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Festival do Clube 2022

Produtoras e pós-pandemia: o que passou e o que veio para ficar

28.10.22

Não foram poucos os negócios que quebraram durante a pandemia. O setor das produtoras de audiovisual foi um dos mais atingidos. Impossibilitadas de filmar presencialmente, elas tiveram que inventar maneiras de continuar trabalhando para não fecharem as portas, desempregando centenas de profissionais. Quem sobreviveu tem história para contar.

A saída criativa da captação remota era um desespero nosso para obter receita para honrar os compromissos com os empregados. Fomos colocados à prova como indústria e nos provamos capazes, saímos fortalecidos. Somos um bando de resistentes que conseguiram sair vivos”, afirmou Wal Tamagno, produtor e cofundador da Alice, que mediou o painel “O cenário pós-pandêmico e as produtoras de imagem”.

O que “salvou a pátria”, além da captação remota de imagens – com câmeras e equipamentos sendo enviados à casa dos artistas para filmagem – foi o Protocolo de Segurança e Saúde no Trabalho Audiovisual, construído pelas produtoras, em conjunto com a Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais), em junho de 2020, leia aqui.

O protocolo estabelecia a realização de reuniões, consultoria e orientações técnicas apenas via videoconferência, gravação na casa do elenco, higienização dos equipamentos de filmagem, adaptação dos roteiros aos limites fixados pelas autoridades de saúde e deslocamento do mínimo de equipe, entre outras medidas.

Mas um ponto do protocolo foi foco de atenção entre os participantes da mesa: a diária máxima de 12 horas. “A carga horária de 12 horas abre uma nova cultura de trabalho, na qual a gente trabalha mais a organização e com mais resultado. Devíamos estender as 12 horas para o período pós-pandêmico, para o bem das pessoas”, defendeu Daniel Soro, sócio e diretor de cena da Piloto.

Outra consequência provocada pelas medidas de isolamento social foi o surgimento das chamadas produtoras virtuais – sem sede, com todo mundo trabalhando remotamente. Foi uma solução de ocasião, mas que parece ter vindo para ficar.

A Santeria poderia se chamar Pandemia. Como ela, outras produtoras virtuais surgiram, houve uma efervescência no mercado”, lembrou o sócio fundador, Felipe Luchi. “Houve momentos em que absolutamente tudo era remoto e havia muito temor nos sets de filmagem. Começamos a nos reunir mais vezes agora”, contou.

Segundo Luchi, o cenário pós-pandêmico ainda está em formação, por isso há um certo grau de incerteza. Mas a aposta é que o modelo não vai desaparecer. “Fico feliz de estar ajudando a construir o cenário pós-pandemia com produtoras que são ‘filhas da pandemia’ e com as que seguraram uma barra muito pesada – e sobreviveram”, disse Luchi.

Custos reduzidos, oportunidades ampliadas

O outro lado da moeda é que parte das agências e dos anunciantes gostou tanto da redução de custos que a virtualização proporcionou que quer manter os orçamentos enxutos mesmo passada a emergência. “A pandemia trouxe redução de verba. Parecia que dava para fazer com muito pouco, mas porque era algo fora da curva. Temos um mercado muito profissionalizado e precisamos retomar as atividades”, pontuou Mayra Auad, CEO da MyMama Entertainment.

Cheguei a ouvir pessoas dizerem que queriam fazer remoto para pagar o mesmo que pagavam na pandemia. Temos o compromisso de retornar com as equipes técnicas. As pessoas precisam dos seus empregos. Provou-se que funciona em 12 horas (de diária), mas precisamos lutar por isso. Temos que educar as agências e os anunciantes para retomar os modelos de produção de antes da pandemia”, acrescentou Marcos Araújo, sócio e diretor executivo da Sentimental.

Outra consequência da virtualização do trabalho – positiva – foi o ganho de tempo e agilidade nos processos, especialmente na pós-produção. O diretor de cena da Zohar Mateus Araújo (da dupla Tomat) disse que nem se lembrava da última vez que tinha se reunido com um editor presencialmente para editar um filme.

As tecnologias de comunicação evoluíram muito nesses dois anos. Na minha pós-produtora o modelo é híbrido, vai quem quer. O artista fica em casa e usa a estrutura remotamente, do laptop dele. Isso já existia, mas essas empresas receberam grandes investimentos e fizeram acontecer”, argumentou, ao destacar que a virtualização permitiu ainda o trabalho com profissionais de diversas partes do mundo – no caso dele, com gente da Rússia, da Índia e da Argentina, entre outros países.

Para Mayra, a parte ruim é o excesso de tempo em frente a telas, capaz de prejudicar a saúde mental. “Muitas vezes, eu não aguentava mais ficar olhando para aquele computador. Precisamos pensar nisso e unir todo mundo no mesmo propósito e de forma saudável. A qualidade de vida é mais importante que o trabalho. É uma reflexão que está todo mundo fazendo, mas ainda não temos resposta”, reconheceu.

Eliane Pereira

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10º Festival do Clube de Criação

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