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CCXP23

De monstros a mistérios, de docs a novelas, as apostas dos streamings

04.12.23

A CCXP é um evento onde os grandes estúdios anunciam suas apostas para o ano seguinte, o que leva muita gente a formar filas desde cedo e lotar a principal sala do festival, o palco Thunder. É assim desde a primeira edição, em 2014. Hoje, as plataformas de streaming também provocam comoção no público, ansioso por conhecer novidades entre filmes, séries, realities e outros programas de entretenimento.

Nesta edição, o evento – que se encerrou neste domingo, 03 – teve a participação da Apple TV+ pela primeira vez. O trunfo da empresa esteve na presença do elenco de uma de suas séries mais recentes e que integra uma franquia que une streaming e cinema e ganha força neste final de ano com extensão para o primeiro semestre de 2024, o Monsterverse. Em novembro, estreou na plataforma Monarch – Legado de monstros”, história dividida em 10 episódios, exibidos semanalmente. A produção se baseia no universo criado em torno de Godzilla e que inclui King Kong. A saga da Apple TV+ trata de uma organização secreta que está envolvida com o mundo dos monstros, a Monarch.

A franquia, que pertence ao estúdio americano Legendary Entertainment em parceria com a japonesa Toho, já tem quatro filmes lançados (“Godzilla”, de 2014; “Kong: ilha da caveira”, de 2017; “Godzilla 2: O rei dos monstros”, de 2019; e “Godzilla vs Kong”, de 2021) e o quinto irá estrear em abril de 2024: “Godzilla vs Kong: o novo império” - que teve painel e exibição de trailer também na CCXP23. A soma das bilheterias desses longas supera US$ 1 bilhão.

Mas entre as duas estreias, a da série e a do quinto filme do Monsterverse, tem outro Godzilla no meio. A produção em questão é da própria Toho, só que não faz parte da franquia: “Godzilla Minus One. Caso a bilheteria conquistada no Japão – onde o filme foi lançado em novembro – se repita no mercado brasileiro, então, a temática deve continuar em alta e manter esse fôlego até 2024 - veja trailers da série e dois filmes mais abaixo.

Os cinemas japoneses registraram US$ 3 milhões apenas na data de estreia da produção da Toho. Nos EUA, onde o longa entrou em cartaz na sexta-feira 1º, o montante arrecadado no final de semana foi de cerca de US$ 11 milhões, a terceira maior bilheteria do período. No Brasil, “Godzilla Minus One” estreia em 14 de dezembro.

Por tudo isso, faz muito sentido a Apple TV+ ter levado para a CCXP23 parte do elenco de sua série. No palco, estiveram Kurt Russell e seu filho Wyatt Russell, Anna Sawai, Kiersey Clemons e Ren Watabe, e mais o showrunner Chris Black (de “Ruptura” e “Star Trek: Enterprise”) e os produtores Joby Harold e Tory Tunnell (“Rei Arthur: a lenda da espada”).

Kurt disse na CCXP que a produção da Apple traz um Godzilla diferente do visto nos filmes – no entanto, ele continua assustador. A série procura discutir os impactos da existência desses seres para o mundo, desde a destruição de San Francisco após uma luta entre Godzilla e outras criaturas legendárias, acontecimento do primeiro filme do Monsterverse.

Apesar disso, Black ressaltou que não é preciso ser um fanático pela franquia para acompanhar a série. Isso porque “Monarch” não se restringe à fantasia e não está centrado na batalha dos gigantes. Ela traz dramas familiares e mistérios.

Por sinal, Wyatt contou que ele e o pai foram convidados para atuarem juntos em outras ocasiões. Porém nenhum projeto os atraiu antes. Nesse caso, a dupla topou por ser muito fã de ficção científica. Eles representam o mesmo personagem da série, um oficial do exército chamado Lee Shaw. Ele aparece na década de 1950 e meio século depois, quando a Monarch está ameaçada de ter segredos revelados.

Prime Video: do game para a série

Se é monstro que o público quer, então, que venham mais criaturas. E ficção científica! Uma das grandes apostas da Amazon Prime Video para 2024 é a série “Fallout”, derivada do game homônimo, da Bethesda.

A produção irá estrear em abril e conta a história de um mundo pós-apocalíptico, em que uma população privilegiada viveu escondida durante 200 anos em abrigos contra radiação, após uma guerra nuclear. Ao sair desse ambiente seguro, as pessoas se deparam com uma terra hostil, violenta e cheia de animais mutantes e outros seres perigosos, entre eles humanos.

