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Criado-mudo

O meu foi decisivo

07.07.08

Acho que sou viciado em criar. Nem que seja criar um novo chá ou, quando criança, quando eu misturava coca com guaraná.


E com esse vício, entre desenhos e pirações, criei meu criado-mudo.


Projetei ele de uma forma bem diferente, cheio de curvas, mas funcional. Uma tentativa não muito bem sucedida de ser, aos 18 anos, um Pininfarina dos móveis.

Mas o marceneiro resolveu tirar algumas curvas do meu criado-mudo e foi como se alguém tirasse as curvas de uma modelo. Ele ficou quadrado. Funcional, porém quadrado. Como um Gurgel.


Pensando bem, o marceneiro fez eu desistir de ser um designer e decidir seguir a carreira de publicitário, redator - ou pelo menos tentar. E hoje estou aqui.


O meu criado-mudo sem bunda e peitos ainda sobrevive. Nele há uma miniatura de taça da Copa do Mundo, um boneco de porcelana publicitário e, quando durmo em casa, meu celular. Quando minha namorada dorme, os inúmeros acessórios dela.


Enfim, o que me fez querer ser um publicitário não foi Eugênio Mohallem, Washington Olivetto nem Nizan Guanaes. Foi o meu guerreiro e reto criado-mudo.


Caio Lekecinskas, redator da Borghierh/Lowe.
 

Criado-mudo

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