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Região da América Latina e Caribe ganha marca
Um brasileiro e dois equatorianos respondem por uma marca que passa a identificar a região da América Latina e Caribe, uma escolha definida em um concurso capitaneado pelo CAF, banco de desenvolvimento regional que reúne 21 países e 13 bancos privados. É a primeira vez que o bloco conta com um símbolo que a represente. A iniciativa pretende chamar atenção para oportunidades de investimentos na região.
A marca foi criada por Ana Belén Arregui, Alejandro Muñoz Bottas e o gaúcho Jean Nicolas Guerreiro. Ele mora em Porto Alegre e, devido à tragédia ambiental no Rio Grande do Sul, teve desafios pessoais para participar do projeto. Os três se conheceram em Dubai, onde trabalharam na MullenLowe MENA. Atualmente, cada um atua de forma independente.
Os critérios que orientaram a escolha do símbolo foram identificação com a região, adequação à proposta conceitual (atrelada ao desenvolvimento), adaptabilidade, flexibilidade e versatilidade. O projeto traz conceito de unidade e integração.
A América Latina e Caribe é composta por 650 milhões de pessoas de 33 países, mais de 400 grupos étnicos e 450 idiomas.
O concurso, que tinha um prêmio de US$ 20 mil para a marca vencedora, recebeu mais de 500 inscrições. Foram selecionados cinco grupos, que fizeram um exercício de cocriação em São Paulo. A marca vencedora foi escolhida por um júri composto por sete pessoas: Adriana Barbosa, CEO do Pretahub; Claudia Casarino, artista visual; Gustavo Santos, diretor regional para as Américas da ONU Turismo; Karina Salguero, vice-presidente da Associação Ibero-americana de Design; Sergio Díaz-Granados, presidente executivo do CAF; Tere Chad, artista e curadora do NeoNorte 5.0; e Terri-Karelle Johnson, escritora, apresentadora de TV e “influenciadora”.
O resultado foi anunciado em cerimônia no Memorial da América Latina, nesta quarta-feira, 15.
Conceito
A ideia do projeto vencedor, de acordo com os criadores, não foi destacar exatamente o que nos une como América Latina, e sim valorizar o que nos torna diferentes. “A marca enaltece nossas diferenças, enxergando-as como oportunidades para enriquecer a comunidade latino-americana e caribenha”, disse Belén.
Guerreiro reforçou que o símbolo celebra as distintas experiências latinas que se somam, formando um único poder. A diversidade da região, portanto, é ressaltada como nossa maior força. “As linhas que constroem nossa marca representam muitos caminhos convergindo em um. Nos unimos sob a bandeira do ‘Y’”, explicou.
O “Y” em espanhol significa o “E” do português. “Rejeitamos a divisão do ‘ou’. Não é Pelé ou Maradona, e sim Pelé e Maradona”, exemplificou. Quanto à paleta de cores, Guerreiro afirmou que ela representa a riqueza da região, trazendo elementos de natureza, cultura, povo e alegria.
Parceria internacional
Designer especializado em criação de identidade visual, Guerreiro atuou em agências de Porto Alegre e, após a pandemia, decidiu trabalhar como freelancer. Até que foi chamado pela MullenLowe de Dubai, onde viveu por oito meses. Apesar de cada um ter retornado a sua casa, eles mantiveram contato. Belén acionou os colegas ao tomar conhecimento do concurso. Ela, Guerreiro e Alejandro resolveram participar.
“A ideia de nos juntarmos para o projeto do CAF foi natural, pois somos uma equipe muito concisa e diversificada. Temos muita sinergia. Eles são pessoas que admiro muito por toda sua trajetória profissional”, explicou Guerreiro.
Belén contou que conhece Alejandro há quatro anos, quando trabalharam na Ogilvy de Equador. Em Dubai, logo foram apresentados a Guerreiro, com quem tiveram uma boa “química laboral”.
Porto Alegre
Para o concurso, Guerreiro teve de sair de sua casa, que ficou sem energia e água, e ir para a residência de familiares, trabalhando de maneira improvisada. Às vésperas de entregarem o projeto, ele conseguiu voltar para casa e virou noites com Belén e Alejandro de modo online. Guerreiro não pode viajar para São Paulo para o anúncio da marca vencedora.
“Não vou dizer que o pior já passou, pois o estado terá de passar por uma reconstrução muito grande, fisica e mentalmente. É um momento de muita fragilidade de todos nós”, declarou.
Por causa das enchentes, Guerreiro pausou projetos. A maioria de seus clientes não é de Porto Alegre. Para ele, a vitória no concurso vai ajudar na visibilidade de seu trabalho. "O projeto é gigantesco. Vai ter muita coisa para rolar ainda”, comentou.
Projeção mundial
Para Díaz-Granados, que comanda o CAF, a identidade regional ajudará a América Latina e Caribe a reforçar sua voz no cenário internacional. “A marca é uma grande oportunidade. Como banco de desenvolvimento, o CAF cumpre a função de articular pontos de encontro. Apostamos na geração de alianças com organizações públicas, privadas e a sociedade civil para posicionar a América Latina e o Caribe como uma região de progresso e de soluções globais”, afirmou.
Além de impulsionar o turismo, fomentar o comércio intrarregional e incentivar as indústrias culturais e criativas, o CAF tem o objetivo de posicionar a América Latina e o Caribe como região com soluções para os desafios das mudanças climáticas.