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Com Flávia Roberta Freitas (IBM América Latina)
O Clubeonline procurou profissionais do mercado para analisarem o que mudou na indústria da comunicação em relação à inclusão, ao combate à invisibilidade e ao racismo. Por conta do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, diversas empresas e marcas procuram promover ações e reflexões sobre o tema. Mas o quanto de fato avançamos?
Ao longo desta semana, estamos publicando respostas a quatro perguntas que fizemos para esta série. Agora, o papo é com Flávia Roberta Freitas, líder de responsabilidade social da IBM América Latina.
Confira as entrevistas anteriores com Hudson Rodrigues, diretor de cena da Ladybird, aqui; Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro e apresentador do podcast Afroturismo (do Pod360), aqui; com Flávia dos Prazeres, atriz e apresentadora do Café Filosófico, da TV Cultura, aqui; com Renata Hilario, strategy manager da Budweiser (Ambev), aqui; com Vinicius Chagas, head of conversations design da Dentsu, aqui; e com Ana Carla Carneiro, sócia-fundadora do Estúdio Nina, aqui.
Clubeonline – Na sua opinião, há mudanças de fato perceptíveis acontecendo no mercado da Comunicação, no Brasil, no que tange à inclusão, combate à invisibilidade e ao racismo?
Flávia Roberta Freitas – Penso que atualmente meios de comunicação responsáveis atuam como aliados potentes e capazes de levar conhecimento sobre o racismo e de como ser/agir como uma pessoa antirracista. Como exemplo, posso citar a preocupação em refletir a realidade social/racial do país em eventos seja através da audiência ou principalmente dos palestrantes. Esta ação intencional tem propiciado inclusão e projeção para pessoas historicamente oprimidas, menosprezadas e invisibilizadas.
Clubeonline – Você participa ou conhece iniciativas com foco no antirracismo cujo trabalho venha fazendo a diferença no nosso mercado?
Flávia – Atuo como Conselheira Executiva do grupo de afinidades de afrodescentes da empresa em que trabalho e de muitos grupos de discussão de lideranças corporativas focadas na questão racial. Trabalhamos principalmente em ações voltadas para capacitação, atração e retenção de talentos. O reflexo destes programas já pode ser notado no mercado através de vagas afirmativas para pessoas negras. Posso citar como exemplo o programa “If black than code” desenvolvido pela IBM.Trata-se de uma parceria da IBM com a Gama Academy para atrair, selecionar e capacitar – gratuitamente e de forma online - estudantes pretos/as e pardos/as que queriam ampliar o conhecimento em tecnologia e se qualificar como desenvolvedores back-end e DevOps com foco em Java. Essa semana recebemos nossos novos colegas de trabalho: a primeira turma, com algumas dezenas de formados!
Clubeonline – Com relação ao Brasil em 2023, quais suas expectativas sob o prisma da inclusão, igualdade social e diversidade?
Flávia – Vejo uma necessidade latejante de conectarmos as iniciativas das corporações aos programas de governo e projetos sociais. Acredito na potência do coletivo. Falando especificamente das demandas da indústria de tecnologia, não olhar para diversidade/ inclusão/ igualdade social é comprometer a saúde dos negócios. Colaborar com programas sociais é uma maneira de trazer pessoas em situação de vulnerabilidade para um mundo de oportunidades em carreiras digitais. Os CEOs resolvem seu problema de apagão de talentos e as pessoas saem da vulnerabilidade social e econômica.
Clubeonline - Poderia indicar um bom livro, ligado à questão racial, aos internautas que nos acompanham?
Flávia – Não é uma novidade, mas é um excelente e eficiente guia para o tema antirracista: “O pequeno manual antirracista”. Pra quem já tiver se apropriado do tema, recomendo Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo. A narrativa forte e detalhada de suas vidas escancara a perversidade do racismo e expressa com clareza o porquê da necessidade urgente de sermos todos antirracistas.