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Clube Insights

AKQA e a conexão entre música, marcas, criatividade e clipes

04.11.20

A gaveta da nostalgia foi bastante mexida no Clube Insights com a AKQA, que colocou a música, a criatividade, a cultura e o audiovisual no centro do debate. O projeto é uma realização do Clube de Criação com apoio institucional da Rede Globo e tem realizado lives com nomes importantes da publicidade brasileira e mundial. Sócios da AKQA São Paulo e CCO globais da rede, Hugo Veiga e Diego Machado fizeram um mergulho na época de ouro da MTV, especialmente da MTV Brasil, para discutirem cocriação, colaboração e conexão.

Para participar desse debate – que já está disponível no canal do Clube no YouTube –, foram convidados pela dupla Aline Lata, diretora de cena da Landia, que fez os clipes do projeto "Bivolt feat. Bivolt", da rapper Bivolt, e também um clipe para a cantora Céu; Gabriel Andrade, o Bill, fundador do Coala.LAB e do Coala Festival, e o ex-VJ Luiz Thunderbird, que esteve no primeiro time da MTV Brasil e que somou quatro passagens pela emissora.

Em um papo que durou cerca de 1h40, os cinco analisaram a razão do sucesso da MTV e da MTV Brasil, que, no dia 20 de outubro, completou 30 anos da estreia na TV brasileira. Ao mexer nessa gaveta, como disseram os fundadores da AKQA São Paulo, o objetivo foi mostrar como a música está na alma a agência e como esse espaço, que misturava entretenimento, criatividade e energia, inspira o trabalho que fazem – e não apenas pelo lado dos clipes.  “Tinha uma frente política, referências de comportamento, de design”, contou Diego.

A MTV foi um espaço em que, na adolescência, consumimos loucamente. Era um acesso fácil a um universo criativo”, afirmou Hugo, que não viu a origem da MTV Brasil, já que vivia em Portugal, mas que mencionou Beavis and Butt-Head como uma das influências do passado.

Thunderbird lembrou do início do canal no Brasil. “Os primeiros quatro anos foram de muita liberdade e experimentação. Não havia freio, só acelerador. Ideias não tinham restrições”, recordou-se. Por outro lado, trabalhava-se muito. Aconteciam ali coisas impensáveis para qualquer outra emissora. “Na época do governo Collor, a gente tinha uma camiseta que dizia ‘o que você vai ser quando você crescer’. A MTV virou objeto de adoração grande”, acrescentou o ex-VJ.

Aline comentou que, com a MTV, você entendia o que era ser jovem. “Hoje tem um comparativo interessante: descobrimos muitos artistas pelos clipes. Isso acontecia com a MTV”, disse. Ela também destacou o VMB como um evento importante para o setor. Há atualmente algumas iniciativas que procuram valorizar os clipes e fomentar o mercado.

Influências

Bill, que é do interior paulista, declarou que aprendeu sobre música por meio da MTV, até com programas documentais, porque muita coisa não chegava a sua cidade. “Ela influenciou muito a forma de pensar conteúdo para música. A linguagem gráfica do Coala pegamos da MTV. E o Acústico MTV era algo muito bem feito. Ainda tem influência. As referências ainda são modernas”, acrescentou.

Perguntado por Hugo se o Coala poderia preencher o buraco deixado pela MTV (que, com o tempo, não mais reverberou no mercado da música como em seu início), Bill respondeu que esse trabalho está muito além da capacidade de um único player. “Houve uma mudança cultural no Brasil, que teve influência da crise da indústria da música”, esclareceu.

Testemunha da história, Thunderbird afirmou que a MTV que as pessoas curtiam poderia estar em atividade até hoje se não fosse a falência da Abril. “O meteoro, pra mim, foi financeiro”, concluiu. O canal teria uma nova cara porque a emissora sempre se transformou. Como ele apontou, o canal se aproximou de realities, de esportes e da comédia. “Em 2010, a música voltou e novos VJs chegaram. Em 2011, eu voltei para falar de música. Sofria muito em ver que ela estava irrelevante”, completou.

