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O casamento ideal entre música e marcas
A relação ideal entre a música e as marcas deu o tom a uma das primeiras mesas deste domingo (20) no Festival do Clube de Criação 2015.
Sob o tema “Música e marcas: o novo backstage”, debateram sobre a ligação ideal entre ambas, o momento atual da indústria musical e os bons exemplos dessa união André Faria, sócio da Soup!; Fabio Baracho, diretor de marketing da Skol; Fernanda Paiva, gerente de marketing instituconal da Natura; Marina Lima, cantora e compositora; e Coy Freitas, diretor artístico da plataforma Skol Music na BFerraz.
Atuando como moderador, André Faria fez uma breve análise sobre o mercado atual, que indicou o rumo da conversa. “Por definição, crise é um momento passageiro que joga os resultados para baixo, até que eles voltem aos níveis normais. Não existe crise na indústria fonográfica, mas sim uma nova realidade. E quem está nesta mesa hoje é quem vive essa realidade, propõe uma forma de ir além, fazer um bom trabalho e revolucionar o mercado”.
Começando a analisar o universo das marcas, Fabio Baracho lembrou que o consumidor está menos disposto a ouvir o que os anunciantes querem falar por imposição e, para conseguir ter sucesso de comunicação nessa nova realidade, uma das formas mais efetivas é a geração de uma conexão emocional com o target. “E fazer isso por meio da música funciona para Skol porque isso está no nosso DNA. Somos patrocinadores de festivais há muitos anos e, agora, percebemos que podemos ter uma participação mais efetiva nesses eventos, fazendo música ou ajudando quem está a fim de fazer”, analisou.
Baracho encabeça, dentro do anunciante, o projeto Skol Music – que inclui três selos musicais, em parceria com nomes consagrados como Dudu Marote, Zegon e Miranda, para potencializar o trabalho de bandas até então desconhecidas do main stream, em diferentes gêneros.”Sentimos que tem muita gente querendo fazer algo melhor, e o diálogo é o que fará isso funcionar. A marca pode trabalhar a favor dessa transformação, da construção de um legado”, acrescentou o diretor de marketing.
Fernanda Paiva contou sobre o que levou sua empresa a construir o Natura Musical, projeto que há 10 anos apoia grandes nomes da MPB e grandes talentos em potencial, produzindo seus discos e dando maior visibilidade a seus trabalhos. “O Natura Musical surgiu como um projeto de fomento à cultura brasileira, com base em políticas públicas e leis de incentivo. Vimos que a música era a forma ideal de conexão com o DNA da marca, explorando brasilidade e o cuidado com as relações – que é como a Natura atua diretamente”, explicou.
Durante a última década, trabalhando com artistas de todos os tamanhos – de Gal Costa a Karina Buhr e Strobo –, a meta foi ampliar o projeto de forma consistente e estratégica, tanto para a marca, quanto para os músicos. “Vimos que, além do trabalho junto aos artistas, tínhamos um conteúdo muito poderoso sendo gerado. Então, veio um segundo passo, mais recente, focado em amplificar a disseminação do Natura Musical, por meio de um portal, de redes sociais e de parcerias no rádio. Depois, vieram experiências sensoriais, para aumentar a aproximação com o público”, adicionou Fernanda, revelando que já foram investidos mais de R$ 100 milhões na música brasileira durante os 10 anos de projeto.
Um dos maiores especialistas em projetos musicais do Brasil, Coy Freitas está envolvido na estratégia das duas marcas na seara musical. E, na sua visão, o fundamental para gerar boas relações entre a música e as marcas é ter propostas sérias, relevantes e verdadeiras. “Elas atraem peças-chave para montar projetos como os de Skol e Natura. Ser transparente e oferecer algo de valor facilita a chegada e aproximação com as bandas e artistas. É como um casamento”, enfatiza.
Outra análise interessante de Coy sobre o mercado brasileiro em especial é a relação do público com as marcas em ambientes como os festivais. Para ele, o comportamento mudou e, com ele, o papel dos anunciantes também precisa evoluir. “Durante muitos anos, o Brasil dependeu de marcas para ter grandes festivais. E só o patrocínio já era uma grande apropriação daqueles eventos, como foram Free Jazz, Tim Festival, Nokia Trends, Hollywood Rock e outros. Hoje, o mercado mudou e vemos festivais consagrados pelas suas próprias marcas, como Lollapalooza e Rock in Rio. Eles ainda dependem do patrocínio das marcas, mas elas tiveram que entender que é preciso criar boas experiências e ativações para o público que está lá – que muitas vezes acabam sendo maiores que a música em si”.
Marina Lima levou o olhar do artista para o painel, além do de consultora musical, função que recentemente começou a exercer, por meio da Schoolss99, empresa focada em projetos especiais. Ela contou sobre sua mudança do Rio de Janeiro para São Paulo, em busca de um jeito diferente de fazer e comunicar seu trabalho. “Saí do Rio porque existe lá um ambiente um pouco antigo e viciado. Eu nunca fiz parte de nenhum tipo de panela, sempre fiz um trabalho com a minha verdade, muito autoral. E achei que vir pra cá me ajudaria a achar novas formas de apresentar minha música”. Alinhando o discurso ao tema da palestra, Marina reforçou que assim como os artistas, as marcas precisam se preocupar, antes de tudo, em encontrar, definir e comunicar sua essência. “Você tem novas formas de comunicar, mas o que vale é a essência. Não é uma mudança de logo que renova uma marca. É fundamental saber o que ela realmente é e o que quer mostrar”, completou.
Karan Novas
Serviço
Festival do Clube de Criação 2015
Quando: dias 19, 20, 21 de setembro (sábado, domingo e segunda-feira)
Onde: Cinemateca Brasileira - Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, em São Paulo
clubedecriacao@clubedecriacao.com.br
www.festivaldoclubedecriacao.com.br
#festivaldoclube2015