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Como nasceu a SunsetDDB?

Decisão de tirar DM9 do nome ocorreu há uma semana

19.12.18

Há cerca de três meses, Guto Cappio, presidente da Sunset, esteve em Miami para apresentar ao board do Grupo Omnicom seu plano para a empresa, um projeto ambicioso de três anos, que a tornaria uma agência integrada com novas áreas de atuação e preparada para o futuro. Na visão de Cappio, uma agência como a Sunset – como outras especializadas – não teria condições de sobreviver se continuasse atuando da mesma forma. O raciocínio valia também para agências convencionais que não têm expertise digital para oferecer a seus clientes.

O que eu deveria fazer em três anos agora terei de fazer em três meses”, comenta Cappio, desde a terça-feira (18) CEO da SunsetDDB, operação que resultou da fusão entre DM9DDB e Sunset, acontecimento que surpreendeu o mercado (leia aqui e aqui).

A nova agência, cujo endereço ainda será definido entre as duas sedes, nasce com mais de 400 pessoas e promete apresentar um cliente novo a partir de janeiro, já que as conversas com prospects estão sendo estabelecidas desde que o fato veio a público.

Vale destacar que Adriano Alarcon, que comandava a criação na DM9, continuará na nova operação e que Cappio afirma não pretender demitir ninguém, e que todos que desejarem ficar, ficarão. E ele pretende contratar.  A única baixa é de Marcio Oliveira, que era CEO da DM9, como já adiantamos antes.

O Clubeonline conversou com Cappio - que iria se mudar para a Califórnia neste fim de ano e viu sua vida sofrer uma reviravolta nas últimas semanas - para saber os próximos passos da nova operação e para entender a difícil decisão de tirar a marca DM9 do nome da casa. Havia algum tempo circulavam comentários no mercado de que a icônica agência estava destinada a unir forças com outra empresa do Grupo ABC. Como as duas histórias se juntaram? Cappio conta o que aconteceu e o que vem a seguir nesta entrevista que organizamos em tópicos.

Oportunidade – “A DM9 entrou como uma oportunidade. Sempre tive admiração pela agência. É uma casa criativa com um legado não somente para o Grupo ABC, mas para a publicidade brasileira. Quando começamos a falar de juntar as operações, vi que era a oportunidade de termos um bicho grande. Esse pensamento [de juntar as estruturas] não nasceu da fragilidade momentânea da DM9, por ter perdido uma ou outra conta. Na verdade, já vínhamos planejando um atendimento integrado para clientes que temos em conjunto, como Johnson & Johnson. Fizemos há cerca de seis meses a apresentação desse projeto, que era de um hub integrando as operações. O cliente aceitou tão bem que pensamos em adotá-lo para outros. Na minha cabeça, aquilo começou a fazer muito sentido. Poderíamos criar uma fortaleza para os outros clientes. Mas quando fiz minha apresentação em Miami, para o board do DDB, o plano era só da Sunset.”

[Pouco depois desta apresentação ao board a nova operação passou a ser discutida]

Marca DM9 – “Estamos falando de um ícone, um nome que tem um awareness gigantesco. Mas mais importante do que o nome é a cultura. A DM9 é uma agência agressiva em premiações, cria comportamentos e alguns dos grandes ídolos da publicidade passaram por lá. Meu maior desafio é manter essa cultura. Deixar de usar o nome foi uma decisão bem difícil. Mas a gente apostou que o caminho da Sunset aponta para o futuro. Carregamos um pensamento inovador. A decisão foi olhar para frente e fazer uma celebração entre o digital, o data-driven e a criatividade. Para quem é de fora, a DM9 sempre foi DDB Brasil. Isso continua. E vamos continuar em busca das premiações. A reação do Nizan [Guanaes, fundador do Grupo ABC e responsável pelo lançamento da DM9 em São Paulo – leia aqui sobre a história da agência]? Acho que ele falou ‘Guuuuto’ umas 112 vezes. E eu dizia ‘Nizan, acredita em mim’. Mas ele também veio junto. Digeriu e depois falou algo bem legal para o Guga [Valente, CEO do ABC e também fundador da DM9 em São Paulo]: ‘A DM9 é nossa filha. A SunsetDDB é nossa neta’. Rimos bastante disso. Mas, sim, foi mesmo uma decisão difícil. E o martelo sobre retirar o nome da DM9 foi batido há uma semana”.

Talentos e transição – “A equipe é igual. As agências já eram muito complementares. Da DM9 não sai ninguém que atua para McDonald’s, por exemplo. Não sai ninguém que atua para J&J. Mas entra gente que também é muito boa em outras especificidades, que não existiam do outro lado. Vamos levar mais do ecossistema digital. Todos continuam em suas frentes. Vamos somar. Mas quero melhorar o time. Busco novos talentos em todas as áreas – acho que apenas o atendimento está completo. Já tínhamos perdido alguns talentos recentemente. Quero trazer novos. A transição é um processo mais lento. Deverá levar três meses. O Marcio Oliveira [até então CEO da DM9DDB], um excelente executivo, deixará a agência, mas faremos uma transição também. Esse processo será mais rápido. Ele ficará conosco até janeiro.”

Modelo de negócios – “Essa questão é muito importante. Diz respeito ao que é pensar o novo. A Sunset é uma operação lucrativa dentro da rede e ela já estava montada para o futuro, dependendo muito pouco do investimento em mídia. O que mais vale para a gente é a consistência dos projetos. Nossa remuneração não se baseia em velhos modelos. Apresentamos ideias que podem não envolver mídia, mas a agência é remunerada. Tem de ser remunerada. Temos liberdade de pensar projetos para o cliente. Discutir sobre remuneração é algo muito delicado, mas é preciso fazer isso. Quando discutimos com o cliente, analisamos que time ele precisa para a marca, e não em cima de verbas. Perguntamos: ‘de que time necessita? Quais são os KPIs? Qual a performance que deseja?’ Com essas respostas, definimos como a agência é remunerada ou se ela será remunerada a mais se atingir os resultados. Não temos uma forma única. Se o mundo é plural, a remuneração também pode ser plural. Hoje trabalho com três pontos: transparência, clareza e compromisso com resultados.

Como nasceu a SunsetDDB?

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