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Festival do Clube 2022

Sextechs: trazer o prazer feminino para a conversa

01.11.22

Por mais conquistas que o feminismo tenha garantido nos últimos 120 anos (contando a partir dos primeiros movimentos de luta pelo direito ao voto), a sexualidade das mulheres sempre ficou em segundo plano. Mas uma nova mentalidade vem ganhando espaço na sociedade, graças, em boa parte, ao trabalho de empreendedoras que têm a coragem de tomar atitudes concretas em favor do prazer feminino.

A sexualidade, historicamente, é contada do ponto de vista do homem. É uma sexualidade falocêntrica, heteronormativa e machista. Vamos reescrever a história e trazer o prazer feminino para a conversa”, afirmou a ginecologista e genital influencer Marcela Mc Gowan, uma das participantes do painel “Eros X Thanatos: sexualidade feminina sem tabus, com leveza e bom humor”.

Trazer a sexualidade feminina para o primeiro plano foi o que motivou Mariah Prado a fundar a comunidade Share Your Sex, ainda em 2015. “Nos deparamos com muitos relatos de mulheres que nunca tinham sentido prazer na relação sexual. A diferença em relação aos homens é gritante”, contou Mariah.

O Share Your Sex começou como um grupo no Facebook, mas, por causa das políticas estritas da rede social sobre “conteúdos sensíveis”, Mariah resolveu investir em um aplicativo próprio (gratuito), o primeiro do Brasil com foco na sexualidade feminina, oferecendo serviços como grupos de conversa, áudios eróticos e meditações guiadas.

No ano passado, a iniciativa virou uma sextech e lançou seu primeiro produto de sucesso, o “Manual Definitivo do Sexo Oral”. Sintomaticamente, os primeiros capítulos não são exatamente sobre sexo, mas sobre comunicação, saúde mental, autoestima e autoconhecimento. “Não dá para comunicar o que se quer, se a pessoa não conhece o próprio corpo nem sabe do que ela gosta”, comentou Mariah.

A ascensão das sextechs

Assim como o Share Your Sex, o Siriricas começou como um coletivo formado por oito mulheres pretas que sentiam ser necessário discutir questões relativas a sexo, saúde e bem-estar. “O que a gente não queria era cair no lugar comum de mulheres sexualizadas”, explicou Amanda Porto, mediadora do painel e community manager do Siriricas, que hoje conta com milhares de seguidores nas redes sociais.

Como "influenciadora", Marcel McGowan também tem sua comunidade de seguidores, mas ela não parou por aí: abriu sua própria sextech, a Ludix. Além de produtos pensados para o prazer sexual das mulheres, o site fornece informações através de textos, vídeos, cursos e outras formas de divulgação de conteúdo relevante para o seu público.

Nossa produção de conteúdo tem muito cuidado com a linguagem, com os personagens. É mais sobre autoconhecimento e prazer. Porque ainda falta muito falar sobre sexualidade com foco nos corpos com vulva”, disse Marcela.

Já a Pantynova surgiu da percepção da artista plástica Heloísa Etelvina e da designer de moda Izabela Starling de que havia um nicho de mercado não atendido, o de produtos para intimidade e prazer voltados para mulheres. Pesquisas confirmaram que havia espaço para esse tipo de negócio e a dupla lançou a Pantynova em 2016.

Entendemos que ainda há um mercado desassistido. Nas farmácias, tem produtos para homens, mas quase nada para mulheres. Estamos tentando entrar com alguns itens nesse canal de vendas. O mercado é muito grande e há muitas frentes por abrir”, apontou Heloísa.

Cabem muito mais players nesse setor. Quanto mais marcas e mais pessoas nesse mercado, melhor”, completou Mariah.

Eliane Pereira

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Serviço:

10º Festival do Clube de Criação

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