Acesso exclusivo para sócios corporativos

Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
O que as marcas ainda têm a aprender sobre o universo gamer
A discussão sobre a importância da cocriação quando uma marca contata um influenciador não é nova. Mas ainda é necessária, especialmente quando se trata de apostar em nomes dos e-sports, de acordo com os participantes do painel “All Star Games”, realizado no 10º Festival do Clube de Criação, que aconteceu neste final de semana no Memorial da América Latina.
Baiano, streamer, criador de conteúdo e do campeonato beneficente de League of Legends CBOLÃO; Nicolle Merhy, a Cherrygumms, gamer e CEO da Black Dragons; e Tomas Prado e Caio D’aprile, diretor geral e líder criativo da empresa de Gaules (um dos mais famosos streamers brasileiros), respectivamente, se reuniram para falar do mercado de games e seus desafios e como as marcas se inserem nesse universo. A mediação foi de Maah Lopez, apresentadora de e-sports, embaixadora da Lenovo e streamer parceira do Facebook Gaming.
Esse time de estrelas falou sobre suas experiências com patrocinadores, sobre comunidade e pertencimento e sobre os caminhos que a publicidade pode percorrer para que a relação entre marcas e gamers seja cada vez mais eficiente e autêntica.
Como gamer e executiva, Cherrygumms respondeu à pergunta sobre como as empresas devem abordar a comunidade, explicando que precisa haver sinergia entre marca e jogador. “Cada vez mais estamos nos sentindo representados pelo que consumimos. Quando a gente associa uma marca à nossa marca pessoal, os valores têm de ser parecidos”, disse ela, que tem histórico de patrocínios de marcas como Nike, Accer, Intel e Boticário. Ela salientou que existe uma conexão entre o criador de conteúdo e a sua comunidade, que percebe quando uma mensagem não é autêntica.
Baiano, ou Gustavo Gomes, mudou várias vezes de cidade em seu Estado de origem, com sua família, e teve dificuldades de travar amizades. Os jogos eletrônicos o ajudaram nesse período. Quando percebeu que seu futuro estava nos games, veio a São Paulo. Ele contou que começou a jogar quando o mercado ainda estava no início. Ninguém sabia se era algo que iria se consolidar.
Seu primeiro patrocinador foi uma marca de mouse pad. Era preciso avaliar “faço dinheiro agora ou faço coisas legais agora?”. Com o crescimento exponencial do setor, ele se sente mais tranquilo para escolher seus parceiros.
“Não tem como fingir nada, especialmente na live. O cara sente como se fosse um irmão, um primo recomendando, não um ator distante vendendo um produto. Game é comunidade, muito junto, unido, engajado. Eu sinto na pele como isso funciona”, afirmou. Para Baiano, o modelo de uma pessoa famosa dizendo “compre isso” não é mais eficiente. É preciso fazer algo em que se acredite.
Ainda que não seja o cenário de todos os streamers, a evolução do mercado de games permite com que alguns nomes já possam escolher seus projetos pensando no benefício que ele trará para a comunidade.
Tomás, que trabalha com Gaules, seguiu na mesma linha. “Não é sobre um produto em si. Ele vendeu um hambúrguer e o pessoal comprou por causa dele”, disse.
Ele e Caio destacaram a recente parceria de Gaules com o banco Itaú (leia mais aqui), ressaltando que já tem gente dizendo “estou largando meu outro banco”. As roupas da coleção Tribo – nome da comunidade de Gaules -, feita em parceria com a Nike, esgotaram em 50 minutos. “Isso tem a ver com pertencimento. As empresas vendem produtos, skills, vendem cursos... o que um creator vende é pertencimento. ‘Eu gosto disso igual você’”.
Para Tomás, é também isso que leva as pessoas a assistirem esportes tradicionais na Twitch, como fez Gaules ao transmitir a temporada 2021/ 2022 da NBA e até mesmo a Fórmula 1. Segundo o diretor geral da empresa, os fãs de Gaules passaram a assistir NBA na plataforma não porque já gostavam de basquete e migraram para a Twitch. As pessoas passaram a assistir aos jogos porque é algo que o streamer que acompanham está fazendo. E as marcas estão cada vez mais buscando essa nova audiência.
Na temporada passada da NBA, as transmissões de Gaules na Twitch chegaram a mais de 7 milhões de horas assistidas. O streamer já deu início à nova temporada em seu canal neste domingo.
