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CNN+

O fim do serviço que mal nasceu

25.04.22

A notícia pegou muita gente de surpresa. Com cerca de um mês de funcionamento, o CNN+, um dos projetos mais significativos da história da CNN, como a própria companhia declarou, será fechado no dia 30 de abril. O fim do serviço foi anunciado na quinta-feira 21.

Os assinantes da plataforma, que estreou no dia 29 de março nos EUA, irão receber reembolsos proporcionais aos pacotes fechados. A programação, que conta com conteúdo diário ao vivo e atrações semanais – e alguns profissionais contratados de outros veículos, como Kasie Hunt (NBC) e Chris Wallace (Fox News) –, será exibida até o último dia.

A CNN.com informou que a decisão foi tomada pela nova administração depois que a antiga controladora da CNN, a WarnerMedia, se fundiu com a Discovery, formando a Warner Bros. Discovery no início deste mês.

Como a CNN pontuou, a visão da equipe que liderava o projeto do CNN+ contrariava o plano do CEO da Warner Bros. Discovery, David Zaslav, de abrigar todas as marcas da corporação sob um único serviço de streaming. Alguns programas da plataforma criada pela CNN podem ser integrados a esses planos de Zaslav. Outros irão ocupar a grade do canal principal da rede de notícias.

Em comunicado, JB Perrette, que assumiu como chefe de streaming na nova companhia, fruto da fusão, afirmou que, em um mercado tão complexo como o de streaming, consumidores querem simplicidade e um serviço completo que ofereça uma experiência melhor e com mais valor do que ofertas independentes.

Já as companhias buscam, segundo o executivo, “modelos de negócios mais sustentáveis para impulsionar futuros investimentos em jornalismo e storytelling de qualidade”. Perrette completou, dizendo que há interessantes oportunidades no segmento e que a CNN, “um dos principais ativos de reputação no mundo”, terá um papel importante para isso.

A decisão foi comunicada aos funcionários em uma reunião geral na quinta-feira por Perrette e Chris Licht, novo CEO da CNN, que iria assumir seu posto somente no dia 02 de maio. Ele teve de acelerar seu envolvimento com a empresa desde que os planos do CNN+ não encontraram alinhamento com o posicionamento da Warner Bros. Discovery.

Na reunião geral com os funcionários, Licht disse que o projeto em que estiveram trabalhando nos últimos seis a nove meses seria fechado. Ele reconheceu que muitos perderiam seus empregos, de acordo com reportagem da CNBC. A estimativa é que cerca de 350 pessoas serão demitidas.

Licht era produtor executivo do programa “The Late Show With Stephen Colbert” antes de ser convocado para comandar a CNN. Uma decisão que veio após um movimento que igualmente surpreendeu o mercado. No início de fevereiro, o então CEO da companhia de notícias, Jeff Zucker, pediu demissão ao admitir que estava se relacionando com uma colega da empresa, o que deveria ter sido informado. Zucker e Alisson Gollust, diretora de marketing da CNN, com quem se envolveu, deixaram a corporação.

Dois dias antes desse primeiro – e marcante – encontro oficial com os funcionários, Licht havia visitado a sede da empresa, em Nova York. Segundo a CNBC, ele fez questão de parar no andar em que tinha sido montado o CNN+.

Lançamento feito mesmo perto da fusão concluída

Na reunião geral, Perrette manifestou frustração com a gestão anterior da CNN e também da WarnerMedia, que era capitaneada por Jason Kilar até o início de abril. Segundo a reportagem da CNN.com, o chefe de streaming disse que parte da situação era evitável. Isso porque a liderança que vinha conduzindo o negócio decidiu manter o lançamento da plataforma para março, apesar de a fusão estar próxima.

De fato, o CNN+, que foi anunciado em julho do ano passado (reveja aqui), chegou ao mercado duas semanas antes da conclusão da fusão. A Warner Bros. Discovery tinha uma estratégia diferente para o streaming, como Perrette demonstrou na reunião geral com os funcionários, mas legalmente os termos não podiam ser discutidos. Não enquanto a fusão não tivesse sido concluída.

Outra mudança na corporação é a saída de Andrew Morse, vice-presidente executivo responsável pelo CNN+ e por todos os negócios digitais da CNN. Ele estava há nove anos na companhia e trabalhou intensamente com Kilar e Zucker para lançar o streaming em março. Ele deixará a empresa após um período de transição. Licht afirmou na reunião que gostaria que Morse ficasse, mas que acatou o pedido. Por sua vez, Alex MacCallum, chefe de produto e gerente geral do CNN+, ficará na companhia para dirigir a CNN Digital.

De acordo com a reportagem da CNBC, executivos da WarnerMedia esperavam que o CNN+ conquistasse dois milhões de assinantes após um ano. Eles comparavam as possibilidades de crescimento da plataforma com a expansão do The New York Times com as assinaturas digitais. Viam o CNN+ como um produto de notícias por assinatura com direito a novos programas, inclusive de entretenimento, e podcasts.

No entanto, a liderança da Warner Bros. Discovery considerou fracos os primeiros números obtidos pelo serviço e avaliou como errada a comparação com o NY Times. Na análise da nova gestão, a proposta do CNN+ se assemelhava mais ao Fox Nation, a plataforma de streaming da Fox, que ainda não tem dois milhões de assinantes apesar de ter sido lançada em 2018.

Os números alcançados pelo streaming da CNN podem parecer promissores: 150 mil assinaturas nas duas primeiras semanas. Porém a CNBC apontou que somente quatro mil assinantes acompanhavam a programação diariamente. Para a Warner Bros. Discovery, isso não foi suficiente para manter o serviço em atividade.

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