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As grandes lições do mestre Walter Firmo
Mestre das cores, o fotógrafo Walter Firmo, foi o convidado de honra do painel “O processo criativo do mestre Walter Firmo”. Aos 80 anos e com mais de 60 de profissão, o carioca premiado pela estética e poesia de suas fotos, deu uma aula sobre linguagens, gramática fotográfica e vida.
Dono de um estilo único, Firmo ganhou fama ao fotografar grandes personagens como Cartola, Dona Ivone Lara, Elis Regina e cenas da vida cotidiana. Dentre suas fotos, uma das que mais ganharam fama traz, deslumbrantemente, Pixinguinha segurando um saxofone, sentado em uma cadeira de balanço. Esta imagem marcou o início da conversa mediada por Simonetta Persichetti, jornalista e crítica de fotografia, e Hélio Campos Mello, diretor de redação da Revista Brasileiros.
“Existe todo um aprendizado em querer ser perfeito. Na foto de Pixinguinha, enquanto o repórter o entrevistava, circulei por toda sua casa e ao final propus levar a cadeira de balanço para o quintal e que ele se sentasse enquanto segurava o instrumento. Antes, eu mesmo sentei e mostrei como gostaria. Tudo isso faz parte de querer mostrar poesia com o olhar”, explicou o mestre.
Tão grande foi o destaque que seu registro de Pixinguinha alcançou, que Simonetta perguntou sobre como não ser fotógrafo de uma foto só. Firmo respondeu usando sua grande inspiração: “Bebi da fonte do impressionismo, é a foto que todo mundo gosta. Fotos que as pessoas reconhecem como uma imagem onde reside a felicidade”, explicou.
Com outros nomes da música brasileira, como Chico Buarque e Djavan, não foi diferente. Firmo acredita que a proximidade e confiança que mantém com seus personagens o deixam à vontade para propor imagens que contem histórias. “No caso do Cartola, gostava de fotografá-lo enaltecendo sua silhueta”.
Hélio Campos Melo lembrou que apesar de ser reconhecido pelos seus retratos, Firmo atuou muito como fotojornalista e que, por ser factual, possui grande diferença em relação aos retratos. “A foto jornalística é uma coisa tão rápida que você não consegue acompanhar porque não veio do seu coração. Gosto mais da poesia que eu me dedico e crio. É uma questão de sedução estética, coloco minhas sombras, a fuga, o respiro de um pedacinho do céu”, completa.
Usuário ativo do Facebook, Firmo conta que dedica duas ou três horas do seu dia para conversar com seguidores, responder perguntas, postar imagens e textos que escreve no seu 'Caderninho de Anotações'. “Eu gosto da confraria, da irmandade, perguntar, responder, aconselhar. É um canal de relacionamento”, destaca Firmo.
Essa mesma generosidade que emprega na rede social, Firmo leva para a sala de aula há mais de 20 anos em seus cursos pelo Brasil e até mesmo por países como Cuba e República Dominicana, quando vai com seus alunos para ensinar a fotografar cores e sabores locais.
Para esta nova geração, um dos maiores ensinamentos do mestre é mostrar que o equipamento não importa nada, tudo que se quer é um ato criador daquele que porta uma máquina fotográfica.
Mas apesar da empatia com a modernidade, Firmo destaca que não usa nenhum tipo de software para colorir ou empregar filtros em suas fotos. “Não mudo nenhuma nuance, nós que trabalhamos com imagens sabemos que não existem céus tão azuis como o que vemos por aí”.
E por fim, presenteou a plateia com uma grande lição: “Fotografia é uma caçada e existem duas maneiras de abater a caça, uma é ir ao encontro dela, e a outra é você sentar num lugar e esperar. Nós somos um resgate enquanto vivemos. Ou você vai ao encontro da sorte ou ela virá ao seu”.
Beatriz Lorente