arrow_backVoltar

Festival do Clube 2016

Uma piada de painel: “se beber, não poste”

12.09.16

Com apoio da Hungry Man, o Festival do Clube reuniu alguns dos principais humoristas do país para falar sobre as dificuldades de fazer as pessoas rirem nos tempos modernos – onde os haters se destacam nas redes sociais e o discurso do politicamente correto faz escola.

Carlão Busato, diretor da Hungry Man, teve a difícil missão de mediar o debate que contou com a presença de Cláudio Manoel (ator, humorista, roteirista e integrante do finado Casseta & Planeta), Paulo Tiefenthaler (ator, diretor e produtor do Larica Total), Angela Dippe (atriz e comediante), Marcelo Zorzanelli (cocriador do site Sensacionalista) e Marcelo Marrom (humorista do canal a cabo Multishow).

Apesar de tanto humorista junto, o painel "O humor nos tempos da cólera" contou com opiniões contundentes sobre o que se deve fazer para levar um pouco de graça para a vida das pessoas. “O livre pensar é diferente do livre postar. Temos que refletir se vamos atingir algum tipo de movimento antes de publicar algo nas redes sociais. Tem tanto ‘movimento’ por aí que quem fica sem movimento somos nós”, abriu o debate Angela Dippe. “Se beber, não poste”, brincou a atriz. Marrom foi no mesmo caminho: “deram voz ao povo. Isso é bom, mas agora todo mundo tem que ter opinião para tudo”.

Antigamente, o hater precisava colocar a carta no correio para reclamar de algo. Agora, tudo é mais rápido. E essa mudança é relativamente recente. Em mais de duas décadas de Casseta & Planeta, as piadas com políticos eram mais do que toleradas: era obrigação fazer isso. Agora, qualquer piada com político é atacada, independente com qual lado você brinca. Ficou bem difícil”, pontuou Manoel. Zorzanelli foi além. “No Sensacionalista, nos chamaram de petralhas porque fazíamos piadas com o Aécio. E ainda alegaram que fazíamos o mesmo número de piadas com a Dilma ‘apenas para disfarçar’”, contou.

Marrom explicou que, para evitar este tipo de situação, se abstém de piadas com políticos – seu repertório fica, assim, restrito ao que ele chama de “auto flagelo”. “Sou preto e evangélico. Tenho direito de chamar quem quiser de ‘capa de Bíblia’”, brincou. Mas falou sério em outro momento: “Estou disposto a abrir mão de uma piada, mas quero ter o direito de fazê-la. Perdemos um pouco a liberdade por causa das redes sociais”, reforçou.

Falando em liberdade, o ex-casseta também relembrou como funcionava a cartilha da Rede Globo. “Não podíamos fazer paródias de campanhas publicitárias – e agradeço, porque foi assim que surgiram as ‘Organizações Tabajara’. Também não podíamos citar os concorrentes. Estas foram questões readequadas nos últimos anos, o que ajuda muito no processo criativo”, explicou Manoel.

Sobre o panorama de “como fazer humor” nos tempos futuros, Tiefenthaler foi enfático: “A sofisticação é o segredo de tudo. Pode ser na internet, na tv aberta, na TV a cabo ou ao vivo – mas, sempre, sofisticado”, afirmou.

Renato Pezzotti

Confira a programação completa do Festival, aqui.

Serviço:
Festival do Clube de Criação 2016

Quando: Setembro, 10, 11 e 12 – 2016
Local: Cinemateca Brasileira - São Paulo – Brasil
Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino

Hosted by: Clube de Criação
www.clubedecriacao.com.br
55 11 3030-9322
https://www.facebook.com/clube.clubedecriacao
https://twitter.com/CCSPoficial
#FestivaldoClube2016

Festival do Clube 2016

/