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Festival do Clube 2017

Moda “genderless” ainda busca espaço

29.09.17

Há pouco tempo, surgiu um novo jargão no mundo da moda: o “genderless”, que quer dizer sem gênero. A ideia é deixar de lado o rosa, o azul e fazer uma moda que possa ser usada por todos, independentemente da identidade de gênero. Esse foi o tema do painel realizado no final da tarde da segunda-feira (18), no Festival do Clube de Criação 2017, com os estilistas Alexandre Herchcovitch e Renan Serranon e a diretora de criação da AlmapBBDO  Keka Morelle, com mediação de Susana Barbosa, diretora de redação de Elle Brasil.


"Não sei de onde surgiu esse conceito de rosa para meninas e de azul para meninos. Até pesquisei, mas não descobri como isso surgiu", disse Susana. Para ela, é na infância que, pela fixação de hábitos sem reflexão, os preconceitos vão sendo semeados.

"Desde o nascimento, na porta do quarto do bebê na maternidade, já se coloca um laço enorme rosa para meninas ou enfeite grande azul para meninos que acabam de nascer", ressaltou Herchcovitch.

Ele foi o criador de uma coleção unissex para crianças, lançada em abril deste ano, para a grife infantil Puc, da Hering. “Foi um grande sucesso de vendas”, comemorou.

Da mesma maneira, o estilista Renan Serrano, dono da grife Trendt, apostou em coleções sem gênero. "No começo, foi meio por fatores econômicos. Éramos bem pequenos, e achamos que era um bom caminho a seguir. E deu certo" afirmou. Suas roupas são todas feitas em malha e tem cortes retos, nada acinturado ou com lacinhos.

No entanto, Keka Morelle lembrou que ainda há muitas barreiras culturais contra esse tipo de roupa. “Se meu filho, de repente, me pedisse para usar uma saia, eu não sei como reagiria. Eu acho que iria procurar a minha terapeuta, porque com certeza o problema estaria em mim e não nele”, afirmou. “Sabemos que esse é um assunto novo e que nem sempre as pessoas estão preparadas para ele”, destacou.

Ela, que já teve entre seus clientes a varejista de moda C&A, disse que já tentaram lançar coleções masculinas menos tradicionais, mas que o mercado repeliu e acabaram encalhadas na arara das lojas.

Vejo muito mais mulheres procurando peças masculinas que o oposto”, disse Herchcovitch. Ele sublinhou que existe, sim, um pouco de preconceito, mas há um empecilho físico também: existe uma diferença entre os corpos, anatomicamente. Por isso a roupa sem gênero ainda é aquela largona. "Ainda não achamos uma fórmula certa para o ‘genderless’”.

Lilian Cunha

Festival do Clube 2017

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