Festival do Clube 2023

Um painel com artistas urbanos da periferia cujas obras já ganharam destaque na mídia ou em premiações está entre as atrações da edição 2023 do Festival do Clube de Criação, que acontece neste final de semana, no Memorial da América Latina. Grafites, pinturas, cultura hip hop e questões sociais que rondam as quebradas do Brasil estão entre os conceitos que se misturam e viram trabalhos apreciados nas ruas ou em galerias. Cada vez mais apreciados, diga-se – inclusive por marcas.

“Acho que há um boom muito grande em relação às artes periféricas”, diz Amora Moreira, que se define como sampleadora visual. Artista nascida no Rio de Janeiro, ela se apropria “de todo tipo de material que consome e vivencia”, com o objetivo de estudar uma forma de transformá-lo em algo novo. Isso sem deixar de reverenciar sua origem, preservando a memória.

As obras de Amora apresentam uma mistura de técnicas e materiais. Ela utiliza frequentemente a colagem como união para a fotografia, a ilustração, a animação e o vídeo. A sampleadora visual se envolveu com o grafite em 2016 e hoje seu trabalho é, em grande parte, com o digital.

Amora realizou seu primeiro mural em 2019 a convite do Montana Grand Prix. No ano seguinte foi convidada a participar do Rua Walls, produzindo seu segundo e maior mural. Ela também atua como ilustradora, colagista, designer e animadora, tendo realizado trabalhos para empresas como Google, Cartoon Network, Sony Music e Companhia das Letras. E é integrante do coletivo PPKREW.

A sampleadora visual estará no painel “Arte Urbana e Periférica: medindo a pulsação das cidades”, que acontece neste sábado, às 16h30, na sala da Criatividade, junto da multiartista Soberana Ziza; de Rodrigo Dias, o Gamão Raxa Kuka, presidente e um dos fundadores do coletivo Raxa Kuka; e do artista multimídia Toni Baptiste, do coletivo Coletores, de arte e intervenção urbana. A mesa terá a moderação da arquiteta urbanista, cenógrafa e artista visual Thaise Machado, que é gestora de projetos como Negra Ativa, que organiza eventos como Festival Porongos, focado na cultura negra do sul do Brasil.

Soberana Ziza, como é conhecida a artista paulistana Regina Elias, atua desde 2006 expondo seus trabalhos em intervenções urbanas e galerias em uma pesquisa estética sobre negritude e feminino com uma abordagem afrofuturista.

Mais recentemente, ela tem se dedicado a investigar o apagamento negro na cidade de São Paulo, “ocupando e reivindicando as nossas histórias tendo a figura da mulher como condutora dessa nova história”, explica.

Ziza absorve os significados e as histórias milenares para transmitir suas percepções por meio de estampas e padronagens presentes nos tecidos africanos, inserindo esses saberes em murais de arte urbana. Ela define seu trabalho como união entre ancestralidade e arte contemporânea, na busca pelos caminhos trilhados por seus ancestrais. Desse modo, procura representar a atuação do povo negro em diferentes setores como nas artes, na engenharia e medicina.

Indicada e vencedora em premiações, Ziza tem um de seus trabalhos reconhecidos no 46º Anuário do Clube de Criação. Em sua segunda edição, a campanha “HerShe”, da BETC Havas para a Hershey’s, transformou as embalagens do chocolate em uma plataforma de exposição do trabalho artístico de oito mulheres, entre elas Ziza. As peças conquistaram Prata como direção de arte.

Também de São Paulo, o grafiteiro, líder comunitário e microempresário Rodrigo Souza Dias criou o coletivo Raxa Kuka em 2011 para promover a cultura hip hop nas comunidades e para gerar projetos de educação e impacto social tendo como carro-chefe o grafite, arte que conheceu ainda criança. Uma de suas iniciativas mais famosas é o Grafite contra Enchente, em que diversos artistas convocados por Gamão fizeram intervenções urbanas para chamar atenção para as inundações recorrentes provocadas pelo córrego Pirajussara, na região de Taboão da Serra.

Além de artista multimídia, Toni Baptiste é mestre em Ciência da Informação pela ECA-USP, professor e rapper. Ele está à frente do Coletivo Coletores, formado em 2008 na Zona Leste de São Paulo, na região de Itaquera, junto com outro artista (e também pesquisador), Flávio Camargo. A proposta da dupla é repensar a cidade e trazer novos significados para o espaço urbano por meio de intervenções artísticas, o que inclui design social, tecnologia, games, arte interativa e vídeo projeção mapeada.

Com o Coletivo Coletores, Toni conquistou um troféu pelo Prêmio Artistas de Impacto 2023 e também os prêmios PIPA 2022 e ProaC Trajetória Artes Visuais. Ele participou de diferentes eventos, projetos e exposições em lugares como Instituto Moreira Salles, MIS, MAM-SP, Itaú Cultural, Museu das Favelas e Museu da Língua Portuguesa, bem como bienais internacionais. Foram desenvolvidas variadas ações sociais em periferias e comunidades dentro e fora do Brasil. E ainda foram realizadas intervenções apoiadas por empresas como SPFW e Lollapalooza.

Venha conferir de perto o talento e as visões desses artistas.

Veja a programação do Festival do Clube 2023.

Serviço:

11º Festival do Clube de Criação

Patrocinadora premium: JCDecaux.

Patrocínio master (ordem alfabética): Globo, Google e Santeria.

Patrocínio/apoio (ordem alfabética): Adludio, Ama, Antfood, Apro+Som, At Five Gin, Barry Company, Broders, Canal Market, Canja Audio, Cervejas Avós, Cine, Droga5, Halley Sound, Kraft Heinz, Lucha Libre Áudio, Memorial da América Latina, Monkey-land, Mr Pink Music, Mugshot, My Mama, Nós - Inteligência e Inovação Social, O2 Filmes, Paranoid, Piloto TV, Publicis Groupe, Spotify, Surreal Hotel Arts, Tribbo, Unblock Coffee, UOL, Vati, Warriors VFX e WMcCann.

Ingressos estão à venda na plataforma da Sympla (aqui). Garanta o seu.

Dúvidas ou desejo de se associar? clubedecriacao@clubedecriacao.com.br ou Whatsapp do Clube: 11 - 93704-2881

Abertura dos portões e do credenciamento: 8h

Endereço Memorial: Av. Mário de Andrade, 664 - Barra Funda

Acesso pelo Metrô Barra Funda

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