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Dia da Mulher

Pesquisa Expectativa x Realidade: ainda há muito a mudar

08.03.19

 

Os movimentos de valorização da mulher já existem há algum tempo, mas eles têm se intensificado mais recentemente, com ações como o #metoo, que surgiu em outubro de 2017 contra o assédio e a violência sexual, que fechou cerco sobre grandes nomes da indústria cinematográfica, e se espalhou pelo mundo, ou a Marcha das Mulheres contra Trump, que em janeiro de 2017 reuniu mais de três milhões de pessoas contra a agenda conservadora do presidente americano, ou com a consolidação da manifestação argentina Ni Una a Menos, lançada em 2015, e da campanha brasileira Chega de Fiu-Fiu, nascida em 2013, entre outras.


Com tantas frentes sendo abertas, seria de se esperar que algo começasse a mudar. Sim, está mudando. Mas ainda há muito a melhorar. É o que mostra a pesquisa Expectativa x Realidade, feita pelo instituto Hibou para a plataforma Hysteria.


Dizer que há um longo caminho para que vejamos transformações estruturais não chega a surpreender, porém é importante ver em números como as mulheres enxergam a realidade hoje. Vemos claramente que as mulheres estão se sentindo mais fortes, mas o mundo lá fora ainda gera bastante desconforto”, disse ao Hysteria Lígia Mello, monitora do Hibou que comandou a pesquisa (leia mais aqui).


Foram ouvidas na semana passada 984 mulheres de todo o Brasil e de diferentes faixas etárias, mas com prevalência do grupo com menos de 44 anos (72%). Para 94% das entrevistadas, o Brasil é um país machista. Perguntadas se já sofreram algum tipo de violência por ser mulher, 71% afirmaram que sim. Outro dado sobre violência revela que 48% delas disseram já ter sentido medo do namorado ou do marido.


Levantamento da Folha, publicado nesta sexta-feira, Dia Internacional da Mulher, revela que 71% dos feminícidios ou tentativas de assassinato contra mulheres neste ano foram praticados pelos atuais ou ex-parceiros (confira a reportagem aqui). 


Feminista


A pesquisa da plataforma Hysteria aponta ainda que 79% das respondentes se consideram feministas, e 81% acreditam no conceito de sororidade. Questionadas se a palavra “feminista” já foi usada de forma pejorativa com elas, 72% disseram que sim. Para apenas 19% das entrevistadas, os homens estão parceiros nas lutas por igualdade (40% preferiram responder que não concordam e nem discordam dessa pergunta). E 52% afirmaram que a vida das mulheres não melhorou do ano passado para cá.


Dentro de casa, outra luta. Segundo 68% das entrevistadas, há divisões das tarefas domésticas com o parceiro. Mas o quadro indica que 50% dos afazeres ficam com elas. A outra metade? 20% ficam com funcionárias ou familiares - muitas vezes, outras mulheres - e 30% com os companheiros.


Trabalho


Em relação ao ambiente corporativo, o cenário também demonstra que muitas mudanças devem acontecer, apesar de tantos movimentos pedindo igualdade. Para 78% das entrevistadas, as pessoas ainda veem uma mãe como uma profissional menos comprometida. E 62% responderam que ainda acontece de elas se sentirem diminuídas no trabalho por ser mulher. Sobre aposentadoria, 73% declararam que é justo que a mulher se aposente com menos tempo de serviço do que o homem. É importante salientar que em 53% dos casos a renda das mulheres representa a metade ou mais da metade do total de ganhos da família.


 

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