Na CCXP, o produtor executivo Jonathan Nolan, cocriador da série “Westworld” (HBO) e irmão do cineasta Christopher Nolan, disse que começou a jogar “Fallout” em 2008 e pensava como seria viver no mundo apresentado pelo game. Ele, que dirigiu três episódios, destacou também a importância de não ter apenas CGI nesse tipo de história. “Já falei com meu irmão que não há nada melhor do que o real”, declarou, numa contraposição ao excesso de uso de cenas e elementos computadorizados – como já se criticou em algumas produções cinematográficas da Marvel.

Como para corroborar seu argumento, surgiu no palco, para surpresa da plateia, uma pessoa trajada com uma armadura robotizada como a que aparece na história, que é usada por um grupo de soldados em “Fallout”. Isso demonstrou quanto a produção em conferir esse ar de realidade à narrativa.

O painel contou com os atores Ella Purnell, Aaron Moten e Walton Goggins e o showrunner Graham Wagner. A série não é exatamente uma adaptação do jogo. E sim uma construção sobre esse universo. Walton, que participou de “Westworld”, vive um personagem, Ghoul, que difere do que é conhecido no game. “Ele é uma entidade nova. É um caçador de recompensas. E tem um nome: Cooper Howard”, revelou. Segundo ele, a série terá uma “cinematografia épica”.

É tradição da CCXP a revelação em primeira mão de trailers ou trechos das novas produções dos estúdios de cinema e das plataformas de streaming. No caso de Prime Video, além de cenas de “Fallout”, o público pode ver um momento da nova temporada de “Reacher, a segunda, que estreia em 15 de dezembro. Foi anunciado que a série – um drama sobre um ex- investigador da polícia, Jack Reacher, acusado injustamente de assassinato – já está em produção para a terceira. Um trailer da quarta temporada de “The Boys”, a ser lançada em 2024, foi exibido. A série, baseado numa HQ best-seller do The New York Times, mostra super-heróis ambiciosos pela fama, que fazem parte de uma corporação e que podem ser cruéis enquanto lutam para se manterem populares.

HBO Max: de “A Casa dos Dragões” a “Cidade de Deus”

Jodie Foster foi o grande nome convocado para o painel da HBO Max (que está fazendo a transição do nome da plataforma para Max, mudança que deve ocorrer oficialmente em 2024 no Brasil) na CCXP. Em sua segunda visita ao país (a primeira foi com 20 e poucos anos), a atriz divulgou a quarta temporada de “True Detective: Terra Noturna”, que ela estrela junto com Kali Reis. A história se passa numa cidade do Alasca, onde oito homens que trabalham numa estação de pesquisa desaparecem misteriosamente. Foram sete meses de gravação na região com temperaturas que chegaram a 20 graus negativos. A nova temporada, que teve trailer novo exibido, estreia em 14 de janeiro.

Outra série que teve suas primeiras cenas divulgadas no evento é a super aguardada segunda temporada de “A Casa do Dragão”. Segundo a pesquisa Geek Power, ela é a segunda mais esperada pelos brasileiros, perdendo apenas para "Stranger Things".

Sem data de estreia, a produção deve entrar na plataforma em meados de 2024. Na CCXP, Steve Toussaint (que faz Corlys Velaryon) e Ewan Mitchell (intérprete de Aemond Targaryen) falaram de bastidores da trama, que é baseada no livro “Fogo & Sangue”, de George R. R. Matin, e acontece 200 anos de “Game of Thrones”. Ewan afirmou no painel que cada episódio tem o calibre de produção de filme. “Esta temporada terá um nível maior de loucura e mais dragões”, antecipou.

Dentre as produções nacionais, um dos grandes destaques da HBO Max para o ano que vem é a série “Cidade de Deus”, spin-off do filme, lançado em 2002. Na produção, ressurgem alguns personagens do longa dirigido por Fernando Meirelles: estão lá Buscapé e Berenice, por exemplo, interpretados, respectivamente por Alexandre Rodrigues e Roberta Rodrigues. A atriz Andreia Horta também esteve na CCXP como integrante do novo elenco, mas seu papel na trama não foi esclarecido.

A série terá estreia em 2024 (sem data oficial) e narra a vida da Cidade de Deus 20 anos depois. Em cenas exibidas com exclusividade no festival, Buscapé aparece correndo, mais uma vez, pela comunidade. E, de repente, se vê cercado de bandidos, para quem alerta ser da imprensa. O vídeo se encerra aí, mantendo suspense.

Para Roberta, o filme foi uma revolução ao mostrar um elenco grande de pessoas negras na tela do cinema. Desta vez, a série dará protagonismo a mulheres. “Berenice vem mais potente. O povo está mais empoderado”, contou. Andreia revelou que todas as personagens femininas estão na direção de suas histórias. E Alexandre reforçou o comentário de Roberta, dizendo que a volta de “Cidade de Deus” como série também promete ser revolucionária.

