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‘A arte é um terreno em disputa’
Um museu com conexões nada óbvias com a política, economia e a imagem de todo um subcontinente. Esse foi o tema da palestra “Arte latino-americana no MoMA (NY): uma perspectiva histórica das exposições”, que aconteceu na 10ª edição do Festival do Clube de Criação. A apresentação foi do professor Eustáquio Ornelas Cota Júnior, historiador e pesquisador nas áreas de História da Arte, História das Américas e História Contemporânea da USP.
Hoje, o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, é um dos principais e mais renomados polos culturais do mundo. Nem sempre foi assim. “Em 1929, na fundação do museu, esse polo era Paris, na França”, lembra Cota Jr., que é autor do livro “A Formação da Coleção Latino-Americana do MoMA: arte, cultura e política (1931-1943)”. “Mas o museu desde o começo quis ser diferente, moderno”, completou.
A Segunda Guerra Mundial, de acordo com o historiador, teve um papel significativo na mudança do olhar para a América Latina, que se tornava cada vez mais relevante para os Estados Unidos. “Não bastava os EUA se aproximar das nações latino-americanas pelo viés político e econômico. A cultura também era muito importante, o famoso soft power”, afirmou o professor, que declarou ao Clubeonline que “as atividades em torno da arte estão longe de ser um campo neutro” (leia aqui).
Alfred Hamilton Barr Jr., primeiro diretor do MoMA e responsável por grandes inovações da época, disse em 1943: “Graças à Segunda Guerra Mundial e a certos homens de boa vontade em todo nosso hemisfério ocidental, estamos abandonando a cegueira cultural que tem mantido os olhos de todas as repúblicas americanas fixos na Europa, com apenas uma olhadela entre ‘nós’, no último século e meio”.
Os “homens de boa vontade” a que Barr Jr. se refere são os patronos, como Nelson Rockfeller e Betsy Whitney, que, ao adquirirem obras e formar coleções de artistas latino-americanos, aumentavam sua proeminência. “Para um museu, é muito interessante que um artista se consagre, porque ele tende a valorizar a sua obra e seu acervo”, contou Eustáquio.
Em 1943, o MoMA estreou sua primeira exposição de artistas latino-americanos com a “Coleção Latinoamericana do Museu de Arte Moderna”. Majoritariamente representada por artistas mexicanos, brasileiros e argentinos, ela refletia os interesses geopolíticos da época. Frida Kahlo, hoje uma das mais conhecidas e bem avaliadas artistas, ainda era apenas a mulher do grande panelista Diogo Rivera.
“Para mim, foi muito importante descobrir qual Brasil contido nessa primeira exposição. E era o Brasil de Cândido Portinari”, afirmou o pesquisador. E os modernistas, tão importantes no cenário nacional daquele período? Não apareciam. “Indicativo de que os modernos se consolidam muito a posteriori. Uma coisa é o movimento artístico. Outra coisa é o impacto que isso vai ter historicamente.”
Em 1967, uma segunda exposição, "Arte Latino-americana 1931-1966", trouxe artistas abstratos, surrealistas e geométricos como Wilfredo Lam, Roberto Matta e Rufino Tamayo, para se contrapor à arte realista e politizada da exposição anterior. Eustáquio destacou: “Quando a gente vai para o museu e vê a obra, a gente muitas vezes não percebe que há toda uma cadeia de criadores, de pensantes, tentando dar destaque a esse ou outro artista”.
A maior exposição em quantidade de obras expostas, a “Artistas Latino-americanos do Século Vinte”, aconteceu em 1993 e foi encarada como a grande exposição do tema. Naquele ano, Frida Kahlo e Tarsila do Amaral foram grandes estrelas. Uma mudança importante, de acordo com o Eustáquio, foi que “o curador chamou especialistas latino-americanos para ajudar a compor essa exposição, que é pensada de maneira mais horizontal.”
Eustáquio concluiu a palestra refletindo sobre identidade, arte e política. “A arte é um terreno em disputa. A arte não é dada.” Ele fez um chamado aos presentes: “Penso que na América Latina os criadores precisam ser muitos mais que antenas capazes de captar as questões do seu tempo. Precisamos ser um pouco pássaros: com um canto que é capaz de encantar e alertar dos perigos existentes e das desigualdades e dos silenciamentos”.
Maíra Carvalho
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Serviço:
10º Festival do Clube de Criação
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