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Consciência Negra 8

Com Cíntia Pessoa (Publicis Brasil)

25.11.22

Clubeonline procurou profissionais do mercado para analisarem o que mudou na indústria da comunicação em relação à inclusão, ao combate à invisibilidade e ao racismo. Por conta do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, diversas empresas e marcas procuram promover ações e reflexões sobre o tema. Mas o quanto de fato avançamos?

Ao longo desta semana, estamos publicando respostas a quatro perguntas que fizemos para esta série. Agora, o papo é com Cíntia Pessoa, diretora de Recursos Humanos da Publicis Brasil.

Leia as entrevistas anteriores com Flávia Roberta Freitas, líder de responsabilidade social da IBM América Latina, aquiHudson Rodrigues, diretor de cena da Ladybird, aquiGuilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro e apresentador do podcast Afroturismo (do Pod360), aqui; com Flávia dos Prazeres, atriz e apresentadora do Café Filosófico, da TV Cultura, aqui; com Renata Hilariostrategy manager da Budweiser (Ambev), aqui; com Vinicius Chagashead of conversations design da Dentsu, aqui; e com Ana Carla Carneiro, sócia-fundadora do Estúdio Nina, aqui.

Clubeonline – Na sua opinião, há mudanças de fato perceptíveis acontecendo no mercado da Comunicação, no Brasil, no que tange à inclusão, combate à invisibilidade e ao racismo?

Cíntia Pessoa – Sim, há algumas mudanças ocorrendo, com certeza não no ritmo ideal, mas estão ocorrendo.

Clubeonline – Você participa ou conhece iniciativas com foco no antirracismo cujo trabalho venha fazendo a diferença no nosso mercado?

Cíntia – Participo de algumas iniciativas dentro do próprio Publicis Groupe e da agência Publicis que têm como objetivo mudar a realidade no mercado. Faço parte do Power, coletivo de pessoas negras do Publicis Groupe Brasil. Trata-se de uma iniciativa cujo objetivo é promover o aquilombamento de profissionais negros, impulsionamento de iniciativas que promovam ações de inclusão e redução do racismo estrutural no grupo. A iniciativa é dividida em três pilares: DNA, Acolhimento e Letramento.

Temos também o Plano Una do Publicis Groupe, iniciativa criada em 2021 que compõe uma série de compromissos e ações afirmativas dentro de três pilares: Liderança Sênior, Todas as Pessoas Colaboradoras e Comunidade Negra. Entre diversas iniciativas, o Plano Una estabelece a meta de diversidade de todas as agências do grupo: 30% de profissionais negros no quadro geral de colaboradores até o fim de 2022. A Publicis já superou essa meta e conta hoje com 35% de pessoas negras no seu quadro de pessoal. Até 2027 a meta é ter 50% de colaboradores negros e negras no quadro geral de funcionários do Publicis Groupe.

Já na Publicis, acabamos de formar mais 33 mulheres no “Entre”, o curso de formação de criativas da agência. Nesta última edição tivemos uma ação de intencional de 85% das vagas direcionadas exclusivamente para as mulheres que se autodeclaram pretas ou pardas.

Essa iniciativa beneficia todo o mercado, já que outras agências também acabam contratando essas profissionais. O Entre já formou 123 mulheres ao longo de sua existência, e foi reconhecido com o Selo de Direitos Humanos e Diversidade, concedido pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo em 2022.

Clubeonline – Com relação ao Brasil em 2023, quais suas expectativas sob o prisma da inclusão, igualdade social e diversidade?

Cíntia – É evidente que entre 2020 e 2021 o foco das empresas estava em aumentar a representatividade de pessoas negras nas estruturas organizacionais. 2022 está sendo um ano de consolidação de diversas ações e iniciativas.

Espero que em 2023 as agências se comprometam verdadeiramente com a causa antirracista, afinal, voltar para trás não é possível, com ações efetivas relacionadas principalmente ao privilégio branco, letramento racial, desenvolvimento e visibilidade de pessoas negras nas estruturas organizacionais.

Minhas expectativas são de um ano de muito trabalho intencional e significativo, contando com todos os aliados para construir um ambiente seguro e antirracista.

Clubeonline – Poderia indicar um bom livro, ligado à questão racial, aos internautas que nos acompanham?

Cíntia – "Mulheres negras não deveriam morrer exaustas", da autora Jayne Allen (tradutora: Cynthia Costa); "O quilombismo: Documentos de uma militância Pan-Africanista", de Abdias Nascimento; e "Por que eu não converso mais com pessoas brancas sobre raça", da autora Reni Eddo-Lodge (tradutora: Elisa Elwine)

Consciência Negra 8

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