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Dirigir para diferentes formatos: saída é quebrar barreiras
Cada vez as janelas de exibição de conteúdo estão mais integradas. Dentro deste contexto, a tendência é que os profissionais do setor, incluindo os diretores, atuem de forma transversal, deixando de se concentrar apenas na TV, no cinema ou no teatro. Este foi o fio condutor do debate da mesa Dirigindo Para Vários Formatos, que ocorreu no terceiro dia do Festival do CCSP 2013. O encontro foi moderado por Fábio Mendonça, da O2 Filmes, e contou com a participação de Maurício Farias (TV Globo), René Sampaio (Fulano Filmes), Cao Hamburger e Felipe Hirsch. Com carreiras consolidadas em áreas diversas, os quatro participantes, com exceção do moderador, já tiveram a experiência de dirigir longas-metragens.
Dizem que O teatro é a arte do ator, o cinema é a arte do diretor e a televisão é a arte do escritor. Para vocês é isso mesmo?. Foi com essa menção a uma citação do autor Silvio de Abreu que Fábio Mendonça abriu o debate, instigando os presentes a refletir sobre a divisão que antes era tão clara entre as três artes mencionadas.
Para Maurício Farias, que tem em seu currículo vários trabalhos como diretor de cinema e televisão, tanto no cinema quanto na televisão, o que move o diretor é uma ideia que leva adiante. Não vejo tanta diferença entre cinema e TV, a não ser na forma de fazer. São variações da mesma linguagem, frações do audiovisual, diz Farias.
O mesmo raciocínio é compartilhado por Cao Hamburger ao ser perguntado sobre dois de seus trabalhos, bastante conhecidos: a série da HBO "Filhos do Carnaval" e o longa-metragem "Xingu", que retrata a vida dos irmãos Villas Boas. A diferença entre Xingu e Filhos do Carnaval é o tempo de duração. O que posso dizer é que Xingu daria uma grande série (como deu, com audiência maior que no cinema) e Filhos do Carnaval daria um grande filme, afirma.
Ele acredita que a vantagem do formato série é que ele dá a possibilidade de desenvolver melhor os personagens, propiciando ao público mais tempo para conhecê-los. No mundo todo, as séries têm se tornado espaços de experimentação, por isso as séries têm se mostrado mais interessantes, diz Hamburger.
Para Farias, a TV, de fato, está recebendo conteúdo mais ousado que o cinema. Mas, em sua opinião, o cinema nacional passa por uma boa fase ao ter encontrado um caminho para se transformar em indústria, citando como exemplo o aumento da produção de comédias, gênero que tem atraído cada vez mais espectadores.
O diretor René Sampaio pondera que a existência dessa indústria é positiva para a produção como um todo. Ainda que as tais comédias românticas que fazem tanto sucesso não sejam o cinema que quero fazer, tem que ter espaço para tudo. Tem coisa ruim e coisa boa. Temos que saber onde colocar cada coisa, diz o diretor do recém-lançado "Faroeste Caboclo".
Felipe Hirsch acredita que os padrões preestabelecidos não se encaixam mais no que tem sido feito em termos de conteúdo. Para ele, o caminho é pensar nessas janelas de forma integrada. Neste contexto comercial, existe uma estrada paralela que é a dos artistas. Sem a qualidade das ideias nada vai sobreviver. O artista não vai ser mais diretor de cinema ou diretor de TV. Será artista. Essa variedade de grandes artistas fazendo cinema, TV, teatro vai fazer com que sejam realizadas obras cada vez melhores, aposta Hirsch.
Valerya Borges
Instagram do Festival do CCSP: "Festival do CCSP 2013"
#FestivalCCSP #unbovineyourself
Serviço:
Festival do Clube de Criação de São Paulo
Quando: dias 20, 21 e 22 de setembro (sexta-feira, sábado, domingo)
Onde: Memorial da América Latina Barra Funda São Paulo
Estacionamento no local e metrô ao lado
Fan page: http://www.festivaldoccsp.com.br