Craig Davis no CCSP

Inveja, ciúme e humildade são as reações que as campanhas devem provocar nos jurados das premiações para que o trabalho seja merecedor de destaque. Essa é a avaliação de Craig Davis, presidente dos júris de TV e Press no Festival Internacional de Cannes 2008, que falou nesta quarta-feira (23), com exclusividade para os sócios do Clube de Criação de São Paulo, no Hotel Unique, argumentando que "não dá para separar a criatividade da humanidade. Todos devemos nos sentir humildes diante das grandes idéias".

O criativo defendeu, durante sua exposição, que é a emoção que deve conquistar o público nas campanhas: "Primeiro a sensação, depois o raciocínio". O publicitário admitiu que essa experiência é extremamente subjetiva, individual, e é por isso que há necessidade de se reunir mais de 20 jurados em algumas competições de Cannes, para que haja diversos pontos-de-vista.

"Quando julgamos, temos de esquecer nossos egos, temos de ser honestos", avaliou. "Temos a tarefa de traduzir sentimentos e sensações em palavras e depois, em ouro, prata e bronze", afirmou. "Se sentirmos ciúme ou inveja, vale um prêmio. Mas se nos sentirmos realmente pequenos, humildes mesmo com relação àquele trabalho, aí sim, aquela idéia é fabulosa".

Declarado fã da publicidade brasileira, Davis também abordou o desconforto que a criatividade deve gerar no profissional de publicidade. "O conforto não é bom para a criatividade, mas o tormento, a miséria, o sacrifício, sim!", diz. "Antes da idéia surgir, vem o inferno, implorando pelo momento da revelação", traça, poeticamente.

Aliás, poesia lato sensu, no sentido mais amplo da palavra, não faltou nas suas citações. Ele lembrou do artista Jean Cocteau, que, questionado por um jornalista sobre qual das suas obras ele salvaria se seu estúdio pegasse fogo, respondeu: "O fogo". "Quanto do fogo foi colocado no trabalho? É isso que importa", analisou metaforicamente Davis. E, citando Stephen King, completou: "Uma boa idéia tem que ser suficientemente original apra extrair das pessoas uma resposta intensa". Ou seja, para Davis, a publicidade tem sim que emocionar.

A íntegra da palestra de Davis estará disponível no Clubeonline em alguns dias.

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