arrow_backVoltar

Festival do Clube 2018

Trilha sonora, de commodity a estrela da festa

27.09.18

Prazos apertados, preços achatados, concorrência feroz: à primeira vista, o cenário para as produtoras de som não mudou muito nos últimos anos. Só que não: com a valorização das produções em vídeo, principalmente para a internet, a trilha sonora de qualidade vem sendo cada vez mais demandada. O que não significa que não continuem chovendo pedidos de "trilha branca". Mas essa é uma realidade com a qual os produtores têm que lidar. É o que pensam os participantes do painel "Autoral na trilha: cortando miúdo para não virar commodity", que aconteceu durante a edição de 2018 do Festival do Clube.

Otimista, James Pinto, sócio da Jamute, lembra que toda a cadeia da comunicação está se reformulando e nunca se precisou tanto de produção de som. "As verbas migraram e agora é preciso ter mais qualidade para disputar a atenção do público. Estamos presenciando a valorização do áudio para a internet. A produção está ganhando muita importância e precisamos de cada vez mais cérebros para fazer algo autoral."

O tema commodity ainda assombra os produtores, lamentou José Eduardo Fernandez, sócio da Angels. Segundo ele, existe uma pressão forte por parte dos clientes, que querem coisas mais baratas e em prazos menores. Por outro lado, há muitos pedidos de "trilha branca" e é preciso conviver com isso. “A questão que cada um tem que se colocar é: qual o diferencial da sua produtora? O que ela pode fazer de diferente?”, apontou.

Oswaldo Sperandio, sócio da WeJam, reconhece que prazos curtos são a regra no Brasil. Ele explicou que sua equipe aproveita enquanto cliente e agência estão fazendo suas reuniões para pesquisar e entregar algo em linha com o roteiro. “Autoral tem que ser o processo todo, do começo ao fim”, afirmou. A culpa dos prazos curtos e preços menores pode ser das próprias produtoras, que aceitam fazer o trabalho nessas condições. “Em Hollywood eles não acham que trilha é commodity, eles querem bons compositores”, afirmou Ed Côrtes, sócio da Tentáculo.

Já a Brisa, da qual a cantora e compositora Mariana Aydar é uma das sócias, escolheu o caminho autoral desde o início. “As pessoas querem trilha que agregue valor à marca, que ela funcione mais como um single do que como um jingle.” O mediador do debate, Paulinho Corcione, da Lucha Libre, ressaltou o valor intangível dos músicos, maior do que o de qualquer inteligência artificial ou software. “Se nosso talento não tiver valor para a agência, estamos mortos.

Eliane Pereira

Festival do Clube 2018

/