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Como ampliar a aposta das marcas em atletas?
Refletir sobre o patrocínio ao esporte no Brasil. Esse foi o objetivo da mesa “Esportes e marcas: uma relação distante?”, que fez parte da programação do terceiro e último dia (segunda, 21) do Festival do Clube 2015. O encontro, que aconteceu na Sala Twitter, foi mediado por James Scavone, sócio e diretor de criação da agência Salve e colunista esportivo. Para discutir o tema, estiveram reunidos Fabio Wolff, diretor da Wolff Sports & Marketing; Eduardo Corch, gerente de marketing da Bridgestone; Rafael Carlos da Silva, o “Baby”, campeão olímpico de judô; e Rodrigo Capelo, jornalista da Revista Época.
Logo no início da discussão, James Scavone destacou que, no Brasil, os maiores patrocinadores do esporte são empresas estatais, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, tradicionais do setor. Tendo esse fato como ponto de partida, o jornalista Rodrigo Capelo ponderou que, quando o patrocinador não é estatal ou um torcedor específico, sobram poucas opções de empresas que apostam na área. “E quando apostam, a maior parte das empresas compra espaço em camisas de times de futebol, em busca de mídia. Atletas olímpicos não têm como dar esse retorno de mídia, já que não têm tanta entrada em meios assim”, analisa Capelo.
O fato foi reiterado por Rafael Carlos da Silva, o “Baby”. “Encontramos muita dificuldade. Muitas vezes, a empresa quer patrocinar a equipe toda, e não apenas um atleta, para ter maior visibilidade. Com isso, o dinheiro acaba não chegando diretamente ao atleta, da forma como deveria”, conta o judoca. Ele revelou que, por conta dessas dificuldades, só conseguiu patrocínio recentemente, há seis meses, quase três anos depois de conquistar medalha de bronze na última Olimpíada.
Para Eduardo Corch, temos um círculo vicioso no patrocínio esportivo. “As marcas não investem em atletas que geram 'menos' visibilidade e, ao mesmo tempo, os veículos não dão visibilidade para os atletas que não têm patrocínio e, por isso, não geram mídia”, analisa o gerente de marketing da Bridgestone. Ele acrescenta que, outra questão para as marcas é o fato de que os veículos de comunicação, principalmente as TVs, não dão destaque para projetos esportivos de naming right. “O maior patrocinador da Libertadores é a Bridgestone. Mas os jornalistas ainda chamam a Copa Bridgestone Libertadores de Copa Libertadores. Naming right para o esporte ainda é difícil pegar no Brasil. Não temos a mesma abertura que os projetos culturais têm”, diz Corch.
Para Fábio Wolff, há falta de cases esportivos no Brasil, atualmente. “Dou aula e meus alunos sempre têm muita dificuldade para levantar cases, a grande maioria dos exemplos dos quais eles lembram são exemplos passados. Isso é prova de que não estamos produzindo novos cases”. Em sua opinião, muitas vezes, as portas nas empresas são fechadas ainda por conta da falta de profissionalismo no marketing esportivo. “Quando falamos que o marketing esportivo é semiprofissional, nos baseamos em fatos. De qualquer forma, temos um mercado em potencial, que vem se desenvolvendo, mesmo que seja lentamente”, analisa Wolff.
Na opinião de Corch, o caminho para o desenvolvimento do esporte é o governo investir na formação dos atletas. “A diferença do modelo brasileiro para o de países que são conhecidos por serem bem-sucedidos em grandes competições, como Cuba, EUA e Alemanha, é que, nesses países, os governos são os grandes financiadores das categorias de base. Há olheiros do governo que identificam entre as crianças e jovens os potenciais atletas de alto rendimento. Nesses casos, a iniciativa privada entra como financiadora de atletas de alto rendimento, que é onde podem conseguir maior visibilidade”, pondera. A opinião é compartilhada por Scavone. “O caminho é investir nas crianças e nos adolescentes”, finaliza.
Valerya Borges
Serviço:
Festival do Clube de Criação de São Paulo
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#festivaldoclube2015