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Streaming agita mercado de produção brasileiro
Netflix, HBO Go, Amazon Prime Video, Fox Premium, Globoplay e, em breve, Apple TV+ (disponível a partir de 1º de novembro no país a R$ 9,90, mesmo preço que a Amazon decidiu praticar recentemente) e Disney +(em 2020 para os brasileiros). Os serviços de streaming de vídeo pipocam no Brasil como milho na panela, oferecendo centenas (milhares?) de horas de programação e uma conta difícil de fechar – afinal, quem tem tempo e dinheiro para desfrutar de tudo isso?
Para as produtoras, no entanto, a equação não podia ser melhor: demanda por conteúdo nacional em alta, distribuição garantida e boa recepção do público, inclusive internacional. "Nunca se consumiu tanto conteúdo. Se for de qualidade, as pessoas vão querer assistir onde quer que esteja", acredita Ana Cristina Paixão, gerente de conteúdo/produção da NBC Universal International Networks Brasil, que participou do painel “Streaming: o que nos diz o presente e o que esperar do futuro”, que teve moderação da jornalista Lena Castellón, do Clube de Criação. A NBCUniversal anunciou recentemente o nome de seu serviço de streaming, o Peacock. Ou seja, é mais uma alternativa a chegar ao mercado.
Com seu modelo disruptivo, a Netflix abalou as estruturas do negócio da TV, principalmente dos canais pagos, que se veem obrigados a repensar todo o business. Só no Brasil, a TV por assinatura perdeu 2,69 milhões de assinantes nos últimos quatro anos.
Ainda assim, as produções brasileiras seguem ganhando espaço. O que começou como uma obrigação legal – veicular no mínimo três horas e meia de conteúdo nacional, por semana, no horário nobre – virou um bom negócio tanto para os canais quanto para as produtoras.
"A cota de programação nacional na TV a cabo estimulou indústria do audiovisual e conseguimos o reconhecimento da qualidade do nosso trabalho", afirmou Francesco Civita, CEO da Prodigo Filmes. A mesma percepção tem o produtor Zico Goes. "A legislação fez bem ao mercado e aos canais. Estamos em uma curva de aprendizado, principalmente em termos de séries de ficção", apontou.
Um marco na produção nacional de seriados foi "3%", primeiro conteúdo original da Netflix para o Brasil e terceiro produto da própria plataforma a estrear fora dos EUA. "Foi uma grande responsabilidade, pois o desempenho poderia determinar o futuro do mercado brasileiro de produção para a Netflix. Se a série não funcionasse, eles poderiam desistir de produzir aqui", lembrou Tiago Mello, produtor executivo de "3%", da Boutique Filmes. A Netflix anunciou em agosto que a série terá mais uma temporada, a quarta e última.
Para o produtor executivo da Delicatessen Filmes, Gustavo Baldoni, as produtoras estão muito focadas em criar ficção, dando pouca atenção a outros formatos. "A grade é extensa, tem de preencher os horários das 10h à meia-noite. O futuro é voltar ao que fizemos bem durante décadas: séries documentais, revistas eletrônicas, reality shows. Isso é um ponto de atenção que os produtores devem considerar", assinalou.
Muito do conteúdo consumido hoje pelos brasileiros são de histórias baseadas em fatos reais e também tramas policiais. Mas há espaço para outros tipos de programas, além dos documentários e realities. As produtoras presentes no painel mostraram que há projetos que têm se destacado internacionalmente, porém salientaram: o brasileiro também gosta de se ver na tela.
Eliane Pereira