Há pouco tempo, surgiu um novo jargão no mundo da moda: o “genderless”, que quer dizer sem gênero. A ideia é deixar de lado o rosa, o azul e fazer uma moda que possa ser usada por todos, independentemente da identidade de gênero. Esse foi o tema do painel realizado no final da tarde da segunda-feira (18), no Festival do Clube de Criação 2017, com os estilistas Alexandre Herchcovitch e Renan Serranon e a diretora de criação da AlmapBBDO Keka Morelle, com mediação de Susana Barbosa, diretora de redação de Elle Brasil.
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Não sei de onde surgiu esse conceito de rosa para meninas e de azul para meninos. Até pesquisei, mas não descobri como isso surgiu", disse Susana. Para ela, é na
infância que, pela fixação de hábitos sem reflexão, os
preconceitos vão sendo semeados.
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Desde o nascimento, na porta do quarto do bebê na maternidade, já se coloca um laço enorme rosa para meninas ou enfeite grande azul para meninos que acabam de nascer", ressaltou Herchcovitch.
Ele foi o criador de uma
coleção unissex para crianças, lançada em abril deste ano, para a
grife infantil Puc, da Hering. “
Foi um grande sucesso de vendas”, comemorou.
Da mesma maneira, o estilista
Renan Serrano, dono da grife
Trendt, apostou em coleções
sem gênero. "
No começo, foi meio por fatores econômicos. Éramos bem pequenos, e achamos que era um bom caminho a seguir. E deu certo" afirmou. Suas roupas são todas
feitas em malha e tem cortes retos, nada acinturado ou com lacinhos.
No entanto, Keka Morelle lembrou que ainda há
muitas barreiras culturais contra esse tipo de roupa. “
Se meu filho, de repente, me pedisse para usar uma saia, eu não sei como reagiria. Eu acho que iria procurar a minha terapeuta, porque com certeza o problema estaria em mim e não nele”, afirmou. “
Sabemos que esse é um assunto novo e que nem sempre as pessoas estão preparadas para ele”, destacou.
Ela, que já teve entre seus clientes a varejista de moda C&A, disse que já
tentaram lançar coleções masculinas menos tradicionais, mas que o mercado repeliu e acabaram encalhadas na arara das lojas.
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Vejo muito mais mulheres procurando peças masculinas que o oposto”, disse Herchcovitch. Ele sublinhou que existe, sim, um pouco de preconceito, mas há um empecilho físico também: existe uma diferença entre os corpos, anatomicamente. Por isso a roupa sem gênero ainda é aquela largona. "
Ainda não achamos uma fórmula certa para o ‘genderless’”.
Lilian Cunha