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Festival do Clube 2015

Luciana Ceccato em 'Brasil tipo exportação'

20.09.15

Para desmistificar, ou ao menos trazer para a real, como é trabalhar “na gringa”, esclarecendo criativos brasileiros interessados em zarpar do nosso país, a head of planning and creative da The Talent Business, Luciana Ceccato, ministrou a palestra “Brasil tipo exportação”, na tarde do sábado (19), durante o Festival do Clube de Criação.

Luciana apresentou em vídeo depoimentos de criativos brasileiros que estão trabalhando nos EUA, Inglaterra, Singapura e Alemanha, sublinhando a heterogeneidade de cada mercado. “Escolhi um time bom, a maioria deles está há bastante tempo fora, já passou a fase do deslumbramento. Eles podem falar bem na real o que é estar ‘na gringa”, ponderou.

O público do Festival pôde ver e ouvir Rodrigo Butori, diretor de criação da La Comunidad; Suzana Apelbaum, diretora de criação do Google; Erick Rosa, diretor de criação executivo da Lowe Singapura; Fabio Seidl, diretor de criação executivo da Leo Burnett Chicago; Marcelo Padoca, Fernando Reis e Guilherme Nóbrega "Ruivo", criativos da La Comunidad; Icaro Doria, CCO da DDB de Nova York; Ricardo Wolff, diretor de criação da DDB Berlim; Dedé Laurentino, diretor executivo de criação da Ogilvy de Londres, e Beto Fernandez, diretor de criação da BBH de Londres.

Luciana também exibiu dicas para quem quer mesmo sair do Brasil, enviadas por Tanya Livesey, head global de criação da Talent Business.

Os criativos começaram respondendo “o que que a baiana tem?”, ou quais as características do profissional de criação brasileiro que fazem de fato a diferença.

Versatilidade, jogo de cintura, capacidade de resolver os problemas com facilidade, alegria e “tempero” diferente foram alguns dos diferenciais citados por eles. “Diretor de arte brasileiro é um canivete suíço, faz muita coisa”, disse Laurentino.

Chamou a atenção o fato de vários criativos relacionarem termos ligados ao exército para definir o criativo brasileiro - de Bope a treinamento militar -, além de citarem a resiliência do profissional daqui. “É uma característica e ao mesmo tempo uma preocupação: será que a vontade de sair do Brasil não está relacionada ao ritmo absurdo de trabalho que temos por aqui? Será que precisa ser assim?”, ponderou Luciana.

Em seguida, os criativos convidados falaram sobre choque cultural e as diferenças que sentiram ao chegar no novo local que escolheram para trabalhar e viver. Muitos deles citaram que, no Brasil, se trabalha em um número de projetos muito maior e há mais agilidade. Por outro lado, destacaram a organização que há fora do Brasil, segundo eles, “bem maior”, e o planejamento que define a hora para começar e terminar cada etapa. “As realidades são diferentes em cada canto. Quando você é estrangeiro em um país, deve ser sua intenção entender como cada coisa funciona e aceitar as diferenças. Mas sem duvidar de suas convicções. Celebrar e tirar lições de cada lugar farão de você um profissional melhor”, declarou Dória.

Aqui a ansiedade dos clientes é menor. Publicidade é como outra profissão qualquer, você tem horário para sair. Foi um choque de realidade. Mas para quem acha que a galera trabalha menos, isso não é verdade. Trabalha-se de maneira diferente. É importante dizer também que os processos por aqui são longos e chatos. Sua ideia pode morrer e você pode perder um ano de trabalho, tem que ter paciência para viver nesse mundo”, destacou Seidl.

Os criativos também falaram sobre os efeitos da saída do Brasil de tantos profissionais de criação, a médio e longo prazos. Alguns deles enxergam o êxodo de forma positiva, já que isso abre espaço para a subida de novos talentos que precisavam de espaço.

Quando a pergunta é: 'de que eles têm mais saudades', praticamente todos disseram que sentem falta de pessoas: familiares e amigos. Alguns citaram o Corinthians e até mesmo o pão de queijo. Eles também destacaram as coisas das quais não sentem saudades: escândalos de corrupção, trânsito, violência, insegurança.

Para quem está decidido a sair do Brasil, Luciana finalizou com dicas de Tanya, que ela chamou de “conselhos de expert”: "seu portfólio é tudo, já que o portfólio online é o que pode abrir (ou fechar) o caminho para a primeira entrevista; o domínio pleno da língua; prêmio não é tudo, também é necessário mostrar efetividade e capacidade de lidar com negócios; e alertou que há muitas redes de agências grandes no Oriente Médio e na Ásia, por exemplo; e que é preciso entender a fundo o país para o qual se quer ir.

Serviço:

Festival do Clube de Criação 2015

Quando: dias 19, 20, 21 de setembro (sábado, domingo e segunda-feira)

Onde: Cinemateca Brasileira - Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, em São Paulo

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Festival do Clube 2015

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