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Com Cíntia Pessoa (Publicis Brasil)
O Clubeonline procurou profissionais do mercado para analisarem o que mudou na indústria da comunicação em relação à inclusão, ao combate à invisibilidade e ao racismo. Por conta do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, diversas empresas e marcas procuram promover ações e reflexões sobre o tema. Mas o quanto de fato avançamos?
Ao longo desta semana, estamos publicando respostas a quatro perguntas que fizemos para esta série. Agora, o papo é com Cíntia Pessoa, diretora de Recursos Humanos da Publicis Brasil.
Leia as entrevistas anteriores com Flávia Roberta Freitas, líder de responsabilidade social da IBM América Latina, aqui; Hudson Rodrigues, diretor de cena da Ladybird, aqui; Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro e apresentador do podcast Afroturismo (do Pod360), aqui; com Flávia dos Prazeres, atriz e apresentadora do Café Filosófico, da TV Cultura, aqui; com Renata Hilario, strategy manager da Budweiser (Ambev), aqui; com Vinicius Chagas, head of conversations design da Dentsu, aqui; e com Ana Carla Carneiro, sócia-fundadora do Estúdio Nina, aqui.
Clubeonline – Na sua opinião, há mudanças de fato perceptíveis acontecendo no mercado da Comunicação, no Brasil, no que tange à inclusão, combate à invisibilidade e ao racismo?
Cíntia Pessoa – Sim, há algumas mudanças ocorrendo, com certeza não no ritmo ideal, mas estão ocorrendo.
Clubeonline – Você participa ou conhece iniciativas com foco no antirracismo cujo trabalho venha fazendo a diferença no nosso mercado?
Cíntia – Participo de algumas iniciativas dentro do próprio Publicis Groupe e da agência Publicis que têm como objetivo mudar a realidade no mercado. Faço parte do Power, coletivo de pessoas negras do Publicis Groupe Brasil. Trata-se de uma iniciativa cujo objetivo é promover o aquilombamento de profissionais negros, impulsionamento de iniciativas que promovam ações de inclusão e redução do racismo estrutural no grupo. A iniciativa é dividida em três pilares: DNA, Acolhimento e Letramento.
Temos também o Plano Una do Publicis Groupe, iniciativa criada em 2021 que compõe uma série de compromissos e ações afirmativas dentro de três pilares: Liderança Sênior, Todas as Pessoas Colaboradoras e Comunidade Negra. Entre diversas iniciativas, o Plano Una estabelece a meta de diversidade de todas as agências do grupo: 30% de profissionais negros no quadro geral de colaboradores até o fim de 2022. A Publicis já superou essa meta e conta hoje com 35% de pessoas negras no seu quadro de pessoal. Até 2027 a meta é ter 50% de colaboradores negros e negras no quadro geral de funcionários do Publicis Groupe.
Já na Publicis, acabamos de formar mais 33 mulheres no “Entre”, o curso de formação de criativas da agência. Nesta última edição tivemos uma ação de intencional de 85% das vagas direcionadas exclusivamente para as mulheres que se autodeclaram pretas ou pardas.
Essa iniciativa beneficia todo o mercado, já que outras agências também acabam contratando essas profissionais. O Entre já formou 123 mulheres ao longo de sua existência, e foi reconhecido com o Selo de Direitos Humanos e Diversidade, concedido pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo em 2022.
Clubeonline – Com relação ao Brasil em 2023, quais suas expectativas sob o prisma da inclusão, igualdade social e diversidade?
Cíntia – É evidente que entre 2020 e 2021 o foco das empresas estava em aumentar a representatividade de pessoas negras nas estruturas organizacionais. 2022 está sendo um ano de consolidação de diversas ações e iniciativas.
Espero que em 2023 as agências se comprometam verdadeiramente com a causa antirracista, afinal, voltar para trás não é possível, com ações efetivas relacionadas principalmente ao privilégio branco, letramento racial, desenvolvimento e visibilidade de pessoas negras nas estruturas organizacionais.
Minhas expectativas são de um ano de muito trabalho intencional e significativo, contando com todos os aliados para construir um ambiente seguro e antirracista.
Clubeonline – Poderia indicar um bom livro, ligado à questão racial, aos internautas que nos acompanham?
Cíntia – "Mulheres negras não deveriam morrer exaustas", da autora Jayne Allen (tradutora: Cynthia Costa); "O quilombismo: Documentos de uma militância Pan-Africanista", de Abdias Nascimento; e "Por que eu não converso mais com pessoas brancas sobre raça", da autora Reni Eddo-Lodge (tradutora: Elisa Elwine)