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Festival do Clube 2017

Novas gerações nas agências: 'propósito e faca nos dentes'

04.10.17

Temas recorrentes de discussões, os anseios e motivações das novas gerações foram alguns dos assuntos do painel questionador “Estamos construindo agências interessantes para as próximas gerações?”, mediado por Zico Farina, diretor de criação da Artplan.

O debate contou com a participação de Ana Castelo Branco (diretora de criação da DM9DDB), André Pedroso (diretor de criação da Fischer), Paulo André Bione (diretor acadêmico da Miami Ad School), Ricardo Figueira (executive creative director e business transformation da Africa) e Rodrigo Jatene (copresidente e CCO da Grey), e prendeu a atenção da audiência formada majoritariamente por jovens profissionais.

Confira abaixo alguns dos principais destaques desta conversa:

Poder de atração

Rodrigo Jatene: “A indústria está pecando ao não construir lugares mais atraentes para as pessoas quererem estar. Estamos competindo com Google, Facebook. Mas será que é tão difícil assim ser atraente?

Ana Castelo Branco: “Todas as indústrias estão se fazendo esta mesma pergunta. O impacto da tecnologia gera mudanças em todos os mercados de trabalho, não só o da propaganda.

Paulo André Bione: “O job das agências é desconstruir. Mas pela atual dinâmica do nosso mercado, não estamos chegando nessa nova geração.

André Pedroso: “Nos perguntamos sobre formatos para atender essa nova geração, mas, no final das contas, o formato ideal é: ou uma agência é feliz ou uma agência é triste."

Ricardo Figueira:Tem um papel das agências de se tornarem mais criativas e agregarem ‘criadores’. Nunca vi oportunidade maior do que agora de diversificar e criar coisas que não existem.

Novas tempos

Zico Farina:O que parece é que, se analisarmos nosso mercado, ainda lutamos para ter algumas coisas que aparentemente já foram conquistadas. Eu vejo o discurso das agências querendo se vender como solucionadoras de vários problemas, mas, na prática, elas são tradicionais.

Rodrigo Jatene:O que está colocando os jovens dentro das agências é diferente do que nos colocou e nós ainda mantemos o tradicionalismo. O art buyer, por exemplo, está se tornando creative buyer, porque tem muita gente criativa fora das agências, e, de alguma forma, é importante ter essas pessoas próximas.

André Pedroso:Uma coisa que precisamos saber é que a nossa profissão é baseada no ‘não’. Temos que nos acostumar com o não da agência, do cliente, do chefe, assim como funciona na vida, o não da esposa, da filha e por aí vai.

Paulo André Bione: “Os jovens querem viver experiências, mas não podemos colocar para esses jovens o mundo cor de rosa do Instagram. Nenhuma empresa é o tempo todo feliz, o ponto é que precisa ser desafiador.

André Pedroso: “Gosto de falar sobre resiliência não como a quantidade de horas, mas como foco. Nenhum de nós conseguiu criar um negocio incrível em dois segundos. Todo processo é difícil e exige foco.

Zico Farina:A palavra mágica é mesmo resiliência. Era normal não ter vida, virar a noite e renunciar à sua própria família. Mas as novas gerações parecem não estar dispostas a fazer essas renúncias.

Êxodo de talentos

Ricardo Figueira (que morou durante oito anos em Londres, onde trabalhou em agências como Saatchi & Saatchi, J.Walter Thompson e Glue Isobar): “O jardim do vizinho é sempre mais verde. O que faz estar no Brasil é estar rodeado de pessoas que eu sei o que sentem. É uma questão pessoal, eu trabalho para gostar do que faço. Essa emoção, a natureza da nossa indústria, e tem um ingrediente brasileiro, que é a ambição de fazer algo significativo. Mas lá fora temos mais organização, sobretudo diversidade, com pessoas multiculturais.”

Paulo André Bione:Lá fora parece que eles derrubam mais as hierarquias. O jovem é extrapolado de outras maneiras. Precisamos aqui dar mais oportunidades aos jovens de fazerem coisas grandiosas.

Modelo de remuneração

Rodrigo Jatene:Diversidade é um assunto que precisa ser debatido. Mas aqui se abre um novo capítulo, a remuneração das agências. Somos o que somos pela maneira como somos remunerados."

Ricardo Figueira:Ao mesmo tempo, é muito ruim trabalhar em uma agência em que você tem que fazer um filme de 60 segundos porque o modelo já está comprado. E você é obrigado a fazer. Mas por outro lado, aqui no Brasil, quando você tem uma ideia e chama mídia para conversar, pode ser muito efetivo.

Propósito

Ana Castelo Branco:Antes a gente queria fazer coisas incríveis e hoje os jovens querem propósito e engajamento, mas a gente precisa encontrar o meio termo entre engajamento, propósito e dia a dia, porque no fim do dia, o trabalho precisa ser feito.

Rodrigo Jatene: “As marcas e as gerações são movidas por propósito, mas as agências são movidas por propósito? Da boca para fora, sim ou não? A gente vê poucas agências apostando em coisas inovadoras.”

Lideranças inspiradoras

Zico Farina:Como líderes, temos que ter um comportamento legal para conseguir atrair as novas gerações.

A Contrapartida

Ana Castelo Branco:Por outro lado, sentimos falta de profissionais com brilho no olhar, com vontade de fazer diferente de lutar por uma ideia.

Rodrigo Jatene:O profissional que buscamos precisa ter sangue nos olhos e faca nos dentes.

Beatriz Lorente

 

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