O diretor Aly Muritiba afirmou que o foco da série está na comunidade, mostrando uma história de resistência e existência. “’Cidade de Deus’ inaugurou um gênero, o favela movie. E os personagens nos marcaram muito. É bom trazê-los de volta”.

Em outro painel, a HBO Max contou com parte do elenco de duas novelas para apresentar suas apostas nesse setor. Camila Pitanga, Camila Queiroz e Giovanna Antonelli falaram sobre “Beleza fatal”, enquanto Grazi Massafera e David Júnior trataram de “Dona Beja”, remake do folhetim da extinta TV Manchete.

Beleza fatal” será o primeiro produto do gênero na plataforma e a expectativa é que a novela entre no menu no ano que vem (não há data oficial de estreia divulgada). É uma trama que envolve vingança e uma clínica de beleza e estética. Já a nova versão de “Dona Beja”, que será a segunda novela da HBO Max, traz temáticas atualizadas, embora a ambientação seja histórica. Grazi faz Beja, que tem uma amiga trans. Grazi faz par romântico com David e terá envolvimento com outro homem, interpretado por André Luiz Miranda.

Globoplay: parceria com Afroreggae e docs sobre Jô Soares e Paquitas

Com a participação do diretor-presidente da Globo, Paulo Marinho, o Globoplay fez uma apresentação na CCXP recheada de estrelas da casa para mostrar as apostas da plataforma para os próximos meses. Sabrina Sato e Paulo Vieira comandaram o painel. Cerca de 30 artistas e executivos estiveram no palco Thunder.

O Globoplay é a maior plataforma brasileira de streaming, com 2,6 bilhões de horas consumidas neste ano”, disse Marinho. Ele contou que boa parte desse consumo é das séries brasileiras, ressaltando que, neste 2023, a empresa contabilizou 36 produções originais. A repercussão de algumas dessas produções indica que os brasileiros gostam de ver conteúdo brasileiro no streaming.

Entre as novidades do Globoplay estão: a estreia da terceira temporada de “As Five” (01º de março); novo personagem (interpretado por Luis Lobianco) e novo condomínio (desta vez de casas) na trama de “Os Outros”, cuja segunda temporada deverá estar na plataforma no segundo semestre de 2024; o remake da novela “Renascer”, a partir de janeiro na TV; e a retomada do programa “Cilada”, com Bruno Mazzeo e Debora Lamm, que ficou no ar entre 2005 e 2009 no Multishow, e que chega ao Globoplay com novos episódios a partir de maio.

A série original “O jogo que mudou a história”, prevista para 2024, é uma das grandes apostas do Globoplay. A série, que tem parceria com Afroreggae e Paranoid, aborda a origem de facções criminosas no Rio de Janeiro. O painel na CCXP teve participação dos atores Jonathan Azevedo e Babu Santana e da produtora Clarissa Lobo. São dez episódios com criação e produção de José Junior (Afroreggae) e direção geral de Heitor Dhalia. "Vocês vão ter uma história contada e feita por pessoas reais", disse Jonathan, o que foi corroborado por Babu.

De acordo com Clarissa, mais de 200 atores estão na série. Deles, 71% são negros. Além disso, 40% das pessoas que atuam na produção são não-atores, entre eles estão egressos do sistema prisional.

A plataforma apresentou também seus documentários, gênero no qual tem investido. As diretoras Mônica Almeida, Clarissa Cavalcante e Toca Prado falaram das novas obras: “MC Daleste - Mataram o Pobre Loco”, sobre o assassinato do MC, cometido há dez anos e ainda sem solução, e “Um Beijo do Gordo”, sobre Jô Soares, com direito a farto material de arquivo. Os dois terão quatro episódios cada e ainda não têm data de estreia. Já “Para Sempre Tão Bom – Paquitas” deverá estar disponível na grade no segundo semestre. O doc é dirigido por Ana Paula Guimarães, que foi a paquita Catuxa.

Boninho, diretor de gênero variedades e realities, fechou o painel com o BBB24, que vai estrear no dia 8 de janeiro. O programa é exibido na Globo e tem extensão em outras propriedades da empresa. Boninho revelou que a casa terá um terceiro quarto (ao todo, serão quarto, contando com o do líder) e que Globoplay terá uma câmera que segue o líder da semana. Além disso, um videocast diário irá repercutir os acontecimentos do BBB. A última novidade foi a aparição de Alok em um vídeo, apresentando um mix da música de abertura, que foi apresentada no palco da CCXP por Paulo Ricardo.

Lena Castellón

CCXP23

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