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“O clichê protege a covardia e conforta os medíocres”
Marcello Serpa protagonizou um dos painéis mais aguardados do Festival do Clube 2015. O sócio e co-chairman da AlmapBBDO – pelo menos até o final deste mês de setembro – falou sobre sua carreira, explicou algumas decisões cruciais que tomou ao longo dela, fez críticas e elogios, contou segredos, fez pontuações sobre o presente e o futuro do mercado de comunicação e sugeriu revisões ao modus operandi da publicidade brasileira. Tudo isso durante sua apresentação, intitulada por ele mesmo como “Vim, Vi e Vendi” (uma remissão à célebre frase “Veni, vidi, vici” (em português: "Vim, vi, venci"), supostamente dita pelo general romano Júlio César).
O criativo recordou o começo da carreira, quando decidiu deixar um confortável posto na DM9 para apostar na reorganização da Almap, agência que, na época, estava quase quebrada. “Pensei, ainda muito jovem e muito arrogante: prefiro ser um arbusto pequeno do que a sombra de um carvalho”, disse, antes de contar como começou a construir uma das maiores agências de publicidade do mundo. Segundo ele, a solidificação da agência se deu, principalmente, por três grandes decisões: não participar de concorrências, não atender contas governamentais e ter uma autocrítica muito firme. “Temos uma profissão ótima. Se errarmos, não acontece nada irremediável. Não matamos o paciente, não cai o avião, ninguém morre. É mais fácil. É só propaganda”, lembrou.
Serpa foi enfático ao criticar o atual momento da publicidade – principalmente na luta contra os clichês e a hipocrisia. “O clichê está em todos os lugares. Ele protege a covardia e conforta os medíocres”, bradou. “Estamos vivendo uma crise de reputação, de valores, um mundo hipócrita. Clientes e agências estão gastando fortunas para chegarem em posicionamentos parecidos, sem que ninguém se preocupe. Todas as marcas querem salvar o planeta. Mas estamos aqui para vender produtos e não temos que ter vergonha disso”, reforçou.
Citando a saída de alguns dos grandes nomes de suas agências – como ele próprio, José Luiz Madeira, Celso Loducca e Edu Lima, que deixou a F/Nazca após 21 anos –, o executivo foi enfático em criticar o modelo de 'colaboração' no comando das agências. “A criação tem que assumir a responsabilidade. Nós somos a alma do negócio. As novas lideranças precisam ir à rua e assumir essa posição. Se quisermos o bônus de campanhas inesquecíveis, precisamos assumir o ônus também”, lembrou – de forma firme.
Questionado sobre a atual situação do Brasil, Serpa adotou um tom otimista. “Ser otimista é quase uma burrice, mas eu acredito. Tenho fé que as coisas possam melhorar em breve. E a decisão de deixar a agência e a publicidade nada tem a ver com a situação econômica do País, nem com vontade de surfar. Por que estou fazendo isso? Porque já ganhei o suficiente e estou em paz”, explicou.
Mesmo assim, ele não fechou as portas para voltar à publicidade em breve. “Meu único plano é não ter plano nenhum. Todas as portas estão abertas. Provavelmente vou ligar para alguém, quando der saudade, e o que mais vou sentir falta é da convivência com as pessoas, do ambiente inquieto e rico da agência. Posso até mesmo abrir um negócio. Mas, com certeza, não abriria uma agência digital para ficar comprando palavras no Google”, finalizou.
Renato Pezzotti
Serviço:
Festival do Clube de Criação 2015
clubedecriacao@clubedecriacao.com.br
#festivaldoclube2015