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Mais mulheres na indústria: uma questão de negócios
Um painel com seis mulheres discutiu gênero e inclusão no El Ojo de Iberoamérica. A proposta foi debater a diversidade como vantagem competitiva. Para isso entraram em pauta projetos que ajudam a colocar mais mulheres no mercado e que facilitem a visibilidade de talentos, além de procurar estabelecer formas de promover e manter as profissionais que já atuam na indústria.
A moderadora do painel, a jornalista brasileira Mônica Charoux, abriu o debate com pesquisas e dados coletados não apenas do mercado de comunicação, mas de outros setores, que mostraram que as empresas entendem que é preciso aumentar a diversidade e viabilizar meios de fazer com que mais mulheres se tornem líderes.
Um estudo da Weber Shandwick, com 327 executivos de C-level de 55 mercados, apontou que 38% dos entrevistados afirmam que apoiam a promoção de lideranças femininas porque “diversas perspectivas” levam “a um melhor desempenho financeiro”. Entre esses executivos, 40% declaram que ter uma mulher em cargo de comando inspira outras profissionais a buscar atingir o topo das empresas. “Esse é um tema de negócios. Não se trata de moral”, disse Mônica.
A chilena Maribel Vidal, presidente do Women Leader Council para a McCann World Group América Latina, comentou que o mercado atravessa tempos extraordinários em virtude das transformações profundas vividas pelo mundo, que vem sendo sacudido por movimentos como #metoo, dentre outras iniciativas. “Temos uma necessidade pragmática de refletir a sociedade. Se não fizermos isso, estaremos negando a realidade”.
A argentina Laura Visco, diretora de criação da 72andSunny de Amsterdã, declarou que as novas gerações são muito mais colaborativas e que é importante ouvir essas jovens mulheres que estão chegando ao mercado. “Quanto mais levarmos energia feminina para as agências, mais vamos atrair profissionais”. Isso também foi corroborado por Katzi Olivella, head of connections and experiential marketing de Coca-Cola South. Ela observou que o trabalho de mentoria é fundamental, mas que é preciso fazer movimentos de baixo para cima. “A gente pode aprender muita coisa com os mais jovens”.
O painel ressaltou três pontos que são essenciais para promover mudanças no mercado: 1) organizar processos de recrutamento para poder ter mais mulheres nas empresas; 2) criar formas de promover as profissionais e dar mais visibilidade aos talentos; e 3) estabelecer meios de reter a diversidade (com projetos que permitam fazer com que mais gente fique nas empresas).
Projetos e parcerias
No debate foi lembrado que a inclusão se refere também a outros grupos. Marcia Esteves, CEO da Grey Brasil, contou sobre a parceria firmada recentemente com a Faculdade Zumbi dos Palmares. A proposta consiste em ter estagiários vindos da instituição (confira mais detalhes aqui). “Temos de abrir espaço para todos. As agências no Brasil não representam a realidade do país. Quando falamos de inclusão, na verdade isso vai significar que essas pessoas é que irão nos incluir no mundo”, acrescentou Marcia (veja mais no vídeo abaixo).
Outros projetos foram mencionados como o portal More Grls, do Brasil, e FindTheWomenBR, que dão mais visibilidade a currículos de profissionais do mercado. No primeiro caso, a atenção é voltada a quem atua no Brasil. No segundo, são de brasileiras que estão trabalhando fora do país. Laura Visco também abordou um projeto que igualmente amplia o conhecimento do portfólio de outras mulheres. É o Invisible Creatives. A brasileira Viviane Pepe, diretora global de criação e conteúdo da Avon, reforçou a importância dessas iniciativas. “Precisamos ter consciência da nossa responsabilidade para mudar a ideia de que criação é um boy club. Projetos como More Grls e Invisible Creatives é como criar um banco de talentos. Fiz um trabalho com jovens para discutir com elas como se deve mostrar mais os trabalhos e para que elas pensem o que fazer com seus talentos”.
Prêmio especial
A organização do festival, após o painel, decidiu criar um prêmio especial para celebrar a diversidade. A partir do ano que vem o El Ojo escolherá a melhor campanha dentre os cases que tenham na ficha técnica mulheres como diretoras criativas ou em cargos de mais altos na área de criação. Desse modo, pretende-se dar mais visibilidade às profissionais do setor.
A cobertura do El Ojo 2018 pelo Clubeonline tem o patrocínio da Publicis Brasil.