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Serviço de streaming aposta em podcasts e audiobooks
O mercado de streaming cresce no Brasil, com a consolidação de serviços como Netflix, Spotify e Amazon Prime Video. E o de podcasts também: atualmente há mais de dois mil programas ativos, aumento de 330% sobre 2018, informa a Associação Brasileira de Podcasters (sim, já existe uma associação). Nesse cenário, chega mais uma plataforma ao país, a sueca Storytel. Criada em 2005, a empresa se posiciona como um serviço de entretenimento em áudio. Com o Brasil, abre sua 18ª operação no mundo.
Em sua origem, a Storytel trabalhava basicamente com audiobooks, numa época em que smartphones não eram nem realidade. Com o tempo, a companhia avançou para países nórdicos. E há três anos iniciou uma expansão para outras regiões. No ano passado, foi redefinido o posicionamento pelo viés do entretenimento. A empresa já dispunha de um bom acervo para streaming de histórias em áudio, como audiobooks, podcasts, séries narradas, canais de informações, com conteúdo que pode ser ouvido pelo celular, por meio de assinatura - não há opção gratuita, como nos streamings de música. Recentemente chegaram a um milhão de assinantes no mundo.
Para desembarcar por aqui, a Storytel começou a se estruturar no país há cerca de um ano e meio. Isso porque para se lançar é preciso ter uma quantidade mínima de conteúdo. Era preciso fazer acordos com editoras. Afinal, seria o primeiro acervo em português da empresa. “O Brasil é um mercado interessante. O streaming está muito bem estabelecido. É um país conectado. E tem expansão do áudio, que mostra uma tendência de consumo em alta”, afirma André Palme, country manager da Storytel no país.
O serviço foi lançado nesta semana, com um valor de assinatura mensal de R$ 27,90. Entre os conteúdos de estreia estão os livros O Pequeno Príncipe, na voz de Marcelo Tas, e Assassinato no Expresso Oriente, clássico de Agatha Christie interpretado pelo ator e dublador Mauro Ramos. De fato, a empresa conta com uma coleção da escritora a ser lançada no formato áudio. Na parte de podcasts, destaques para a Monja Coen (com meditação zen), para o jornalista Chico Felitti (“Outras vidas”, contando sobre pessoas importantes para a cidade, embora pouco conhecidas), e para a escritora Thalita Rebouças (“Unidas pela separação”, com uma espécie de debate sobre fins de relacionamento).
Além do material em português, há muito acervo em inglês. Não se trata de todo o material disponível na plataforma. Isso porque os contratos com as editoras são feitos por um país. Em 2018, a Storytel produziu cinco mil títulos em 17 idiomas. No total, são mais de 300 mil títulos, em quase 25 línguas (há países com mais de um idioma). Agora, acrescenta o português à base e ainda neste ano irá abrir a plataforma na Coreia do Sul.
Concorrência
Em um mercado que tem Spotify, Deezer, Globoplay, HBO Go e Netflix, como fazer para conquistar o interesse do consumidor que já tem de pagar por streaming ou on demand? E as editoras não temem perder venda de livros físicos? André Palme acredita que a resposta está exatamente no posicionamento. “Estamos disputando o tempo livre das pessoas. Nosso público-alvo é o consumidor de entretenimento digital. A gente quer que o áudio seja algo complementar”, diz. No entendimento da empresa, as pessoas não consomem apenas um formato. Daí, a chance de conquistar uma fatia com a oferta de histórias em áudio com alta qualidade de produção. E com conteúdo que desperte a atenção.
“No caso das editoras, não queremos criar uma guerra. Por causa de nosso posicionamento, não estamos tirando leitores do mercado. Lidamos com gente que normalmente não buscava livros. Mas quem ouve os audiobooks muitas vezes se interessa em adquirir o produto físico. Estamos gerando uma audiência nova e, com isso, dinheiro novo”, acrescenta Palme.
A Storytel não tem publicidade em sua plataforma. E até o momento não dispõe de nenhum projeto fechado com marcas. Mas estão abertos a qualquer proposta. Há muito a ser explorado. Conteúdo em espanhol deverá chegar por aqui também. Um campo a chamar atenção será entender quem é a audiência, o que consome e como consome. Por isso, a área de dados é importante para a companhia.
Globalmente, a empresa tem duas áreas de negócios, streaming e publishing. Na primeira parte, estão os podcasts, as séries em áudio, os audiobooks e também ebooks. Na outra ponta, estão acordos com editoras. Os modelos são de distribuição (o conteúdo já existe e vai para a plataforma sem exclusividade) e licenciamento (a empresa investe na produção e o conteúdo fica na plataforma). Em janeiro deste ano, o grupo adquiriu mais um negócio, a Ztory, streaming de jornais e revistas.