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Com Juh Almeida (da Pródigo)
O Clubeonline procurou profissionais do mercado para analisarem o que mudou na indústria da comunicação em relação à inclusão, ao combate à invisibilidade e ao racismo. Por conta do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, diversas empresas e marcas procuram promover ações e reflexões sobre o tema. Mas o quanto de fato avançamos?
Ao longo da semana passada, publicamos respostas a quatro perguntas que fizemos para esta série. Agora, o papo é com Juh Almeida, diretora de cena da Pródigo.
Leia as entrevistas anteriores com Cíntia Pessoa, diretora de Recursos Humanos da Publicis Brasil (aqui); com Flávia Roberta Freitas, líder de responsabilidade social da IBM América Latina, aqui; Hudson Rodrigues, diretor de cena da Ladybird, aqui; com Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro e apresentador do podcast Afroturismo (do Pod360), aqui; com Flávia dos Prazeres, atriz e apresentadora do Café Filosófico, da TV Cultura, aqui; com Renata Hilario, strategy manager da Budweiser (Ambev), aqui; com Vinicius Chagas, head of conversations design da Dentsu, aqui; e com Ana Carla Carneiro, sócia-fundadora do Estúdio Nina, aqui.
Clubeonline – Na sua opinião, há mudanças de fato perceptíveis acontecendo no mercado da comunicação, no Brasil, no que tange à inclusão, ao combate à invisibilidade e ao racismo?
Juh Almeida – Sabemos que nos últimos dois anos, após o episódio do George Floyd, uma revolução que já estava em curso explodiu de uma vez, e toda a indústria da cultura, da comunicação e da publicidade foi tensionada a mudar velhas práticas, no sentido de abrir espaços para diversidade, para além das datas celebrativas, Novembro Negro, mês LGBTQIA+, Dia da Mulher etc. Acontece que percebi que essa mudança que vem acontecendo está apenas na frente das telas, e nesse momento eu tenho sentido falta de ver mais pessoas como eu (mulher, negra, nordestina e LGBTQIA+) como líderes de equipes, diretoras de departamentos e redatoras. Não queremos mais ter que hackear os espaços para ocupá-los; queremos estar lá porque temos capacidade, porque somos competentes, queremos abertura para explorar nosso potencial e, mais ainda, porque queremos expressar nossa identidade, cultura e dialogar com a geral, para além dos recortes raciais, de classe, de gênero. Eu acredito muito no poder das imagens e em como uma construção de novos imaginários que contemplem os recortes que mencionei aqui podem gerar mudanças sociais significativas.
Clubeonline – Você participa ou conhece iniciativas com foco no antirracismo cujo trabalho venha fazendo a diferença no nosso mercado?
Juh – Sou membra da APAN (Associação de Profissionais do Audiovisual Negro).
Clubeonline – Com relação ao Brasil em 2023, quais suas expectativas sob o prisma da inclusão, igualdade social e diversidade?
Juh – Minha expectativa é que as pessoas entendam de fato a importância de jogar luz nesses temas, que entendam que colocar pessoas negras nos comerciais, na frente da tela, não é o suficiente. As práticas de respeito à diversidade e a luta antirracista precisam habitar os ambientes de reuniões, os camarins, a hora do almoço, ou seja, os debates precisam existir para além da nossa jornada de trabalho. Não se trata de preencher quadradinhos de “cotas”, mas, sim, de a geral entender a responsabilidade que temos quando nos propusemos a trabalhar com imagem e se comprometer em gerar mudanças reais na indústria.
Clubeonline – Poderia indicar um bom livro, ligado à questão racial, aos internautas que nos acompanham?
Juh – Vou indicar três: "O Pacto da Branquitude", de Cida Bento; "Lugar de Negro", de Lélia Gonzalez e Carlos Hasenbalg; e o meu preferido, "Olhares Negros – Raça e Representação", de Bell Hooks.