Para o ex-VJ, nenhum canal do YouTube poderia ocupar o lugar que foi da MTV – até porque são meios diferentes. Mas o fato é que “o pessoal continua querendo consumir música e saber de artistas; é um assunto de interesse”. Vide o sucesso das lives nesta pandemia.

Colaboração e marcas

Diego questionou quanto o produto visual de uma música mudou com o tempo. Na análise dele, há até um olhar bastante comercial no setor. Por outro lado, exista quem consiga manter um trabalho mais autoral. Aline observou que o processo de fazer um clipe é ainda um desafio porque nunca existe muito dinheiro para o projeto. Mas, em suas experiências, sentiu que o processo foi bem livre. Ela citou o trabalho feito para Bivolt. “A ideia da interatividade veio da AKQA. Trabalhei em cima disso, mas com a liberdade de trocar ideias com a agência. Acho que o processo do clipe é mais colaborativo e com mais liberdade do que a publicidade. Mas aí também é preciso lidar com a expectativa do artista”, emendou.

Sobre isso, Diego disse que a abertura do artista frente a projetos é importante também. No caso de Bivolt, a agência fez a proposta de adicionar as músicas do clipe. “O álbum estava pronto e nossa ideia foi criar mais música”, lembrou, o que poderia não ser aceito pela rapper, mas ela aceitou a proposta. “Foi legal esse processo, do artista interferir no que estávamos fazendo e dela nos influenciar”.

Hugo explicou que, em todos os projetos na área feito pela AKQA, o trabalho foi muito colaborativo e o processo criativo se manteve constante. “Sempre surge algo. Com as trocas que tivemos, aprendemos bastante. Com elas, crescemos profissionalmente”, disse. Ele também ressaltou que ter uma ideia é 20% do processo; o mais difícil nisso tudo é concretizá-la.

A respeito da participação de marcas, Diego contou que já trabalharam com Nike e Deezer em projetos musicais feitos em parceria com o Coala. Bill afirmou que é preciso ser canalizador das ideias dos artistas. “Eles têm mentes muito criativas, muitos insights. Mas o mar de ideias fica bastante solto. A gente tenta organizar as ideias do artista, sendo que a palavra final é dele”.

Um engano comum é a marca tratar o artista como um simples influenciador. Nesse sentido, ela não está pensando exatamente na música que ele produz, disse Bill. Está de olho na fama do músico. E, assim, procura fazer com que ele transmita a mensagem que deseja passar. Porém, como Bill salientou, não é a marca que diz o que o artista vai fazer. É o contrário. Desse modo, ela pode entrar no cotidiano das pessoas que consomem aquela música e, enfim, se conectar com esse público. Por outro lado, poucas marcas entenderam que músicos podem ser bons influenciadores, se trabalhados da maneira correta. “Um artista tem conexão gigantesca com seu público e precisa captar patrocínio”, afirmou.

Tudo isso e muito mais podem ser conferidos na íntegra da entrevista no vídeo abaixo e também disponível no TVClubedeCriação. Não perca. Inscreva-se no canal e assista. Leia anterior sobre a live da AKQA aqui.

Prepare sua agenda

Clube Insights prevê 16 rodadas de palestras, entrevistas ou bate-papos, uma vez por semana, sempre às quartas-feiras, com nomes expressivos do cenário da comunicação nacional e internacional, tendo como força motriz o valor da criatividade.

O próximo encontro será nesta quarta-feira, a partir das 18h, com o espanhol Toni Segarra, um nome respeitado na Espanha e fora dela, que se intitula "um cara que escreve anúncios". As inscrições ainda estão abertas e podem ser feitas neste link. Leia também a história de Toni aqui.

Saiba sobre os próximos convidados na landing page do projeto.

E veja como foram as lives anteriores com:
Fabio Fernandes.
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Dedé Laurentino .
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Marcello Serpa.
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