2015. Quem interpreta a personagem, que, na trama, ganha o nome de Rebeca, é a atriz Maria (também ex-BBB). Segundo ela, o longa traz o ponto de vista da comunidade, o que também foi destacado por Milhem.
"Bandida” tem violência e outras complexidades, como disseram os dois atores, que trabalharam juntos na novela “Amor de Mãe”, embora em núcleos diferentes. “O filme fala sobre o jogo do bicho, o começo da milícia”, contou Milhem. “O personagem que eu faço é execrável, mas a história tem uma abordagem super humana”. Maria pontuou que Rebeca é uma menor de idade que se apaixona e se envolve em uma relação cheia de abusos e que a leva para o crime, onde se torna líder.
Comédia nordestina
Com estreia em outubro de 2024, “CIC – Central de Inteligência Cearense” é dirigido por Halder Gomes, que conhece Edmilson há cerca de 30 anos, como ressaltaram no palco. Ele foi professor de lutas marciais do ator. Edmilson, faz um agente da CIC: Seu nome é Ley, de Wanderley, codinome Karkará. O agente tem habilidades para as lutas marciais, da mesma forma que o ator. Uma cena exclusiva foi exibida demonstrando que o longa tem muita ação também.
Na CCXP, Edmilson quebrou uma tábua com um golpe da perna para demonstrar seu potencial. Ele tinha proposto um desafio: se quebrasse a tábua, o público teria de prestigiar o longa nos cinemas. Edmilson disse que “CIC” é uma comédia nordestina com qualidade de Hollywood.
Outra novidade em primeira mão da CCXP foi a apresentação do ator que irá interpretar Ney Matogrosso em “Homem com H”, produção cujas filmagens serão iniciadas em janeiro. É Jesuíta Barbosa, que fez o personagem Jove, da novela “Pantanal”. A escolha foi anunciada na véspera do painel pelo Omelete.
A cinebiografia, que tem o apoio do cantor, mostra diferentes fases da carreira de Ney, incluindo a infância. A direção é de Esmir Filho. Para Jesuíta, o trabalho será bastante desafiador porque, além de Ney ser um grande artista – e um dos mais performáticos da música brasileira –, o longa fala de alguém que ainda está vivo.
E, para destacar “Chama a Bebel”, o painel contou com as participações dos jovens atores Giulia Benite, que fez a Mônica em “Turma da Mônica – A série”, e Pedro Motta, que atuou na mesma produção. O filme tem direção de Paulo Nascimento e mostra uma adolescente engajada em causas ambientais e sociais, tendo Greta Thunberg como grande inspiração. O longa está previsto para estrear em janeiro.
Também no Thunder, um painel trouxe bastidores da comédia romântica “Ritmo de Natal”, primeiro longa do Núcleo de Filmes dos Estúdios Globo. A produção já está disponível no Globoplay e será exibido na TV Globo neste mês. No palco, estiveram o diretor executivo de produção do núcleo, Raphael Cavaco, os autores Juan Jullian e Leonardo Lanna, o diretor artístico Allan Fiterman e os atores Clara Moneke e Isacque Lopes, que interpretam o casal protagonista da história, Mileny e Dante. Ela é uma cantora de funk. Ele, um violonista clássico. E vão passar o primeiro Natal com suas famílias, vindas de universos diferentes.
Aviões e super-herói brasileiro
No palco Ultra, mais duas produções nacionais tiveram destaque em painel organizado pela distribuidora Star Filmes. “O sequestro do voo 375”, dirigido por Marcus Baldini, da Damasco Filmes, traz a história real de uma quase tragédia ocorrida nos anos 80, durante o governo Sarney. Um homem – interpretado por Jorge Paz –, insatisfeito com os rumos do país, decide cometer um atentado. Seu plano é fazer com que um Boeing da Vasp, com mais de 100 passageiros, seja desviado em seu rumo para atingir o Palácio do Planalto, em Brasília. Quem evita esse horror é o comandante do avião, vivido por Danilo Grangheia.
Baldini contou as dificuldades de logística que tiveram de enfrentar, já que a produção tinha de lidar com aviões do porte de um Boeing e manobras de difíceis execuções. “Tudo era muito grande”, revelou. Mas eles tiveram a devida consultoria para ajudá-los nessas tarefas. A única questão foi o ritmo. “A Força Aérea Brasileira tem outro tempo”, brincou Baldini. O resultado final demonstra ao mundo, como observou o diretor, que o cinema nacional também pode produzir um filme de ação com tantos desafios.
“O sequestro do voo 375” estreia na quinta-feira, 07. A produtora Joana Henning, que também esteve na CCXP, fez o apelo para o público conferir a obra no primeiro final de semana do longa nas salas. “O primeiro final de semana salva o cinema brasileiro”, reforçou.
Previsto para estrear em agosto, “Overman – O filme”, dirigido por Tomás Portella, teve o apoio de seu elenco para divulgar o longa. Estiveram no palco, além do diretor e de Caio Ciocler, a produtora Iafa Britz, a cartunista Laerte e os atores Caio Riscado (Maníaco Flatulento), Karina Ramil (Pamela, a Mulher Cachorro), Maria Lucas (Poline), Marina Provenzzano (Pane), Saulo Arcoverde (Passador de trote) e Victor Lamoglia (Ésquilo). Os super-heróis não se parecem com os da Marvel e os da DC. Como ressaltou Iafa, são heróis super brasileiros.
Sobre ver sua criação na tela do cinema, Laerte contou que até se surpreendeu com o tamanho que o personagem conseguiu. “Overman era uma gag visual. Encontrá-lo nesse universo recriado em longa-metragem é emocionante”. Tomás esclareceu que o mais difícil de "Overman - O filme" foi transformar um personagem de tirinhas curtas em alguém com diferentes facetas. “Era preciso trazer um conteúdo que se sustente por uma hora e meia”, afirmou o diretor.
Laerte comentou que Overman tem a cara de um Brasil atravessando crises, numa era pós-Fernando Henrique Cardoso. E Iafa observou que, pelo menos, o personagem faz terapia todo dia.
Com o elenco vestidos como os personagens, a plateia pode vivenciar um pouco das características de cada um deles. Ésquilo disse que não ajuda em quase nada. Poline comentou que não tem namorado e Pane, que é russa, declarou que tem como objetivo acabar com o poder do capitalismo e dos homens. E disparou estar feliz em um evento da CCCP, que remete à antiga União Soviética. Foi quando lhe esclareceram que ela tinha visto as letras erradas. Ao notar que o microfone traz a sigla CCXP, imediatamente ela deixou o palco. E nisso conquistou o público. Só falta agora conquistá-lo também nas salas de cinema.
Lena Castellón