O valor de cada tribo
Cherrygumms reforçou a ideia de pertencimento, destacando que não basta mais as marcas enviarem “dos & dont’s” para os influenciadores. É preciso a criação conjunta para uma entrega genuína. “Não tem como anunciar sobre pautas, como a LGBTQIA+, sem ter representante na empresa. Se a marca não tiver conhecimento do cenário, gente com propriedade, ela vai fazer errado, vai anunciar com linguagem de tiozão”. Cocriar vale a pena, segundo ela, ainda que lidar com influenciadores nem sempre seja fácil.
Ela também afirmou que adora o termo tribo. “Define muito o gamer. Comparo com a música: existe a tribo eletrônica, sertanejo, pop, rock... Aqui somos tribos diferentes, de jogos diferentes, de públicos diferentes. A minha tribo sabe quando estou triste, feliz, não estou querendo muito fazer uma coisa. Eles sabem da gente”, observou. Quem quer anunciar, precisa procurar o nicho que fala com a sua marca.
A importância da cocriação foi abordada também por Baiano. Ele lembrou que ainda há muito influenciador que não consegue exigir isso das marcas. São as empresas e as agências que precisam refletir e mudar. Baiano acredita que, quando todos tiverem essa visão, além do streamer levar as mensagens, as comunidades deles passam a ser um veículo, podendo gerar uma audiência gigantesca.
Diversidade
Maah Lopez trouxe para a conversa o tema diversidade, identificando-se como alguém fora do que as marcas veem como padrão: mulher, negra, LGBTQIA+ e até pela sua religião. Ela contou que pediu a uma amiga para indicar uma apresentadora ou comentarista preta no cenário gamer, para se inspirar. Não havia. “Então decidi que assumiria essa responsabilidade de me tornar aquilo que falta no mercado”. E questionou aos debatedores o que eles, que fazem a diferença no cenário gamer, podem fazer pela diversidade.
Tomás respondeu que a equipe do Gaules é diversa, mas admitiu que essa é uma questão em que o mercado precisa melhorar. E fez um spoiler, revelando que será lançada, em breve, a maior campanha já feita pelo streamer, contemplando a representatividade.
Em pleno 2022, teremos pela primeira vez uma mulher no time de apresentadores da Copa do Mundo de futebol na emissora oficial no Brasil, comentou Cherrygumms. O ponto é um exemplo de como ainda há muito a evoluir. “No cenário de games é a mesma coisa”, disse. Ainda que o público gamer seja majoritariamente negro e cerca de 50% feminino.
“A gente fala muito sobre transformação, mas ela só acontece se a gente faz a diferença. Eu emprego mais mulheres porque eu quero. É papel de empresas contratar minorias”, defendeu a empresária.
Para Baiano, a Valorant (da Riot Games) está tomando a frente em relação à diversidade, ainda que esteja longe do ideal. É o começo de uma mudança que acontece quando se tem coragem para fazer a diferença, declarou.
O time de mulheres montado por Gaules para suas transmissões na Twitch é um exemplo bem-sucedido, acrescentou Tomás. A aceitação foi muito boa e a comunidade realmente abraçou a ideia, apesar de algumas exceções. “Rolou no chat um pouco de hate e machismo. Foi na hora cortado e o pessoal foi banido”, pontuou.
Essa colocação fez Cherrygumms se lembrar que a maior transmissão de um campeonato feminino aconteceu graças a uma iniciativa de Gaules. Ela contou que ele decidiu streamar uma final e isso mostrou para o mundo que existe campeonato de mulheres.
Maah fechou o painel ressaltando que é preciso que as pessoas estejam dispostas a fazer a diferença, mesmo que caminhando a passos lentos.
Carol Massaro
Confira a programação do Festival aqui.
Leia todas sobre o Festival do Clube aqui.
Serviço:
10º Festival do Clube de Criação
Patrocínio master (ordem alfabética): Globo, Google, Santeria e Tik Tok.
Patrocínio/apoio (ordem alfabética): Africa, Alice Filmes, Apro + Som, Barry Company, Broders, Cerveja Avós, Draftline, Clube da Voz, Grupo de Atendimento e Negócios, Jamute, KraftHeinz. Landscape, Modernista, Mugshot, MyMama, Nescafé Dolce Gusto ,Not So Impossible, O2, Paranoid, Piloto, Publicis, S de Samba, Sentimental Filme, Shutterstock, TBWA Media Arts Lab, Untitled, Uol, Vetor Zero, WMcCann e Zohar.
Dúvidas ou desejo de se associar? clubedecriacao@clubedecriacao.com.br ou Whatsapp do Clube: 11 - 93704-2881
Facebook Clube de Criação
@CCSPOficial no Twitter
@ClubedeCriacao no Insta
#festidaldoclubedecriacao