Consciência Negra 2

O Clubeonline procurou profissionais do mercado para analisarem o que mudou na indústria da comunicação em relação à inclusão, ao combate à invisibilidade e ao racismo. Por conta do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, diversas empresas e marcas procuram promover ações e reflexões sobre o tema. Mas o quanto de fato avançamos?

Ao longo desta semana, vamos publicar respostas a quatro perguntas que fizemos para esta série. A entrevista agora é com Vinicius Chagas, head of conversations design da Dentsu.

Leia anterior com Ana Carla Carneiro, sócia-fundadora do Estúdio Nina, aqui.

Clubeonline – Na sua opinião, há mudanças de fato perceptíveis acontecendo no mercado da Comunicação, no Brasil, no que tange à inclusão, combate à invisibilidade e ao racismo?

Vinicius Chagas – Acho que a discussão já está posta, mas que as ações afirmativas, no sentido de inclusão e antirracismo, apenas começaram. E aqui falo tanto dos nossos entregáveis, quanto dos nossos ambientes de trabalho. Ainda é preciso caminhar para longe da representação em direção à real representatividade - nos filmes para TV, nas listas de influenciadores, na escolha dos fornecedores. E, quando falamos das equipes das agências, pensar em como a inclusão precisa de uma estrutura, de acolhimento - em qualquer cadeira. Não é porque você está contratando uma liderança negra que ela não vai precisar de respaldo. A senioridade técnica nada tem a ver com isso, é importante ressaltar. Não pode ser um movimento "para o mercado ver": precisa ser feito com responsabilidade, pensando no desenvolvimento e crescimento num mercado que ainda tem um longo caminho pela frente quando falamos de inclusão.

Clubeonline - Você participa ou conhece iniciativas com foco no antirracismo cujo trabalho venha fazendo a diferença no nosso mercado?

Vinicius - Destaco a Indique Uma Preta, uma consultoria construída por mulheres negras, que fomenta o ingresso de pessoas negras ao mercado de trabalho. E, para além da prestação de serviço para as empresas, tem um ponto muito legal de desenvolvimento e capacitação para os profissionais negros, com cursos gratuitos. Só amor por essa iniciativa!

Clubeonline – Com relação ao Brasil em 2023, quais suas expectativas sob o prisma da inclusão, igualdade social e diversidade?

Vinicius - Com o novo governo tomando posse, acho que as coisas devem melhorar muito. Mudar, de fato. Principalmente quando falamos do fomento do acesso à educação, ao aprendizado, à profissionalização de pessoas negras. Mesmas oportunidades: é esse o ponto de partida para que haja inclusão, igualdade social e diversidade no mercado de trabalho. Democratizar o aprendizado é a chave para que caminhemos mais rapidamente para uma inclusão mais efetiva.

Clubeonline - Poderia indicar um bom livro, ligado à questão racial, aos internautas que nos acompanham?

Vinicius – Um livro que todos deveriam ler para colocar em prática para ontem é o “Pequeno Manual Antirracista”, da maravilhosa Djamila Ribeiro.