‘Entrega mais rápida do Brasil’

O Conar (Conselho Nacio­nal de Autorregulamentação Publicitária) recomendou recentemente alterações em peças publicitárias depois de analisar três processos de empresas do setor varejista: da Americanas, do Magazine Luiza e do Mercado Livre. Cada qual enunciava fazer a "entrega mais rápida do Brasil".

A alteração foi sugerida pelos conselheiros - em votos que trazem justificativas de cerca de 20 páginas cada - com base no artigo número 1 o Código de Autorregulamentação Publicitária, de que todo anúncio deve ser "honesto e verdadeiro".

Dessa maneira, as peças precisam trazer dados e oferecer ao público acesso a pesquisas que demonstrem detalhadamente que a informação alegada corresponde à realidade.

Como os anúncios foram julgados em primeira instância, cabem recursos.

Procuradas pelo Clubeonline, as varejistas se posicionaram sobre o assunto. O Magazine Luiza informa que "não irá recorrer". A empresa esclarece que continua usando o termo "entrega mais rápida do Brasil", mas que "serão incluídas as informações sobre a pesquisa" na peça publicitária.

O Mercado Livre destaca que a decisão do Conar permite à companhia "continuar a adotar o claim 'entrega mais rápida do Brasil', desde que inclua um disclaimer que delimite com clareza e veracidade os parâmetros utilizados para afirmar tal liderança". 

Segundo a varejista, "isso significa mencionar os critérios do estudo independente realizado pelo instituto OnYou, a pedido do Mercado Livre. Esse estudo considera compras reais, feitas nos principais marketplaces e em diversas capitais e cidades do interior de todas as regiões do país. Conforme consta neste processo, o estudo comprova que, dentre os prazos de entrega de todos os marketplaces pesquisados, o Mercado Livre tem a entrega mais rápida do Brasil".

A empresa acrescenta que, "em relação ao outro processo, que permitiu ao Magazine Luiza adotar o claim 'entrega mais rápida do Brasil', a companhia informa que vai recorrer da decisão".

Já a peça publicitária da Americanas era referente à Black Friday do ano passado, segundo ressalta a varejista. "Americanas S.A. informa que o debate no Conar envolve a campanha veiculada na Black Friday de 2020. Durante o procedimento, o órgão reconheceu que a Americanas oferecia a modalidade mais rápida de entrega em produtos e locais elegíveis."

Não somente empresas do setor varejista travam esse tipo de embate, que exige números e comprovações, no Conar. Um outro segmento em que é bastante comum disputas do gênero é o de telefonia celular, em que as companhias costumam anunciar "maior cobertura" ou "liderança de mercado".

Em março, por exemplo, o Conar recomendou alteração de campanha da TIM - depois de reclamação da Claro. O claim "A maior cobertura do Brasil" teve que ser alterado para identificar a rede à qual se refere - 4G. Além disso, a expressão publicitária "A melhor cobertura do Brasil" não pode mais ser usada, já que carece de comprovação.