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‘Há o racismo no algoritmo e o algoritmo racista’
Inteligência Artificial é um assunto quente no mundo da criação em 2022, ano em que surgiram diversas ferramentas que prometem gerar imagens, vídeos e até músicas através de alguns comandos. Mas, como bem disse Celso Oliveira, um dos convidados do painel “Inteligência artificial: é preciso quebrar o algoritmo”, no Festival do Clube de Criação 2022, essas tecnologias vão muito além de nomes como Stable Diffusion, Midjourney, Dall-E e afins, e tem usos muito mais amplos - e consequências sociais muito mais importantes.
Esse foi o tópico principal do debate mediado por Ian Black, co-CEO e sócio da New Vegas, e que teve as participações de Caio Gomes, Chief Data & Analytics Officer da Yape, Mariana Gomes, jornalista e fundadora da Conexão Malunga (grupo formado por profissionais de diferentes áreas que analisam as tecnologias por meio de saberes afro-brasileiros), e Oliveira, professor da USP e diretor executivo da Aqualtune Lab (coletivo jurídico com suporte multidisciplinar, pautado no estudo e elaboração de propostas que comportam a análise das inter-relações entre direito, tecnologia e raça).
As apresentações dos panelistas já deixaram evidente que o bate-papo seria muito mais abrangente que a simples utilidade prática da IA na comunicação, pois, como disse Oliveira, “há o racismo no algoritmo e o algoritmo racista”.
Ian abriu o debate perguntando para Mariana como trazer perspectivas não-masculinas e brancas para a questão da Inteligência Artificial. Segundo ela, é preciso ter “compromisso democrático pela formação do país, experiência do usuário e expandir os sentidos para um mundo todo". Para Mariana, na construção da tecnologia, "é importante que se esteja aberto a outras perspectivas e abraçar que a gente não sabe de tudo porque há cosmovisões e formas de organizar a vida totalmente diferentes.”
Por sua vez, Caio Gomes trouxe exemplos práticos de como a IA e a tecnologia contribuem para a discriminação da população negra, desde banheiros com secadores de mão que não reconhecem a pele negra até casos gravíssimos como os algoritmos utilizados no reconhecimento facial de forças policiais estadunidenses.
“Quando era um branco que cometeu um crime, o sistema dizia que ele tinha poucas chances de reincidir no futuro. O contrário acontecia com os pretos. Então, os pretos recebiam penas muito mais altas, apesar de serem muito menos prováveis de cometer um crime”, afirmou Gomes. De acordo com ele, 50% a 55% das pessoas presas por posse de drogas eram pretas, mas no resultado das análises menos de 20% deles tinham posse de drogas. “Isso levava a polícia a prender pessoas que cometiam muito menos crimes. Esse é um exemplo claro de um modelo que é utilizado para determinar o futuro de uma pessoa e que tem um viés altamente racista”, disse.
Da plateia, veio uma pergunta sobre como criar inteligências artificiais que não reflitam os mesmos problemas e questões sociais que temos atualmente. Para Oliveira, a maioria das IAs não depende do código que se escreve, mas do que se usou como base de dados para o aprendizado da máquina. “A base de dados que a gente trabalha hoje é branca, racista e homofóbica porque é assim que é a nossa sociedade. A gente tem a questão de ter o racismo no algoritmo ou o algoritmo racista. Nós, enquanto sociedade, temos de definir os graus de risco que vão estar envolvidos com o uso das tecnologias.”
No encerramento, Ian chamou a atenção do público para pessoas que saíram da sala durante o painel. Acreditando que tenham saído por acharem que o debate estaria voltado à propaganda, com comentários sobre como inserir novas tags, fazer vídeos incríveis e lidar com as ferramentas de IA que estão surgindo, ele disse que todos somos seres políticos e temos uma responsabilidade. “A gente tem o dever de fazer a publicidade não como algo glamouroso e alienado, mas que entende seu papel social”, completou.
Danilo Telles
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